O órgão e o saxofone

Sabe de onde vem a palavra digital? Vem do latim digitus, que em bom português é dedo, desses que você tem 5 em cada mão. Antes da palavrinha cair na boca do povo, era tudo analógico, o que quer dizer que as ondas elétricas que mostravam a variação da grandeza no tempo eram análogas à natureza do negócio a ser medido.

O olho da mente

Oliver Sacks é um dos neurologistas mais famosos do mundo. Em parte devido ao seu brilhantismo acadêmico; em parte pelo seu talento em explicar coisas complicadas para pessoas comuns. Oliver escreveu vários livros contando e explicando casos muito interessantes sobre como a cabeça da gente funciona.

“The Mind’s Eye” é a mais nova cria desse senhor incansável. Aqui ele fala sobre como nossos olhos conversam com nosso cérebro e o que acontece quando uma das partes não está funcionando como deveria.

O que o cachorro viu

“What the dog saw”é o mais novo livro do Malcom Gladwell (já falei do moço aqui) e reúne suas melhores colunas no jornal The New Yorker, onde escreve desde 1996.

O livro é dividido em três partes: a primeira fala de pioneiros, obsessivos e outras variedades de gênios menores e é o conjunto de textos que mais gostei. Ele relata histórias de pessoas comuns, porém, bem-sucedidas no que fazem, e tenta entender o que passa pela cabeça delas no processo de tomada de decisão.

Fahrenheit 451

No final da adolescência, nos anos 1980, lembro que fiquei muito impressionada com as obras chamadas distópicas (o termo foi cunhado em oposição a utopia, que quer dizer literalmente não-lugar, ou um mundo idealizado, tão perfeito que não existe). Na distopia, os mundos criados também não existem, mas ao contrário de maravilhosos, eles são versões variadas de infernos totalitaristas.

Pois depois de tanto tempo me caiu nas mãos uma outra obra distópica da mesma época que ainda não tinha lido: Fahrenheit 451 (Ray Bradbury). Já tinha ouvido falar e até conhecia a história, mas acabei deixando pra lá e esquecendo.

Fiquei atraída novamente pelo tema quando vim a Berlin em 2010 só para visitar (nem sonhava em morar aqui ainda) e pude conhecer o memorial do artista judeu Micha Ullman na Bebel Platz. Eu já explico o que uma coisa tem a ver com a outra. É que foi nessa praça, em frente à Universidade Humboldt, que em 10 de março de 1933, os nazistas promoveram uma fogueira enorme para queimar mais de 20 mil livros que contradiziam o regime. Na minha infinita ignorância, achava que esse tipo de coisa só tinha acontecido na idade média, muito apropriadamente denominada Idade das Trevas. E não vou enganar ninguém, fiquei bem chocada ao saber de um ato desses em pleno século XX.

Tia sem filhos

Hoje faz uma semana que a querida Fernanda Bornhausen Sá, fundadora do Portal Voluntários Online e uma das principais referências de voluntariado no Brasil (eita orgulho!) me convidou para postar uma história ou experiência sobre algum trabalho voluntário que faço; a ideia era fazer parte de blogagem coletiva em homenagem ao Dia Mundial do Voluntariado.

E por falar em kitsch…

Está chegando o natal e, mais uma vez, o que se vê por todo o lado é uma overdose de kitsch.

Beleza, mas o que vem a ser esse tal de kitsch mesmo?

Vamos lá: alguns livros sugerem que a palavra kitsch nasceu, vejam só, em Munique, Alemanha, para designar trabalhos artísticos apressados e mal feitos, próprios da cultura de massa. Outras fontes, porém, defendem que o termo veio da Áustria, onde as pessoas (as chiques, é claro) usavam-no como uma gíria para designar objetos de mau gosto. O fato é que a expressão data da revolução industrial, entre os séculos XIX e XX, onde os bens de consumo começaram a ser fabricados em escala industrial (e, obviamente, mal feitos, a julgar pela tecnologia disponível naquele tempo).

É que foi somente nessa época que plebeus puderam ter acesso a coisinhas que antes só os nobres e burgueses ricos podiam colecionar. É claro que a qualidade e o acabamento dos mimos eram discutíveis, mas, para quem antes não tinha nada, foi uma festa. Data daí o início do consumismo desenfreado, um furor que culminou no que hoje se observa em lojinhas de R$ 1,99 (não, por acaso, verdadeiros templos do kitsch).

A viagem de cada um

Estava sentada ainda há pouco num avião, ao lado de duas senhoras muito excitadas. Aparentemente tinham sido vizinhas, estavam há tempos sem se ver e havia muita conversa para colocar em dia. Uma tinha ido visitar a filha em Maceió e a outra voltava de um tour pela Europa.

Não pude deixar de ouvir (e achar engraçado) quando a turista declarou que dessa vez tinha feito Itália, Alemanha e Grécia. Sempre achei bizarra essa expressão. O que poderia significar “fazer” um lugar?

O DNA da maçã

Sei que a morte do Steve Jobs já saturou os meios de comunicação e não se fala em outra coisa. Mas também tenho recebido vários e-mails questionando sobre a identidade corporativa da Apple (se ela sobrevive sem seu grande mentor).

Olha, eu acredito que sobrevive sim, e bem. Até porque a Apple é uma empresa, não uma EUpresa. Steve já fez muita falta da outra vez que saiu e, nessa segunda etapa, teve a consciência da importância de deixar sua menina dos olhos bem preparada para sua eventual falta. E vamos combinar que uma organização que pode contar com um Johnathas Ive e um Tim Cook na folha de pagamento tem tudo para não deixar que os viciados na maçã (como eu) não morram de inanição; pelo menos estou contando com isso.

A imagem mostra um grafite que representa o tronco de uma mulher escalando uma parede. Ela está de lado.

10 mil horas

É praticamente consenso em toda a bibliografia que competência é a combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes para conseguir o resultado que se deseja. Sempre foquei muito na atitude e já explorei bastante o tema. Mas, pelo teor dos e-mails que venho recebendo ultimamente de estudantes e profissionais pedindo conselhos diversos, parece que está mais que na hora de tratar dos outros dois itens do tripé.