A mão esquerda da escuridão

Olha, confesso que o título desse livro me atraiu zero. Só comprei porque li (não me lembro mais onde) que a Ursula K. Le Guin era uma das maiores escritoras de ficção científica EVER e fiquei pensando: como assim? É bem verdade que não sou especialista, mas adoro esse gênero e nunca tinha ouvido falar da diva!

Eis que fui procurar e achei essa edição de 50o aniversário do livro “The left hand of darkness” (tradução livre: “A mão esquerda da escuridão”), publicado em 1969.

Olha, primeiro preciso dizer que não foi um livro fácil de ler. A linguagem não é muito simples, os nomes das pessoas são compostos e inusitados, o universo é de fantasia e as emoções e sentimentos são tão complexos que a autora inventa um vocabulário todo próprio para traduzi-los (eu, bobinha, lendo em inglês e achando algumas palavras que não conhecia, fui procurar no dicionário só para saber que elas foram inventadas só para essa história). 

Então, se você gosta de histórias tipo “O senhor dos anéis” ou “Game of thrones”, vai que é a sua praia. Eu prefiro uma linguagem mais direta… mas vamos à história.

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Mil cérebros

Finalmente chegou a vez de “A thousand brains: a new theory of intelligence” (tradução livre: “Mil cérebros: uma nova teoria da inteligência”), de Jeff Hawkins. Só vi elogios e recomendações desde que foi lançado, em 2021, mas só agora tive a oportunidade de ler a obra.

E que livro mais extraordinário!

Ele começa falando que as células são muito simples; elas não podem ler, pensar ou fazer muita coisa. Mas se a gente reunir um número suficiente para fazer um cérebro, elas não somente podem ler livros, como também escrevê-los. Elas podem projetar prédios, inventar tecnologias e decifrar mistérios do universo. Como um cérebro formado por células tão simples pode fazer tudo isso é um mistério que sempre intrigou o autor (não é para menos; a coisa é realmente incrível).

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Aulas de química

Eu já tinha visto elogios para “Lessons in Chemistry” (tradução livre: “Aulas de Química”), de Bonnie Garmus, mas não dei muita bola, pois parecia ser um romance de sessão da tarde e não é exatamente o meu gênero predileto. 

Porém… encontrei o danado num sebo dando sopa por €2,50. Como resistir?

Olha, melhor investimento. Realmente, é uma história de sessão da tarde mesmo, mas eu amei cada página!

Sabendo no que se está entrando, não tem decepção: sim, os personagens são um pouco estereotipados — no primeiro diálogo você já identifica quem é vilão e quem é mocinho, sendo que os vilões são caprichados mesmo, do tipo que escorre veneno pelo canto da boca…rsrs.  Já a banda boa da história, além de ser maravilhosa, é inteligentíssima (incluindo até um cachorro intelectual…rs). Mas enfim, vamos à história.

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Nós vamos te receitar um gato

Olha, eu vi o livro “We’ll prescribe you a cat”, de Syou Ishida, em praticamente todas as listas de melhores livros de 2024. Então não queria ficar de fora, ainda mais sendo gateira. Pelo título, eu já imaginava uma novelinha água-com-açúcar, então fui sabendo. Li, concordei com os termos e mergulhei.

Na verdade são várias histórias com um ponto em comum: uma clínica misteriosa, onde trabalham somente um médico (ou pelo menos parece) e uma enfermeira. A história se passa em Kyoto e a autora é claramente uma fã de Haruki Murakami, dado o mistério do local onde fica a clínica, que não é visível a todos, tem uma história trágica e fama de mal assombrada.

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O homem ficcional

Eu não me lembro como The Fictional Man, de Al Ewing, veio parar na minha mão, mas acho que tem a ver com a capa (achei belíssima) e com o plot intrigante.

Ainda não consegui formar uma opinião se gostei ou não, mas não é um livro para se ficar indiferente. 

Vamos lá! O livro foi publicado em 2013 e a história se passa naquela época, porém, numa realidade alternativa.

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A palavra que resta

Vi “A palavra que resta”, de Stênio Gardel, sendo recomendado por muita gente e sempre só elogios. Então, quando minha sobrinha disse que vinha me visitar, coloquei na minha lista de compras e fiz a pobre carregar uma pilha de livros na mala!

Os elogios não são de graça não. Todos merecidíssimos. O autor é especialista em escrita literária e esse romance foi escrito durante um curso que ele fez com a maravilhosa Socorro Acioli (tenho resenhados aqui os maravilhosos Oração para Desaparecer e Cabeça de Santo). 

Impressionante o tanto de novos talentos na literatura que a gente nem consegue dar conta de ficar sabendo.

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A criada

Eu já tinha visto recomendações para os livros da Freida McFadden, especialmente o chamado “A empregada” (em português). Pois fui no meu querido amigo Henrique Rocha cortar o cabelo e fiquei xeretando a estante de livros dele e não é que achei a versão em português de Portugal? Ele mora uma parte do ano lá e disse que ganhou de uma amiga; leu e gostou. O nome do livro lá ficou “A criada” e é claro que imediatamente pedi emprestado.

Primeiro preciso dizer que quando eu leio algo escrito (ou no caso, traduzido) em português lusitano, é como se eu estivesse ouvindo um lisboeta falando; é muito fofinho!

Mas vamos à história!

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Último dia no Lobster

Eu realmente não consigo me lembrar onde eu vi uma forte recomendação para ler “Last night at the Lobster” (Tradução livre: “Última noite no Lobster”, onde Lobster é lagosta, mas nesse caso é o nome do restaurante), de Stewart O’nan.

Agora, pesquisando um pouco, me lembrei. É que o livro está virando um filme independente dirigido por Wagner Moura (maravilhoso sempre) e conta com algumas estrelas hollywoodianas (a produção é americana e o filme é em inglês). Pelo que li, ele ainda está em fase de produção, mas tenho certeza que o resultado vai ser ótimo, como tudo o que esse moço faz.

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África não é um país

Eu me lembro de ter visto a capa desse livro em vários lugares e ter ouvido recomendações de amigas, mas não me lembro de nada específico sobre ele. Então, quando a Amazon me sugeriu, logo aceitei. Afinal, como recusar um livro com um nome tão provocativo? 

Africa is not a country: breaking stereotypes of modern Africa” (tradução livre: “África não é um país: quebrando estereótipos da África moderna”), de Dipo Faloyin, deveria ser mesmo parte do currículo de todas as escolas, como diz um comentário na capa.

Aliás, eu me perguntei muitas vezes ao longo da leitura porque a gente não estuda absolutamente nada sobre a África na escola, com exceção de alguma coisa sobre o Egito. E quando ela aparece, é mesmo como se fosse um país só, povoado com animais selvagens e crianças famintas.

Apesar de já desconfiar da resposta, aqui ela está desenhada para que até uma galinha com deficiência cognitiva conseguir entender. Tão óbvio que chega a doer. Mas vamos lá!

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