Se você não leu ou não se lembra da parte 1, clique aqui para entender a história.
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Nesse ponto da jornada, eu já tinha a identidade da empresa definida, suas características essenciais, e as diretivas principais para desenvolver a marca gráfica.
Gastei quase duas semanas rabiscando e tentando encontrar um conceito que sintetizasse o DNA da empresa e fugisse das borboletas óbvias e das mulherzinhas estilizadas. Por causa da ideia do retrô, até pensei numa pin-up; mas logo me dei conta de que poderia funcionar muito bem como apoio, jamais como marca principal. Isso porque a solução deveria contar com os seguintes atributos:
alta pregnância: é a capacidade de ter suas formas identificadas à primeira leitura em qualquer contexto. Sob esse ponto de vista, quanto mais limpa e mais simples, maior a pregnância.
legibilidade em modo reduzido: mesmo em tamanho pequeno, como num cartão de visitas, a marca gráfica precisa continuar sendo legível.
flexibilidade na aplicação: em algumas ocasiões, a marca gráfica precisará ser aplicada apenas em P&B, ou toda em preto, ou toda em branco. Em nenhum dos casos ela pode perder a capacidade de comunicar a ideia.
capacidade de ser vetorizada: transformar uma marca gráfica em vetores significa conseguir transformá-la em equações matemáticas. Por que isso é tão importante? Porque se tenho uma marca que é construída por meio de pixels, como uma fotografia, se eu precisar ampliá-la do tamanho de uma parede, vou ter que ter uma resolução muito alta para não perder informação, e sempre haverá um limite para ampliação que depende do número de pixels do arquivo original. Se a figura puder ser traduzida em figuras geométricas e equações matemáticas, não existe limite de tamanho nem para mais, nem para menos. É só mudar o fator de escala nas equações e sempre vai ficar exatamente igual ao original.
Bem, consegui chegar em dois conceitos que, a meu ver, cumpriam os requisitos básicos e traduziam bem a ideia a ser comunicada.
1. Espelho. A ideia do espelho veio com o estudo de formas retrô usadas como referência à cosmética. Pesquisei embalagens antigas e fui simplificando até chegar na moldura desenhada à mão (que traduz o trabalho manual e personalizado da esteticista, assim como o atendimento especial na loja, que seria quase uma consultoria em bem-estar). E o espelho, além disso, trata da auto-estima, do auto-conhecimento e da relação de cada pessoa consigo mesma. A proposta da Bendita Pele é justamente melhorar essa relação e torná-la mais agradável.
Com relação às cores, usei alguns tons como exemplo, mas não fazem parte da configuração original, que admite variações dentro de uma paleta determinada.
Alguns exemplos de aplicação: cartão de visitas (frente e verso) e selo para embalagem.
2. Anjo. O segundo conceito refere-se à palavra bendita, que também quer dizer abençoada. Como a questão do cuidado, da atenção, do bem-estar são muito fortes na identidade, pensei na ideia das asas de um anjo protetor. A Bendita Pele é traduzida aqui como o abençoado órgão do nosso corpo que nos protege e nos defende de todo o mal, assim como nos acolhe e nos permite que tenhamos boas sensações e prazer. Nesse caso, as asas do anjo são estilizadas e desenhadas igualmente à mão pelo mesmo motivo da alternativa anterior.
As cores também variam dentro da paleta e apresentei a solução com dois exemplos diferentes para mostrar a flexibilidade na aplicação que não compromete a identificação e o reconhecimento da marca.
Aguns exemplos de aplicação: cartão de visitas (frente e verso) e selo para embalagem.
Ambas gostamos das duas soluções, mas a dúvida continuava: qual delas poderia traduzir melhor o DNA da Bendita Pele?
Eis que a Cássia me perguntou se poderia consultar amigos e clientes (eu não queria que ela divulgasse que era eu que estava fazendo o trabalho porque, como disse, não faço isso profissionalmente e nem ofereço esse serviço). Disse que ela poderia mostrar, claro, desde que explicasse o contexto: que eu não era profissional da área e estava, digamos, “quebrando um galho”.
Foi aí que ela foi fazer um curso e mostrou as duas opções para a iluminada Mari Guedes (o estúdio Leve Design, do qual ela é sócia, era uma das opções que eu havia recomendado inicialmente).
Para nossa surpresa, o Leve Design generosamente comprou a causa: decidiu entrar na brincadeira e também participar da construção da identidade visual do empreendimento.
Como a parte mais trabalhosa, que é a definição do conceito, já estava pronta, o trabalho consistia principalmente em aprimorar a parte gráfica e sintetizar as ideias. Além disso, era necessário trabalhar melhor a tipografia (como não trabalho com isso, usei as de uso público; profissionais têm no acervo outras mais adequadas, compradas para essa finalidade).
No próximo capítulo veremos como terminou a novela com final feliz! Clique aqui para ler a última parte.
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