Tenho conseguido manter minha média de três livros por mês; o que tem faltado é tempo para escrever as resenhas. Então vou aproveitar e fazer duas de uma vez só. Os dois são histórias policiais que se passam na cidade de Berlim e isso, pelo menos para mim, tornou as descrições das cenas mais interessantes. Outra coisa em comum é que ambos usam a expressão rei e rainha no título; gostei da coincidência.
Die Hirnkönigin (tradução livre: A rainha do cérebro), recebeu menção honrosa do Deutschen Krimipreis. A autora, Thea Dorn, uma cantora de ópera formada em filosofia, tem 13 romances publicados, peças de teatro e roteiros para televisão. Ela é criativa e gostei da maneira como escreve. A personagem principal, uma jornalista bonita com um pouco mais de 30 anos, que acaba descobrindo o crime, achei que ficou um pouco caricata. Briguenta, desleixada, fuma e bebe demais (a ponto de perder a memória), porém, perspicaz e muito detalhista. A história gira em torno de uma serial killer que é apaixonada por cérebros de homens maduros, barbudos e inteligentíssimos; ela os mata para contemplar e se masturbar com a massa cinzenta das vítimas. Um horror mesmo o negócio. Achei que para alguém tão experiente e premiada, faltou suspense; na metade do livro já estava claro quem era a assassina. Eu esperava uma virada que nunca chegou. Não é ruim, mas já li melhores.
Der König von Berlin (tradução livre: O rei de Berlim), de Horst Evers, é mais elaborado e imaginativo que o primeiro. Conta a história de um cadáver descoberto por coincidência por um profissional de desratização. Os ratos, por sinal, são tema central na história: a principal empresa da cidade nesse ramo tem mais poder do que se imagina. Está nas mãos dela afundar Berlim num mar de ratos ou salvá-la; o desratizador, inclusive, vira herói ao longo da trama. Existe todo um esquema desde a queda do muro de Berlim em que o fundador do empreendimento anti-pragas, em conluio com amigos de infância, participa de um grupo que domina áreas diversas como a construção civil e a segurança. Há políticos envolvidos, muito dinheiro e um tanto de bizarrice também. O comissário de polícia destacado para devendar o crime é do interior da Alemanha e esse é seu primeiro trabalho na capital depois da tão sonhada promoção; ele sofre todo tipo de bulling dos colegas por ser “caipira” (sim, aqui também tem disso) e também acaba fazendo um monte de bobagens durante a investigação. Esse gostei muito mais, do começo ao fim. A história é criativa e explora maravilhosamente os cenários tão conhecidos. Recomendo com estrelinhas.
Vou ver se dou conta de resenhar outros nos próximos dias.
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