Aula de anatomia. Só que ao contrário.

Olha, não quero estragar o natal de ninguém, mas não consegui esperar passar essa euforia pelo menino Jesus e sua respectiva família para mostrar mais algumas pérolas da arte renascentista que encontrei em alguns museus por aqui.

É claro que não fotografei os quadros mais lindos, pois há livros, sites e blogs que conseguem fazer isso muito melhor do que eu. Mas duvido que eles tenham esse meu olho podre para descobrir obras de arte com fundo trash…rsrsrsr

Então, já que o assunto é a pauta dessa semana em todo lugar, que tal um olhar diferente?

Natal com keks e bolas de verdade

Nossa, a cidade está completamente coalhada de mercadinhos de natal. São feiras bem organizadas e cheias de coisas bonitas e gostosas. O visual é bem kitsch, mas combina perfeitamente com natal (natal é uma coisa kitsch por definição, né?).

O que eu mais gostei foi de descobrir que eles têm mais de 10 tipos de quentão (que aqui se chama Glühwein, que, não por acaso, quer dizer vinho quente). É sempre um vinho, claro (tem branco também) com mais alguma coisa, que pode ser uma fruta, rum ou licor. O clássico é como o nosso, com gengibre e cravo, bem parecido mesmo (delícia!), mas ontem experimentei um com vinho branco e licor de ovos que estava divino. Já andei olhando um com amaretto que também parece tentador; minha meta é experimentar todos antes do natal sem cair na rua e nem virar alcoólatra…eheheh… sério, o negócio esquenta que é uma beleza para esses dias mais geladinhos. De resto, muita salsicha (wurst) e comidinhas com cogumelos e batatas (adoro).

Festival das luzes

Todo ano, no mês de outubro, entre os dias 12 e 23, tem o Festival das Luzes em Berlin. Como volto ao Brasil amanhã (vou ficar um mês trabalhando), peguei só o comecinho, mas vai rolar um monte de coisas até o dia 23, quando acaba.

Durante esse período, vários pontos da cidade (mais de 80), recebem uma iluminação especial e Berlin, já naturalmente bela à noite, fica ainda mais bonita. Tem umas instalações interessantes, como uns bancos de praça fluorescentes que são bem legais. O tema desse ano é “Faces de Berlin” e eles montaram, na Potsdamer Platz, uma máscara gigante de gesso branco, onde foram projetadas várias faces na abertura e ficou show mesmo.

Ele chutou o pau da barraca 95 vezes…

Esse fim de semana teve um passeio da escola para conhecer a cidade de Wittenberg. Na verdade, a cidade se chama Lutherstadt Wittenberg, ou “Wittenberg, cidade de Lutero”.
Apesar de eu não ser nem um pouco ligada em assuntos religiosos, a impotância histórica desse lugar não é pequena não.

Wittenberg tinha um mosteiro onde Lutero estudava e o sujeito ficou muito p* da vida quando viu que a igreja católica aproveitou a invenção da prensa de Gutenberg para vender indulgências (ja falei sobre isso aqui). O negócio fez tanto sucesso que vendia como pão quentinho. Em vez de pecar e depois ter que confessar, fazer penitências e toda essa coisa chata para garantir um lugar no céu, bastava comprar esse papelzinho, que era uma espécie de salvo-conduto. Ou seja, quem era rico podia se esbaldar nas delícias pecaminosas do nosso mundinho recém chegado à era renascentista.

Como Leipzig mudou a história

Nossa, às vezes fico assustada com a minha ignorância sobre história. Ainda bem que o Conrado sabe muito e me explica os lances todos. Lembro que em 1989, quando caiu o muro de Berlin, eu fazia estágio, estava enlouquecida com as provas de eletrônica do último semestre da faculdade e os preparativos da formatura; um perfeito modelo da alienada. Soube que o tal famoso muro tinha caído, mas não ficou nenhum registro além. Agora, pouco a pouco, vou conhecendo os outros capítulos e tendo uma ideia da dimensão do acontecimento.

A gente passou o último final de semana em Leipzig, no coração da Saxônia, e aprendi muita coisa. E me comovi, me emocionei muito, cheguei até a chorar. Visitamos o museu da cidade que conta um pouco da história com fotos, imagens e objetos.

