Estranho numa terra estranha

Para ser bem sincera, não me lembro exatamente como cheguei nesse livro, mas foi alguma recomendação forte, e já faz alguns meses. “Stranger in a Strange Land” (tradução livre: “Estranho numa terra estranha”), de Robert A. Heinlein me foi apresentado como um clássico da ficção científica do qual eu nunca tinha ouvido falar.
Olha, como é bom ser ignorante e descobrir esses tesouros, mesmo que com anos de atraso!
O livro me despertou emoções bem dúbias. Primeiro porque não sei se dá para classificá-lo como ficção científica, pois o mundo futuro é mais um pretexto, um cenário, do que a essência da obra. Depois porque foi escrito em 1961 e quase consigo ver as personagens femininas com seus figurinos compostos por sutiãs de cone e minissaias; competentíssimas como enfermeiras, cozinheiras ou secretárias; mas, de resto, ignorantes de todas as outras coisas do mundo… sem falar que a história trata mais de filosofia, política e religião do que ciência.
Continue reading “Estranho numa terra estranha”Por que falhamos

Um livro bem diagramado, com uma bela capa e sobre um assunto que amo: como resistir?
Encontrei “Why we fail: Learning from Experience Design Failures” (tradução livre: “Porque falhamos: aprendendo com falhas de design de experiência”), de Victor Lombardi, com prefácio de ninguém menos que Don Norman.
O autor (até achei que fosse brasileiro pelo nome, mas não consegui descobrir) trabalha há mais de 30 anos no desenvolvimento de produtos digitais. Para escrever o livro ele fez uma extensa pesquisa e selecionou 10; quatro websites, dois serviços, um pacote de software, um sistema operacional e dois produtos baseados em hardware (acredito que seja software embarcado).
Gostei muito dos critérios: todos eram produtos inovadores (não tentavam copiar ou melhorar um concorrente) e não falharam por incompetência (o que é muito comum).
Logo no começo, Lombardi já deixa claro uma coisa importante: ele está considerando, nesse livro, somente as falhas de experiência dos clientes; ou seja, o produto falhou em proporcionar uma boa experiência.
Má experiência = design ruim?
Continue reading “Por que falhamos”O peso do pássaro morto

Nem sei como começar a descrever “O peso do pássaro morto”, da Aline Bei. Eu sabia que ia ser puxado; meu amigo Tio Flávio, que procurou esse livro comigo nas livrarias de Belo Horizonte quando estive no Brasil no ano passado, já tinha me preparado. Ele achou (depois que fui embora), leu e compartilhou. Aí, quando minha irmã veio do Brasil me visitar, pedi para ela trazer (na verdade, a Andréa foi quem provocou isso tudo; foi ela quem me apresentou a Aline Bei com o belíssimo “A pequena coreografia do adeus”, que já resenhei aqui).
Olha, muito difícil. Se eu tivesse que resumir o livro em uma frase diria que é puro sofrimento compactado em forma de poesia. Eu nunca tinha lido algo tão forte, tão pungente, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão belo.
Continue reading “O peso do pássaro morto”Werder: uma primavera de cidade
Ontem fui com minha amiga Carla da Silva bater perna numa cidadezinha linda a apenas 40 minutos de trem de Berlim: Werder (Havel).
O rio Havel é cheio de penínsulas e ilhas fluviais com várias cidades instaladas ao longo dele. Werder fica numa península e parte do centro histórico está localizado numa ilha próxima.
Da estação de trem (Regional RE1) até o centro, são cerca de 40 minutos de caminhada ao longo da movimentadíssima Eisenstraße. A gente passeou bastante, tirou fotos, brincamos de balanço (não resisto quando vejo um), comemos num restaurante à beira d’água, tomamos sorvete, vimos muitas embarcações de todos os tipos, e no final do dia, com 16 km de pernada, pegamos o trem de volta para casa. Cansadas, mas felizes.
Werder é famosa por sua festa das cerejeiras em flor, entre abril e maio. Mas essa semana as frutas estão começando a amadurecer. Começo de abril vai ter a festa das cerejas. Olha aí uma dica de programa!
Por ora, fique aqui com imagens dessa belezinha!
Gente fria

