Tokio

Confesso que sou fascinada por histórias que se passam no Japão; talvez por isso goste tanto do Harumi Murakami, mesmo quando ele não está lá muito inspirado.
Então, quando peguei Tokio, da Mo Hayder (parece ser uma famosíssima autora; eu é que não conhecia), não pude resistir.
A história é sobre Grey, uma estudante britânica de vinte e poucos anos que vai a Tokio procurar um professor chinês que está morando na cidade. Ela é especialista em história e está obcecada por encontrar um filme amador rodado durante a invasão japonesa na cidade de Naquim, na China, em 1937. O professor viveu o traumático episódio, mas não quer falar a respeito. Tudo começou porque ela leu um livro sobre essa invasão em sua infância, passada em casa (ela nunca foi à escola quando criança; recebeu educação dos próprios pais em um sítio).
Grey tem vários segredos, uma cicatriz misteriosa e várias partes de sua vida mal explicadas. Ela passa meses em Tóquio e até se envolve com a Máfia local, na esperança de descobrir mais informações sobre a tal guerra que parece ter forte relação com o seu passado.
A história é muito bem tramada e tem flashbacks do evento que o professor viveu, em 1937, narrado por ele mesmo. Há muita dor, muito horror, muita desumanidade e muita violência, como é comum nas guerras. Sendo que as mulheres são sempre as que sofrem mais…
A trama vai se desenrolando aos poucos; impossível largar o livro antes do final.
Mais que recomendo. Vou procurar outros livros da autora.
top 10 agosto: nada de desgosto

Falam por aí que agosto é o mês do desgosto, mas não procede! Olha quanta comidinha boa para os olhos teve nesse mês!
Comente aí sua preferida!
O palácio de portas abertas

Se tem uma tradição que adoro aqui na Alemanha é o “Tag der Offenen Tür” (Tradução livre: Dia das Portas Abertas), em que prédios públicos abrem suas portas para os cidadãos conhecerem (afinal, são os verdadeiros donos). Cada instituição escolhe seu dia e faz uma verdadeira festa; tem apresentações, atividades para crianças e, principalmente, muita informação. Adoro quando os teatros, as óperas e os museus abrem suas portas. Os órgãos do governo todos fazem isso também e até a casa do presidente tem seu dia de receber visita de gente comum.
Pois o mais legal é que eles costumam fazer isso em obras também, já que todo mundo é muito curioso. Hoje foi o dia de portas abertas do Humboldt Forum, o mais novo museu de Berlim, que será inaugurado o ano que vem. A obra já está quase pronta (começou em 2013) e esse é o último evento de acesso ao público antes da abertura oficial. É que agora eles vão colocar as obras dentro do museu. Continue reading “O palácio de portas abertas”
Globo Ciência

Em 1993 (lá se vão 25 anos!) eu estava iniciando o mestrado e, ao mesmo tempo, comecei a trabalhar na Gyron Tecnologia, empresa que desenvolvia o Projeto Helix (já falei dele aqui). Nessa época, o programa Globo Ciência fez um episódio mostrando sobre o projeto.
Além da equipe de engenheiros formada pelo Conrado Seibel, o Marcos Regueira e eu, e mais dois técnicos (o Carlos Dutra e o Miguel Arcanjo), o projeto tinha dois engenheiros convidados do CTI de Campinas (o Josué Ramos e o Othon da Rocha), que desenvolveram um modelo matemático que simulava o vôo; a ideia era usá-lo para treinar os futuros pilotos (que, infelizmente, nunca aconteceu).
Pois o Josué conseguiu digitalizar o vídeo (a qualidade está bem ruim, dada a idade avançada da mídia), mas é ótimo para relembrar esse projeto que fez tanta diferença na minha vida profissional e, em útima instância, o direcionamento da minha carreira para o tema inovação.
Só apareço de relance em duas cenas (eu estava trabalhando de verdade, não apenas fazendo figuração…rs). Todo mundo tão novinho… bons tempos!
Top 10: julho e seu verão perfeito

Esse já é o sétimo verão que passo em Berlim, e nunca tinha visto um tão quente e ensolarado. O lado ruim é a seca; dá para ver que as plantas estão sentindo bastante. O lado bom são os dias lindos e quentes, perfeitos nessa cidade tão cheia de parques, árvores, lagos e rios. Vamos dar uma olhada na seleção desse mês?
A fábrica de feedbacks

