Nós e Balenciaga

Olha só como as ideias viajam pelo mundo e vão parar em lugares insuspeitados!

Em 2009, a Unisul promoveu um workshop de design em parceria com a Universidade de Firenze (Itália) e a Universidade de Tecnologia de Eindhoven (Holanda). Os professores dessas universidades vieram orientar um workshop de design que durou quase um mês e tive a oportunidade de participar como professora convidada. Trabalhei com 3 alunas: as ótimas Maíra Scirea, Isabelle Kowalski e Claudia Peterle.

O curso de moda também estava participando, então a ideia era criar roupas inovadoras para a empresa Mormaii, parceira do projeto.

Bom, o conceito do nosso trabalho final foi o seguinte: desenvolver uma roupa que não fosse descartável e pudesse ser customizada e personalizada como algo único para o indivíduo. A roupa deveria participar da trajetória da pessoa ao longo de toda a sua vida. O primeiro paralelo que fizemos foi com a pele, nossa roupa mais básica, que registra nossas interações com o mundo sem perder nenhum detalhe.

E se a roupa também pudesse mostrar as marcas das nossas emoções, como a pele já faz? Na verdade, bom seria poder trocar uma pela outra, como uma espécie de versão fashion de “O retrato de Doryan Gray” (mas isso já é elucubração minha). Se a roupa pudesse deixar registrados todos os nossos movimentos rotineiros, como a pele faz, formando marcas e rugas, ela seria única no mundo e parte da história de quem a usaria. Ela só seria emprestada para alguém que pudesse contribuir com nossa história, como um filho, por exemplo.

Bom, definida a ideia central, partimos para a prototipação, que era experimentar materiais que pudessem deixar registrados os movimentos; o primeiro teste foi cobrir uma camiseta com massa corrida, como dá para ver na foto abaixo.

Eu experimentando a camiseta de massa corrida e as meninas não gostando muito do resultado...rsrsr

Depois a gente acabou aplicando cola sobre lycra preta e colocando no freezer para craquelar (esses experimentos científicos fazem a gente testar cada coisa…). O resultado ficou mais discreto e aplicável; a gente pensou que ele poderia ser usado comercialmente se fosse desenvolvido algum tipo de produto que pudesse ser aplicado sobre o tecido e registrasse as marcas, mas sem estragá-lo. Pois bem, isso foi há 4 anos.

Semana passada, uma das orientadoras do programa nos mandou um e-mail de uma foto do Pinterest com a coleção 2013/2014 do celebrado estilista espanhol Balenciaga. Dá só uma reparada no modelito…

Balenciaga para a coleção 2013/2014

Aahahahah… não é bacana? Não, nenhuma de nós está achando que isso é plágio ou algo do tipo. A gente nem conhece bem o conceito da coleção do estilista e acho pouco provável que ele tenha tido acesso ao nosso projeto (eu mesma penei para achar um vídeo perdido no Youtube). Para quem trabalha com roupas e tecidos, era só uma questão de tempo para chegar a esse resultado, que, afinal, nem era nada de tão espetacular assim.

A questão é que as ideias voam, viajam, pululam, vivem, multiplicam-se e isso é lindo!

De qualquer maneira, para nós era só uma ideia que nunca iríamos colocar em prática, pois foi apenas um exercício de aprendizado. A empresa parceira também nunca manifestou a vontade de desenvolvê-la, de maneira que a pobre da ideia ia passar o resto da vida no limbo, não fosse essa iniciativa (que nem sabemos se vai dar certo, pois ainda é bem conceitual).

Mas achei essa coincidência divertida e uma amostra prática de como com tanta gente tentando ter ideias originais ao redor do mundo, elas acabam se esbarrando um dia.

Segue uma foto da equipe (foi uma delícia trabalhar com as meninas; sinto muitas saudades desse trabalho tão divertido e proveitoso!) e um vídeo que fizemos para apresentar o conceito do projeto, onde dá para ver melhor o teste com a massa corrida.

Equipe visionária criando tendências para o futuro da moda...rsrsrsr: Eu, a Isabelle Kowalski, a Maíra Scirea e a Claudia Peterle.

Cada cabeça uma peruca

Pois bem; essa loja em Nuremberg resolveu inovar para valer: eles criaram uma personalidade para cada uma das cabeças neutras e sem graça adicionando acessórios: óculos, lenços, gravatas, laços, etc. Cada cabeça parece guardar uma história e um estilo diferente; e ainda tem homens, por sinal super descolados, coisa que nunca tinha visto em loja de peruca.

Vovô modelo

A história é a seguinte: um grupo de 5 jovens estilistas recém-formados abriu uma empresa e o avô de uma das moças, o sr. Liu Xianping, de 72 anos, resolveu vestir as roupas para testar as combinações. A questão é que o vovô vanguardista tinha um talento até então insuspeitado, pois sabia muito bem combinar as criações da turma com muito charme. A neta adorou (quem não adoraria?) e ele virou modelo oficial da grife.

Para lavar roupa suja brincando

Olha só que ideia maluca, engraçada e muito ousada o designer Sang-soon Lee teve para inscrever no concurso Electrolux Design Lab; ele ficou entre os 30 finalistas (tem outras coisas interessantes, olha aqui). Ele bolou uma máquina de lavar roupas em forma de bambolê; enquanto você rebola, sua roupa fica limpinha. Taí uma boa parceria entre academias de ginástica e lavanderias, não acha?