Homo Deus

Depois do impactante “Sapiens, a brief history of humankind”, do Yuval Noah Harari, só me restou devorar “Homo Deus: a brief history of tomorrow” (Tradução livre: “Homo Deus: uma breve história do futuro“), do mesmo autor. Um é basicamente a continuação do outro; Sapiens falava sobre como chegamos até aqui; Homo Deus elucubra sobre como vamos continuar o caminho, dadas as decisões tomadas até agora. 

O que mais gosto do Harari, além, é claro, do espantoso conhecimento e erudição, é a capacidade dele de enxergar o panorama da nossa situação. Isso é muito difícil quando se está mergulhado nesse mar de informações.

O livro, que é um desses que desgraça completamente a cabeça da gente (hahahah… ao contrário do que parece, isso é ótimo), é dividido em três partes, onde as duas primeiras fundamentam a última. Vamos ver se consigo resumir as principais ideias.

 

O Homo sapiens conquista o mundo

Só essa parte já poderia ser um livro inteiro. Aqui, o autor diz que a humanidade sempre teve três principais preocupações para resolver: a fome, a praga e a guerra. No século XXI, todos esses três problemas já estão dominados. Ele não diz que estão resolvidos; é claro que muita gente ainda morre de fome, de doenças contagiosas e em guerras. Mas a situação mudou drasticamente.

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O cérebro é mais que pink

Neurociência foi um assunto que sempre me fascinou, apesar de biologia não estar entre minhas matérias prediletas. Por isso, ao comprar livros na Amazon, quando apareceu “The Brain: the history of you “( Tradução livre: “O cérebro: a história de você”), de David Eagleman, não tive dúvidas: levei.

Muita coisa já tinha lido em outros artigos e livros; mas não tudo compilado num lugar só. Vou resumir então as principais ideias desse que pode ser um bom candidato a seu livro de cabeceira.

O autor usa experiências realizadas no campo da neurociência para tentar responder perguntas que sempre nos intrigaram. Quem sou eu? O que é a realidade? Quem está no controle? Como eu decido? Eu preciso das outras pessoas? Quem seremos no futuro?

Quem sou eu?

Eagleman nos conta que o cérebro de um humano, ao contrário dos outros animais, nasce impressionantemente inacabado. É como se, ao nascer, tivéssemos todo o equipamento, mas faltassem todas as conexões.

O número de células num cérebro é praticamente igual em crianças e adultos; o que diferencia é o número de conexões entre elas. Até os três anos, a velocidade com que elas se multiplicam é impressionante (cerca de 2 milhões de conexões por segundo!).

Mas, quando a gente se torna adulto, perde cerca de metade dessas conexões. Isso acontece porque perdemos as sinapses que não usamos (eu já tinha falado disso aqui). Continue reading “O cérebro é mais que pink”

O Homo Sapiens e as revoluções: como chegamos até aqui

Há livros e Livros. 

Sapiens, a brief history of humankind é do segundo tipo. Na minha opinião, deveria ser texto de referência para o ensino básico; ele é fundamental para que a gente consiga entender nosso papel nesse planeta.

O autor, Yuval Noah Harari é professor de História do Mundo na Universidade de Jerusalém e é dono de um incrível poder de síntese, além de um estilo irônico que faz a gente grudar no papel.

Sapiens é dividido em quatro partes: a revolução cognitiva, a revolução agrícola, a unificação da humanidade e, finalmente, a revolução científica.

As definições de um historiador para quem tudo é história, são sensacionais peças de concisão. Veja*:

A história dos átomos, moléculas e suas interações, é chamada química.

A história dos organismos é chamada biologia.

Há cerca de 70 mil anos, organismos pertencentes à espécie Homo Sapiens começaram uma forma com estruturas mais elaboradas chamadas culturas. O subsequente desenvolvimento dessas culturas humanas é chamada história.

As três revoluções que mudaram totalmente a história são contadas aqui de uma maneira leve, porém precisa e extremamente crítica. Não há heróis nem mocinhos, mas decisões e suas consequências.

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top 10 de abril: só tem Milão!

Só passei uma das quatro semanas de abril em Milão; mas foi o que bastou para que fossem de lá as fotos mais curtidas do mês. Não é para menos: somente dias lindos, ensolarados e cheios de interessâncias. Vem comigo passear por essa linda cidade italiana e escolher sua foto preferida!

#paracegover Descrição para deficientes visuais: a imagem mostra um mural com três figuras magras e cheais de mãos. Elas parecem assustadas. Há uma pessoa passando pela rua e parece que o trio está surpreso em vê-la. A foto está em preto e branco para destacar as formas.
1. Adorei o mural com essas figuras exóticas que divulgam um espetáculo. #paracegover Descrição para deficientes visuais: a imagem mostra um mural com três figuras magras e cheais de mãos. Elas parecem assustadas. Há uma pessoa passando pela rua e parece que o trio está surpreso em vê-la. A foto está em preto e branco para destacar as formas.

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Cooperativas 4.0

Uma das coisas que mais gostava no trabalho de engenheira de aplicação na área de robótica era que cada projeto era um assunto novo que eu precisava aprender. Para automatizar uma máquina de recapeava pneus de avião, aprendi muita coisa sobre bandas de rodagem, pneus e aviação (sabia que os pneus gastam muito mais na decolagem do que no pouso?). Para automatizar o corte de vidros que preenchiam as janelas dos carros, aprendi também muito sobre esse processo (sabia que nessa época, anos 90 do século passado, os moldes eram feitos de madeira?).

