O congresso futurológico

Uma das coisas que me deixa mais encantada é sobre quão infinito é o mundo dos livros que a gente ainda não conhece; mesmo que o livro em questão seja muito antigo. É o caso do “The futurological congress”, de Stanislaw Lem, um polonês que foi um dos mais influentes escritores de ficção científica desde H.G. Wells. 

Lem é autor do clássico Solaris (que também não li). O Conrado me contou a história; ela é, de fato, genial, mas sua complexidade explica o fracasso na tentativa de fazer um filme razoável (também não vi o filme, mas todo mundo fala mal…rs).

O que posso dizer? Nossa, que sátira mais incrível! Como eu não tinha lido isso antes?

A história começa com um astronauta (Ijon Tichy) voltando à Terra para participar de um Congresso de Futurologia (seria o que hoje chamaríamos Futurismo) na Costa Rica, na cidade de Nounas (desconfio que seja uma cidade fictícia, pois não achei no mapa). O local foi escolhido por ser um dos mais representativos do problema que será tratado no evento: a superpopulação no planeta Terra.

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Como falar com robôs

Impossível ver esse livro numa livraria e não levá-lo; “How to Talk to Robots: A Girls’ Guide to a Future Dominated by AI” (tradução livre: “Como falar com robôs: um guia para garotas para um futuro dominado pela Inteligência Artificial”), de Tabitha Goldstaub.

A autora jogou videogames compulsivamente com seu irmão durante toda a infância. Sua mãe era editora de uma revista de moda e seu pai, representante de tecidos. Apesar de fascinada por computadores, acabou virando publicitária. Na universidade sempre procurou disciplinas relacionadas à computação, mas por causa de sua dislexia, acabou desistindo da programação.

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Torto arado

Já tinha ouvido falar em Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, em vários lugares. A obra ganhou prêmios e o autor, geógrafo do INCRA e doutor pela UFBA em estudos étnicos e africanos, tornou-se uma celebridade no mundo literário. É que ele conseguiu o feito de ter vendido mais de 100 mil exemplares em um livro de ficção; coisa raríssima em terras brasileiras.

Estava namorando de longe, mas na minha rápida visita ao Brasil, em outubro, só passei por livrarias de aeroportos. Lá só tinha auto-ajuda ensinando como ficar rico rápido e alguns livros técnicos traduzidos. Literatura brasileira, não achei (nem mesmo o último do Chico Buarque). 

Enfim. Foi quando participei do Brempex (Encontro das Brasileiras Empreendedoras no Exterior) em Hamburgo, no mês de novembro, e lá encontrei a Valeria Jansen, do Clube do Livro de Münster. A moça traz livros brasileiros para cá e, na mesa de exposição, encontrei essa joia. 

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A Bauhaus vista de dentro

Nossa, só posso dizer que queria muito ter lido esse livro há alguns meses, quando ainda estava preparando um curso de história do design para a PUC/RS. Mas “The hiding game” (Tradução livre “O jogo de esconde-esconde“), de Naomi Wood, publicado em 2019, só caiu nas minhas mãos agora, e por por coincidência, pois achei-o por acaso num sebo.

O motivo do meu encanto é que o livro é sobre seis estudantes que se conhecem na Bauhaus, ainda em Weimar, em 1922. E a história deles vai se desdobrando junto com a da escola; eles se mudam junto com a instituição para Dessau e depois para Berlim, onde tudo termina. 

Paul, Charlotte, Walter, Jenö, Kaspar e Irmi passeiam pela cidade de Weimar, experimentam as inovações ensinadas na Bauhaus (aulas inteiras do professor Johannes Itten são descritas em detalhes; parece que a gente está lá), percebem a estranheza da população da cidade, extremamente conservadora, enfim, é tudo descrito de uma maneira muito imersiva.

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A Trança

Achei “Der Zopf” (tradução livre: “A trança”) num sebo e não resisti. Primeiro, porque a capa é linda (já expliquei que sou dessas…rs); segundo, porque foi um bestseller aqui na Alemanha. A autora, Laetitia Colombani, é uma atriz e diretora francesa e a história já virou filme (não assisti, pra variar).

A história é uma trança mesmo; são três mulheres morando em três continentes diferentes e com histórias completamente diversas cujas trajetórias acabam se encontrando no final, como uma trança.  

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Quando a arte e a inteligência artificial se juntam

Sabe aquela história de que a inteligência artificial vai substituir os humanos em tudo? Pois não é bem assim; na maioria esmagadora dos casos, a ideia é trabalhar de maneira colaborativa.

Aqui um sensacional exemplo do uso da inteligência artificial na arte. Refik Arnadol é um designer e artista digital turco-americano que mora e trabalha em Los Angeles. Pois ele criou a exposição “Machine Hallucinations: Nature Dreams” especialmente para a König Galerie, na ex-igreja St. Agnes, em Berlim, e acabei de sair de lá. Hipnotizada e bêbada de tanta beleza, confesso. 

Usando imagens de satélites e outros arquivos públicos de ambientes urbanos e da natureza, ele usar algoritmos de machine learning para criar animações multisensoriais baseadas na dinâmica dos fluidos.

O resultado é simplesmente alucinógeno; você não quer mais sair de lá; os olhos ficam grudados nas esculturas digitais dinâmicas. 

E quer saber o melhor? A exposição é totalmente gratuita! É só chegar. 

Se eu fosse você e estivesse em Berlim, não perdia de jeito nenhum. Fica até 17 de dezembro. 

Uma galeria muito especial

Você está em Berlim? Recomendo demais a visita à Friedrichswerderkirche, que foi transformada em um museu de esculturas com o acervo da Alte National Galerie. Foi toda restaurada e reinaugurada há poucos meses e a mostra atual homenageia Karl Friedrich Schinkel, artista, arquiteto e urbanista responsável por várias obras icônicas na cidade como o Altes Museum, o Neue Museum, a Alte Nationalgalerie, o Berliner Dom e essa própria igreja, entre outras.

Quer saber a melhor? A entrada é gratis! Imperdível!