Fim

Estava super curiosa para conhecer a Fernanda Torres como escritora; já era fã da atriz há décadas; ela é uma das mais brilhantes artistas da sua geração. Sabia também que há alguns anos a moça é colunista do jornal A Folha de São Paulo; mas como não sou assinante, ainda não tinha lido nada que pudesse servir de referência.
Assim, foi com muita expectativa que abri “Fim”, seu primeiro romance, que trouxe da minha última viagem ao Brasil. E já posso adiantar: eita que mulher talentosa!
Continue reading “Fim”Pequena coreografia do adeus

Eu já tinha ouvido falar nessa autora mas não tinha me atentado muito a respeito. Até que estive no Brasil, no mês passado e, visitando uma livraria, minha queridíssima e amada irmã me deu “Pequena Coreografia do Adeus”, de Aline Bei. Ela disse que eu ia amar, e como minha irmã Andréa Ferraz me conhece bem!
Estou aqui meio que sem palavras para falar sobre a experiência maravilhosa que foram essas horas mergulhada na vida da Júlia, a protagonista.
Continue reading “Pequena coreografia do adeus”A cabeça do santo

“A Cabeça do Santo”, de Socorro Acioli, foi o livro do mês de novembro do Clube do Livro de Münster, e, olha, achei muito bem escolhido.
Ainda não conhecia a autora, talvez porque as obras anteriores tenham sido biografias e livros infantis; esse é o primeiro romance dela (começou muito bem).
A história é simples, bem escrita e a gente lê em poucas horas.
Começa com Samuel, o personagem principal, deixando a cidadezinha em que morou a vida inteira com a mãe, logo depois do enterro dela. Mariinha, sua genitora, morreu deixando uma lista de desejos para ele realizar. Basicamente, procurar seu pai e avó numa cidade próxima e acender uma vela aos pés das estátuas de cada um dos seus três santos de devoção. Um na sua própria cidade, um em uma cidade vizinha e outro na cidade onde seu pai e sua avó moravam.
Continue reading “A cabeça do santo”Confinada

Comecei a seguir o Leandro Assis no Instagram há alguns anos, com a série de quadrinhos intitulada “Os Santos”, que ele escrevia em colaboração com a escritora Triscila Oliveira.
É uma parceira de milhões, pois Leandro, roteirista profissional premiado (é dele o fantástico “A mulher invisível”, com o Selton Melo, lembra?) via os comportamentos bizarros das classes mais endinheiradas do nosso país e tentava fazer uma crítica. Mas foi em conjunto com Triscila, que já foi empregada doméstica, que a crítica social ficou mais verossímil e sensível.
Continue reading “Confinada”A pediatra

Voltei do Brasil com uma pilha de autores brasileiros que queria muito ler! Um deles foi a aclamada “A pediatra”, de Andrea del Fuego. Muita gente das minhas redes sociais gostou e recomendou; basta dizer que o texto da quarta capa foi escrito por ninguém menos que a Fernanda Torres (também trouxe um livro dela, pois não a conheço ainda como autora).
Começando pelas trivialidades (importantíssimas para mim…rsrs): a capa é belíssima e a edição, primorosa. Não esperava menos da Companhia das Letras, mas nunca é demais elogiar uma publicação caprichada, né?
Continue reading “A pediatra”O DIA EM QUE VISITEI UM PRESÍDIO LGBTQIA+

Essa foi uma das experiências mais impactantes da minha vida.
Há alguns dias fui ao Brasil para ver meus queridos em Campinas e em São Paulo. Também passei 3 dias em Belo Horizonte, minha cidade do coração, onde tenho irmãos por escolha.
Um deles é o meu amado Tio Flávio (ele não é meu tio de verdade, mas usa esse nome desde que era professor de pós graduação em marketing, quando o conheci — desde então, assumiu como marca), que sempre me acolhe na sua casa e me leva para conhecer um mundo novo e ampliar minha visão de como as coisas funcionam fora da minha bolha. Ele tem projetos sociais que envolvem mais de 1000 voluntários.
Continue reading “O DIA EM QUE VISITEI UM PRESÍDIO LGBTQIA+”Os sete maridos de Evelyn Hugo

Já fazia tempo que acompanhava o premiado “The seven husbands of Evelyn Hugo”, de Taylor Jenkins Reid, em listas de mais vendidos e recomendações literárias diversas. Aí, quando vi que era o livro de dezembro no Clube do Livro de Münster, fui obrigada a lê-lo. Não teve outro jeito.
Na história, Evelyn é uma ex estrela de Hollywood dos anos 1950 que, perto de completar 80 anos resolve dar uma entrevista exclusiva a uma revista de variedades, com a exigência de que o trabalho seja feito por Monique Grant, uma jornalista não tão experiente, apesar de talentosa (o que causa certa estranheza na editora do veículo). Estão todos em polvorosa porque a atriz está recolhida há décadas sem falar com a imprensa.
Continue reading “Os sete maridos de Evelyn Hugo”O homem que falava serpentês

Nossa, preciso demais compartilhar esse achado incrível! Encontrei “The man who spoke snakish” (tradução livre: “O homem que falava serpentês — ou a língua das cobras”), do estoniano Andrus Kivirähk, num sebo maravilhoso em Kreuzberg chamado Another Country (dica do querido Ricardo Beggiato).
O autor é um jornalista, contista, escritor de livros infantis e foi premiado por essa obra na França. Gente, como pode uma pessoa ter tanta imaginação?
A história se passa na Estônia, num tempo indeterminado que mistura vilarejos da Idade Média com humanos ancestrais.
O protagonista, chamado Leemet, vive na floresta onde quase não dá para ver o céu, e vai contando a história de sua família.
Continue reading “O homem que falava serpentês”Para educar o seu nariz

Sempre fui fascinada em entender como nossos sentidos nos ajudam a perceber o mundo; essa compreensão é fundamental para quem se interessa por criatividade e inovação, pois o tema está diretamente relacionado à maneira como a gente expande nosso repertório e desenvolve novas ideias.
Pois o olfato é um dos nossos sensores mais poderosos; nosso narizes têm neurônios dentro — é o único sentido com acesso direto ao nosso cérebro (leia aqui a resenha de dois livros que exploram melhor a questão: Gastrofísica e O Cheiro das Coisas).
Agora imagine como fiquei feliz ao ser convidada para fazer parte da turma piloto do workshop que meu querido amigo Caio Mecca montou em conjunto com a competentíssima Stephanie Caires.

Caio é engenheiro químico e criou o primeiro blog de resenhas e perfumes do Brasil (aqui o link); mora em Berlim há alguns anos e já foi nosso entrevistado no Berlim Tech Talks.
Continue reading “Para educar o seu nariz”Kindred

Nada como ter amigas cultas e antenadas, né? Pois tenho o privilégio de ter a Ariane de Melo (escritora, que usa o pseudônimo C.A. Saltoris) e a maravilhosa jornalista Noemia Colonna. Foram elas que me apresentaram o termo afrofuturismo (já tinha ouvido falar, mas não sabia exatamente o que era).
Pois o afrofuturismo combina elementos de ficção científica, ficção histórica, realismo mágico e arte africana em obras artísticas em suas várias formas. Na literatura, um de seus expoentes é a americana Octavia E. Butler, que eu não conhecia.
Octavia (1947-2006) ganhou vários prêmios de ficção científica e comecei a ler sua obra pelo romance “Kindred” (numa tradução livre seria algo como “Parentesco”, mas no Brasil o título foi traduzido como “Kindred: laços de sangue”).
A história é dessas em que você começa e não consegue mais largar.
Continue reading “Kindred”
Comentários