Depois fui para a consultoria e aprendi muito sobre cada tipo de negócio. A coisa é divertida mesmo e nunca acaba: como palestrante e facilitadora de cursos in company, também preciso estudar muito para customizar o conteúdo. Como minhas palestras e cursos são informativos, tenho que adaptar os exemplos e as ênfases de cada tema ao perfil profissional de cada plateia. Isso é bom para tudo mundo: para mim, que não fico repetindo a mesma história como um papagaio, e para os participantes, que conseguem ver alguma aplicação prática do conteúdo.

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Esse tal de Fuorisalone

A Apex usou um espaço grande e maravilhoso para mostrar o design brasileiro. Só achei que as legendas das peças tinham poucas informações (somente o nome e o autor; nada mais escrito). Mas a curadoria e a apresentação estavam belíssimas!

Os últimos dias foram puro banquete para os olhos! Graças ao convite dos queridos amigos empreendedores Angela e Roberto Langer, da Langer Naturholzmöbel GmbH, para quem tive a honra de fazer a marca gráfica, pude visitar Milão pela primeira vez. E, olha, foi um delírio!

Aproveitei a oportunidade para conhecer pessoalmente a queridíssima Fah Maioli, coolhunter profissional, cujo livro, Manual do Coolhunter: métodos e práticas, já resenhei aqui. A Fah mora em Milão e é a simpatia em pessoa. Ela me incluiu num grupo de italianos (io capisco abastanza, ma no parlo niente…rs) e mostrou o caminho das pedras logo no dia da chegada. A linda selecionou algumas das principais atrações do Fuorisalone e nos levou para conhecê-las, sempre enfatizando os aspectos sensoriais que deviam ser observados para detectar tendências. A Fah não apenas acompanha e orienta grupos durante o evento, como também ministra workshops o ano todo na cidade e na Côte D’azur, principalmente para foodlovers; vale muito a pena ir lá no site da moça dar uma olhada no monte de coisa bacana que ela oferece!

Eu e a Fah Maioli felizes com o encontro no meio de tanta coisa linda! Estou usando o primeiro protótipo da saia que vou começar a vender no site do Studio Ligia Fascioni. Mas ainda tem bastante trabalho; estamos testando tecidos, modelagens, forro, etiquetas e mais um monte de coisas. Logo dou mais notícias!

Mas e esse tal de Fuorisalone, o que é exatamente? Eu tinha uma ideia vaga que misturava a Feira do Móvel em Milão, mas não tinha noção do tamanho da coisa, pois ninguém tinha desenhado para mim. Continue reading “Esse tal de Fuorisalone”

Amostra grátis de Luxemburgo

Luxemburgo é o único país do mundo que é um Grão-Ducado; isso significa que a monarquia lá não é regida por um rei, mas por um Grão-Duque (não entendo de nobreza, mas deve ser um título igualmente importante). O país inteiro tem apenas 500 mil habitantes, sendo a maioria deles residentes na capital, que também se chama Luxemburgo.

Infelizmente só tivemos um dia frio e nublado para passar nessa cidade linda, o que significa que teremos que voltar. É muita coisa para ver; a geografia do lugar é realmente especial e a cidade fica entre cadeias de montes com partes altas e baixas. As casamatas são túneis escavados diretamente na pedra que serviam para proteger a cidade dos ataques na época das guerras.

As construções são belíssimas, o charme é onipresente, a história está em todo lugar.

Fico devendo um texto mais completo quando voltar (o que certamente vai acontecer). Por enquanto, fiquem com a amostra grátis para dar um gostinho…

Vista de dentro de uma das várias casamatas espalhadas pela cidade.

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Uma voltinha em Estrasburgo

Fui passar a Páscoa em Saarbrücken para ficar com o Conrado, que está trabalhando lá temporariamente numa consultoria. Como fica pertinho da fronteira com a França, decidimos visitar a região em volta. Por conta do pouquíssimo tempo (só um final de semana), acabamos elegendo duas cidades praticamente equidistantes cerca de 130 km de Saarbrücken: Estrasburgo e Luxemburgo.

Pesquisei um pouco a respeito como sempre faço, mas, sério, não estava preparada para o que vi. Pior: não façam como eu que passei só um mísero dia lá. Reservem mais tempo (pelo menos uns três dias) para explorar melhor aquela belezinha.

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Top 10 de março: pitadas de França

No finalzinho do mês fui até Saarbrücken, perto da fronteira com a França, para passar a Páscoa junto do meu amor, que está trabalhando lá numa consultoria até o final de abril. Foram pouquíssimos dias, mas valeu demais, mesmo com tudo nublado. Depois tem post especial para Strasburgo e Luxemburgo, mas por ora, vamos ver a seleção das 10 fotos minhas mais curtidas em março.

Prontos? Vamos lá então!

#paracegover Descrição para deficientes visuais: a imagem mostra ima gárgula espreitando as pessoas que passam na calçada. O clima é de suspense... — at Uhlandstraße.
1. Adoro gárgulas, principalmente se estão inseridas no cenário do dia-a-dia. Dá um certo ar de mistério… #paracegover Descrição para deficientes visuais: a imagem mostra ima gárgula espreitando as pessoas que passam na calçada. O clima é de suspense… — at Uhlandstraße.

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A escultora

Já tinha gostado de outro livro da premiada autora britânica Minette Walters (veja aqui), por isso não titubeei quando vi “Die Bildhauerin” (tradução livre: “A escultora”) no mercado de pulgas. Olha, não me arrependi; essa autora é muito boa mesmo.

O romance conta a história de Olive Martin, uma moça com uma história de família bem complicada que está presa por ter matado a mãe e a irmã e depois cortá-las em pedaços a machadadas. Rosalind Leigh, uma escritora que está passando por um bloqueio criativo, recebe a sugestão de sua agente literária de contar essa história a fundo. Continue reading “A escultora”