Hoje visitei a Feedback Factory, uma loja que vende produtos inovadores que ainda vão entrar no mercado. Na verdade, encontrei-a por acaso há algumas semanas, mas estava morrendo de pressa. Hoje entrei e descobri coisas bem interessantes.
Olha que ideia mais bacana: a própria loja é uma start-up e serve para as start-ups testarem seus produtos antes de fazer o lançamento oficial no mercado.
Quando o cliente entra na loja, preenche um questionário anônimo com informações sócio-econômico-demográficas que fica associado com um número (é so pegar um cartão na bancada da entrada e preencher o questionário no iPad; se quiser tem a versão em papel também). Ao lado do cartão, tem um carimbo desses com esponja integrada com o mesmo número.
Nas prateleiras, só há produtos que ainda não estão no mercado, como um drink para dormir feito com extrato de plantas e melatonina, por exemplo. Ao lado de cada produto, cartões de cores diferentes onde a pessoa pode pegar um deles, carimbar seu número (para eles associarem com seus dados) e depositar num copinho ao lado. Cada produto tem um repositório para depositar os cartões carimbados e você pode responder pesquisas de opinião de quantos produtos quiser. Há oito feedbacks disponíveis:
- (verde) “eu quero”
- (azul) “vou dar de presente”
- (preto) “já conheço”
- (vermelho) “é muito caro”
- (cinza) “me parece familiar”
- (roxo) “isso é supérfluo”
- (laranja) “não me interessou”
- (amarelo) cartão em branco para a pessoa escrever o que quiser.
A maioria dos produtos é comida, bebida ou o que se chama superfoods (alimentos especiais) na maioria veganos, bio ou da região; mas também tem desentupidor de pia, rosas conservadas com um processo diferente e até cartões impressos que não achei nada inovadores.
Aí procurei uma coisa que eu realmente achasse especial, que não encontrasse em outros lugares e quisesse experimentar; achei. Comprei um pote de grilos temperados com pimenta rosa da WickedCricket. Sempre ouvi dizer que insetos são gostosos e uma fonte importante de proteína (meu pai contava que tinha comido formiga frita no nordeste; sempre fiquei curiosa). Sei que na África é muito comum, mas nunca tinha tido a oportunidade. Minhas impressões: sabe aquele doce de arroz japonês, onde o grão de arroz incha e fica parecendo isopor? Pois o grilo tem essa textura, só que no meu caso era salgado. Não achei ruim, mas prefiro castanhas ou amendoim…rs
A loja também oferece às empresas uma pesquisa de mercado profissional e aprofundada pelos seis meses em que o produto ficará à venda (uma parceria com o Berlin Institute for Innovation). Assim, quando (e se) o produto for para as prateleiras dos supermercados, já haverá dados fundamentados que justifiquem a aquisição por parte do lojista.
Achei uma maneira bem inteligente de fazer uma prototipagem um pouco mais sofisticada antes de partir para a produção em escala. Tomara que dê certo.
top 10 de junho: Berlim e Sofia

Junho rendeu várias fotos interessantes; Berlim está toda florida e tive a oportunidade de visitar Sofia, na Bulgária. Aqui a seleção das mais curtidas nas redes sociais para você escolher sua preferida.
Os originais

Ando lendo muitos livros bons e esse aqui não é exceção. “Originals: how non-conformists move the world” (tradução livre: “Originais: como os não conformistas mudam o mundo”), do Adam Grant, é excelente (recomendo também o outro livro dele, “Give and Take”).
O volume tem oito partes e fala principalmente sobre o perfil e as práticas das pessoas inovadoras, mas vou destacar as que, para mim, mais surpreenderam por derrubar mitos que pareciam óbvios.
Sobre riscos
Por exemplo; no capítulo 1, onde ele fala da destruição criativa, achei que ia ler o de sempre: que empreendedores são pessoas com um nível de ousadia acima da média, que nascem com uma espécie de imunidade biológica ao risco, que são radicais e não têm medo de nada. Inclusive a palavra entrepeneur (empreendedor, em inglês), cunhada pelo economista Richard Cantillon, significa “aquele que carrega o risco, o portador do risco”.
Pois ele conta que um estudo conduzido por dois pesquisadores por mais de 12 anos com cerca de 5 mil empreendedores de todas as faixas etárias mostram justamente o contrário. Os mais bem sucedidos são bem avessos a riscos, acredita?
O mundo de Sofia

Quando soube que a PAC World (conferência sobre proteção, automação e controle no sistema elétrico) seria em Sofia, capital da Bulgária, confesso que fiquei muito curiosa. Nossa empresa sempre participa desse evento e, nos anos anteriores, em Ljubljana e Wroklaw, as supresas foram muito boas.
Sofia é uma senhora muito, mas muito antiga mesmo. Instalada num vale cercado por belíssimas montanhas, o lugar é habitado há nada menos que 7 mil anos! Foi destruída e reconstruída inúmeras vezes e passou a se chamar Sofia (uma mártir cristã) em 1376. Em 1382, a cidade foi conquistada pelo Império Otomano e se tornou turca; durante mais de 4 séculos foi cheia de mesquitas, fontes termais e banhos turcos.
As indústrias do futuro

Alec Ross, autor do The industries of the future (tradução livre: “As indústrias do futuro”), foi assessor de inovação da senadora americana Hillary Clinton por quatro anos. Nesse período ele visitou projetos no mundo todo e conseguiu fazer uma leitura bem interessante do panorama da inovação ao redor do mundo.
O livro, separado em seis capítulos, trata da crescente utilização dos robôs no dia-a-dia, da biotecnologia, da codificação do dinheiro (FinTechs, Bitcoin, Blockchain), da programação como arma, da big data e da geografia dos futuros mercados.
Sobre os robôs, ele fala que já são comuns na automação industrial há muitos anos (verdade; trabalhei com robôs lineares no início da minha carreira como engenheira, nos anos 1990; lá se vão quase 30 anos!), mas agora as tecnologias disponíveis permitem que essas máquinas atuem em mais áreas.
Comentários