Gente ciumenta, todo mundo sabe, é um problema. Problema para quem tem ciúme, claro. Sofre, agoniza, perde a razão e não mede esforços para ser desagradável, hostilizar, chantagear e desrespeitar o outro em todas as oportunidades. Ciumentos são incansáveis e não desistem até atingir seu objetivo, que é perder o ente amado.
Exemplo: um ciumento doentio faz o quê? Persegue, espiona, desconfia, chateia, inferniza o infeliz alvo de seu afeto até que ele desista e vá viver sozinho ou procurar outra pessoa, pois não aguenta mais tanta aporrinhação. Tudo é motivo para briga, desentendimento, barraco, constrangimento.
O que a pessoa ciumenta não entende é que se seu objeto de apego não quiser mais ficar com ela, ele não vai ficar mesmo e não há nada nesse mundo que possa impedi-lo. Pode até amarrar o pobre no pé da mesa e colar um selo de propriedade, mas o pensamento é livre e não está no controle de ninguém. Além do quê, sonhar ainda é de graça. É impossível prender o coração se ele quiser voar (ou fugir, no caso).
O que fazer, então, para não perder o grande amor? Ora, o óbvio. Empenhar-se para que ele não QUEIRA ir embora. Ou seja, fazendo tudo ao contrário do que o ciumento faz: tornando a vida da pessoa mais agradável, entregando valor para ela, preocupando-se com seu bem-estar, respeitando a liberdade dela, valorizando-a, confiando nela, fazendo com que cada momento ao seu lado seja memorável e encantador. Quem ama de verdade mesmo, faz isso com prazer e naturalidade. E não perde noites torturando-se com a suspeita de bilhetinhos imaginários escondidos em algum lugar.
Mas ciúme é um sentimento e, por isso, totalmente emocional, ilógico, teimoso, instável e cego. Pessoas, quando têm algum problema de auto-estima (acham que não são boas o suficiente e sentem-se ameaçadas por alguém fictício que possa ser melhor) fazem coisas idiotas. Sabotam-se. Dão chiliques. E precisam buscar ajuda.
Mas empresas e organizações não podem ser emocionais, não podem ser desequilibradas. Elas têm que raciocinar, pensar, analisar. Elas têm que entregar valor. Não podem ter surtos de ciúme doentio e ataques nervosos. Não podem querer resolver a questão no braço, na força bruta ou na base do decreto. Não podem ir às vias de fato querendo dar porrada na rua. Não podem chantagear quem as sustenta e ainda querer ter razão.
Se elas infernizarem a vida do cliente, ele vai embora batendo a porta com toda a força. Vai correr desesperado para os braços de outrem (e se o concorrente capricha nos mimos, mais difícil ainda para essa alma tão maltratada resistir aos encantos do desconhecido sedutor). E a empresa ciumenta vai à falência, desempregando pessoas, desonrando contratos, esgotando-se na sede de vingar-se dos competidores.
É sério.
Pena que há algumas organizações que nem assim conseguem enxergar o óbvio pugilista, aquele que aparece e dá um soco na cara para ver se acorda os distraídos. Né, senhores taxistas? Operadoras de telefonia e Internet, restaurantes, lojas, bancos…
Mais alguém?…
Ênio Padilha
Que texto sensacional. E que abordagem genial. Parabéns, Lígia. Só não posso dizer que me surpreendi.
De qualquer forma, sinto que preciso passar um pente fino em todas as ações e comportamento da nossa empresa, pra ver se não estamos, em alguns casos, sendo ciumentos. Tomara que não.
ligiafascioni
Com certeza sua empresa não é ciumenta não. Certeza…rsrsrs
Obrigada, querido 🙂