Mais uma obra que chega às minhas mãos graças à Valéria Bernardelli Jansen, do Clube do Livro de Münster. Dessa vez é “Oração para desaparecer”, de Socorro Acioli.
Eu tinha gostado muito do seu livro anterior “A cabeça do Santo” (resenha aqui) e, quando soube que a autora tinha lançado mais um romance, pedi para a Valéria.
A Socorro é professora universitária e tem uma cultura sobre os costumes e lendas do Brasil vasta e aprofundada; ela usa esses elementos como ninguém em suas histórias.
Para mim, que não sou religiosa ou mística, “Oração para desaparecer” é uma fábula belíssima — mas tem potencial para que pessoas mais espirituais que eu tenham uma leitura com mais camadas e significados.
A história começa de uma forma bem inusitada: a protagonista e narradora da história se descobre sendo desenterrada em um quintal por um casal de idosos, numa pequena aldeia, em Portugal.
Ela está suja, fraca, machucada, nua e sem cabelos. Também está faminta e não se lembra de nada; nem seu nome, nem como foi parar ali.
O casal trata tudo com relativa naturalidade, como se fosse uma tarefa da vida. Eles explicam que a família da mulher, chamada Florice, tem como missão receber pessoas que brotam da terra de tempos em tempos.
Eles recebem um aviso (um telefonema ou carta) informando o lugar e eles desenterram e cuidam até que a ressurrecta (que é como eles chamam essas pessoas) se lembre ou consiga tocar a própria vida.
Como a protagonista não se lembra de nada, eles dão a ela o nome de Cida e a tratam como uma filha.
Cida tem sonhos estranhos, sentimentos que ela não consegue explicar, visões, e, mais que tudo, quer entender o que aconteceu. Ela fala como uma brasileira, então, não é portuguesa. Como foi parar enterrada, lá do outro lado do oceano, sem nenhuma memória.
Mas a vida vai seguindo e Cida conhece Jorge, um diplomata moçambicano adotado pelos parentes de Florice, estudioso desse fenômeno (o dos ressurectos) que o intriga desde criança.
Os dois são atraídos de maneira irresistível, mas, para continuarem juntos, Cida tem que descobrir quem ela foi, o que deixou para trás e porque atravessou o mundo sozinha e sem respostas.
Sem isso, Jorge amará uma estranha que ele não faz ideia de quem é. Pode ser que Cida tenha outra vida e outro amor (que de vez em quando lhe aparece em sonhos). Os dois partem para desvendar esse mistério no litoral do Brasil, numa aldeia onde a igreja local está sendo tragada pelas dunas.
Olha, não vou dar spoiler, mas a história é linda.
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