Essa foi a maior supresa literária do ano; sem brincadeira!
Quando peguei “Cold People” (Tradução livre: “Gente fria”), de Tom Rob Smith, o que me chamou atenção foi a capa minimalista belíssima (já expliquei; sou dessas… rs).
Estava na seção de livros usados de uma livraria especializada em ficção científica que costumo frequentar aqui em Berlim. Sempre tem coisas boas por lá!
Eu nunca tinha ouvido falar nesse autor, mas pelo que pesquisei, é um escritor e roteirista famoso e já tem grandes sucessos no mercado, sendo o mais conhecido, a trilogia que começa com “Criança 44”. Até onde sei, “Cold People” é a primeira incursão dele na ficção científica. O que dizer? Já ansiosa esperando os próximos!
Mas vamos à história.
Continue reading “Gente fria”Sinal vermelho para o UX Design
Uma inovação no sistema de semáforos em Berlim está causando polêmica (e, a meu ver, com razão).
Não consegui descobrir a origem da ideia, mas funciona da seguinte maneira: você vai atravessar uma rua quando o bonequinho do semáforo está verde. Eis que, subitamente, o bonequinho fica vermelho.
Para que as pessoas não sejam pegas de surpresa, o setor de transportes pensou: ok, vamos colocar um contador numérico para a pessoa saber quantos segundos ela tem para atravessar a rua, como em muitas cidades ao redor do mundo. Seria o mais óbvio, não é?
Pois a questão é que estamos na Alemanha, e aqui o óbvio não tem muito espaço. Para que colocar números, conhecidos universalmente, se podemos inserir um ícone de uma mini faixa de segurança logo que o sinal ficar vermelho onde suas cinco faixas vão se apagando consecutivamente?
Continue reading “Sinal vermelho para o UX Design”Pensamento liminar

Se você é como eu, ao ver o título desse livro, pensou: “Mas que raios é pensamento liminar?”.
Não fazia nenhum sentido. Até fui olhar no dicionário para ver se a minha tradução estava correta do livro “Liminal thinking: create the change you want by changing the way you think” (tradução livre: “Pensamento liminar: crie a mudança que você quer mudando a maneira como você pensa”), de Dave Gray.
Achei essa pérola num sebo e o título me chamou muito a atenção, até porque o volume é muito bem diagramado (descobri que o background do autor é em design), estruturado e organizado. Fazer o quê? Levei para casa…
Dave sabe que a palavra não faz parte do nosso dia-a-dia e já nos esclarece logo no prefácio, onde conta a história de como o livro surgiu.
Continue reading “Pensamento liminar”Flensburgo

Não sei vocês, mas começo a achar que Flensburgo é uma das cidades mais subestimadas em termos de turismo na Alemanha. Já passei por lugares mais famosos que não eram tão lindos e tão interessantes quanto essa jóia do norte.
Flensburgo é a última cidade alemã antes da Dinamarca (inclusive, por mais da metade dos seus quase 740 anos de história, o município pertenceu à coroa dinamarquesa). Ao contrário de boa parte do país, ela não foi bombardeada durante a guerra; reza a lenda que no dia marcado para o ataque, nublou muito e atacaram o alvo errado. O resultado é que essa lindeza passou intacta por toda a história.
Continue reading “Flensburgo”Um rolê pela Escócia
Eis que depois de tantos anos fizemos uma viagem nos moldes do finado duasmotos.com, só que, dessa vez, de jipe. Aproveitamos para levar junto a minha irmã Andréa e meu cunhado Fernando; assim, a gente passeou e matou as saudades ao mesmo tempo.
O encontro foi em Amsterdam (saímos de Berlin bem cedo a tempo de pegá-los no aeroporto vindos do Brasil). No dia seguinte já pegamos o ferry para New Castle, na divisa da Inglaterra com a Escócia.
Aqui estão os mapas (você pode clicar e baixar uma versão ampliada) com a indicação das cidades onde passamos a noite (além do ferry, pois são 15 horas de viagem na ida e na volta).


Foram 11 dias vendo uma natureza exuberante, cidadezinhas fofas, animais idem e o Conrado bravamente dirigindo na mão inglesa (que agonia!).
Continue reading “Um rolê pela Escócia”O invasor

Se tem um escritor brasileiro que admiro e gosto demais é o talentosíssimo Marçal Aquino. Pena que quando li o ótimos “Cabeça a prêmio” e “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” ainda não tinha o saudável hábito de escrever resenhas, de maneira que teria que lê-los novamente para fazer os respectivos episódios (quem sabe, né)?
Pois, pesquisando um pouco, descobri que já conhecia o moço há muito mais tempo do que imaginava. É dele o antológico “Os meninos da rua Quinze”, da coleção Vagalume, que marcou minha adolescência. Ele também escreveu o roteiro do filme “O cheiro do ralo”, com o imperdível Selton Melo.
Eis que minha irmã vinha do Brasil para passar duas semanas de férias do lado de cá do oceano e aproveitei para encomendar “O invasor”. Uma novela (maior que um conto, menor que um romance), ideal para ler numa viagem. Se você está procurando um livro breve, com pouco mais de 100 páginas, mas muito intenso, esse é o cara.
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