Sobre a Bauhaus

Como hoje é feriado aqui na Alemanha (data da reunificação), aproveitamos o fim de semana para dar uma volta de moto. O destino era Leipzig (breve posts a respeito), mas resolvemos passar em Dessau, que ficava no caminho, para conhecer a primeira escola de design da história, a Bauhaus.

Na verdade, a Staatliches Bauhaus começou em Weimar em 1919 (ainda vou até lá, está na lista). Walter Gropius, o cérebro por trás do negócio, convidou artistas e arquitetos para bolar um jeito de projetar produtos já pensando em como seria a produção em série desses objetos. Tinha gente do naipe de Paul Klee, Wassily Kandinski, Marcel Breuer e Mies van der Rohe, só para citar alguns mais conhecidos. A ideia era que curso permeasse a arquitetura, a arte e o design, sem subdivisões entre essas áreas (Viu gente? No começo era essa coisa linda, todo mundo junto, sem brigas!). O processo criativo acontecia por meio de workshops, com muita experimentação (célula embrionária do design thinking).

Mais um episódio: mercado de pulgas

Dessa vez vamos conhecer um pouco do fascínio que os alemães têm por feirinhas de coisas usadas chamados Flohmarkt (plural: flohmärkte) que significa, literalmente, mercado de pulgas.

Gente, tem de tudo mesmo, não é brincadeira não; se duvidar, até pulga adestrada a pessoa corre o risco de encontrar num lugar desses. Na cidade tem um montão dessas feiras, mas a mais famosa, bacana e divertida é a que acontece no Mauer Park, em Prenzlauerberg. Vem dar uma voltinha e ver como é que a coisa acontece.

O quadro da menina de azul

Lembro até hoje quando vi um Vermeer original bem de pertinho (era “mulher sentada ao virginal*”). Foi em 1998, quando tive a sorte de visitar a National Gallery, em Londres. Fiquei comovida a ponto das lágrimas escorrerem; tão feliz que me deu vontade de sair dançando. Gente, como um ser humano é capaz de produzir coisas assim, tão perfeitas e poéticas?

Esse brilhante pintor holandês morreu com 43 anos e deixou apenas 35 quadros; todos eles geniais, sob qualquer ponto de vista. Quem não está ligando o nome à pessoa, basta lembrar que foi ele quem pintou “moça com brinco de pérola”, que, inclusive foi tema de um filme muito bonito. Pois foi por isso que me chamou atenção o livro “O quadro da menina de azul” de Susan Vreeland.

Mural Templuz em Belo Horizonte

Olha só que delícia ficou esse mural na fachada da Templuz, em BH, numa das avenidas mais movimentadas da cidade. Confesso que quando divulguei o concurso do Mural aqui no blog, fiquei receosa em participar, afinal, tinha recém feito uma palestra lá e fiquei com medo de parecer marmelada. Mas aí o Camilo me incentivou e acabei inscrevendo dois trabalhos, dos quais um foi escolhido para ser apresentado logo no lançamento.

Foram inscritas 132 obras e um júri de 5 pessoas escolheu 12. Cada uma ficará exposta por um mês e já há ideias para reaproveitar os paineis e instalá-los em outro local da cidade depois desse prazo.

Frases da semana

De vez em quando posto aqui algumas frases do viciante Quotes on Design, mas o João Carlos Teixeira me apresentou outro site muito bacana também, com a diferença que os ditos são impressos em cartazes muito bacanas; o único porém é que o site não cita as fontes (coisa feia usar a frase sem contar o autor). Olha alguns que peguei no From up North. Vou tentar compartilhar aqui uma vez por semana (vamos combinar toda segunda?).

Vamos discutir gosto?

Por que deixar que gente esquisita, que você nem conhece, determine o que é feio e o que é bonito na sua vida? Por que sofrer para gostar “das coisas certas” se elas mudam junto com a moda, com o sucesso, com as convenções? Por que se acostumar a acatar sentimentos estranhos aos seus, que nada têm a ver com a sua história? Por que achar que a opinião de alguém que aparece na revista é mais importante que a sua?