Mais um contículo criado a partir de 3 palavras achadas aleatoriamente no dicionário.
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Dagoberto não conseguia abrir os olhos, de tão inchados. Na cabeça, parecia que a bateria da Mangueira estava se apresentando para os jurados; era como se as suas têmporas tivessem virado uma passarela do samba. O sabor clássico de cabo de guarda-chuva invadia todo o seu sistema digestivo. As pernas pareciam um pouco indolentes e a barriga apresentava uma trilha sonora com o melhor do hip-hop.
A noitada parecia ter sido boa mesmo. Se ao menos ele se lembrasse de alguma coisa poderia saber a causa do estranho comportamento do seu cachorro Mário César. MC, que sempre fora um doce, agora teimava em repudiar seus carinhos.
Talvez a presença daquela ovelha descabelada, do pônei fantasiado de pirata e da banheira cheia de bonecas Barbie vestidas de noiva tivessem algo a ver. Ou aquela moça de cabelo azul abraçada num bebedouro de metal dormindo ao lado da cômoda, logo atrás daquele sujeito magrelo sentado de olhos fechados completamente estático, em posição de lótus, com um faisão se equilibrando sobre sua cabeça.
Teria que esperar a chegada de Gorete, sua faxineira e melhor amiga, para saber a explicação. Ela sabia de tudo e de todos (e ainda dava aulas de húngaro nas horas vagas).
A misteriosa senhora era sua última esperança, sua biografia em versão audio-livro. E ele queria saber muito o que iria acontecer no próximo capítulo.
Bem que Gorete podia chegar logo; Dagoberto estava cada vez mais apreensivo com o olhar da ovelha.
Mal sabia ele que sua personal sacerdotisa tinha morrido atropelada por uma manada de búfalos enlouquecidos enquanto esperava o ônibus; no momento do ataque ela se distraía pensando justamente sobre a loucura do mundo de hoje.
Clotilde Fascioni
Hahahahah, não eh por nada não, mas parece que tu tambem bebesses o “poche” servido nessa festa <.))))))))))<
Muito legal, adorei!