Para não dizer que não falei das flores

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De vez em quando me dá um certo desespero quando vejo notícias do Brasil e pessoas que ganham R$ 15 mil por mês fazendo greve, então acabo não resistindo fazendo comparações bem duras.

Mas não queria deixar a impressão de que aqui é o paraíso e o Brasil está fazendo tudo errado. Tem algumas coisas em que o nosso país está bem mais evoluído, viu?

Só para constar:

1. No Brasil, os caixas de supermercado nos chamam pelo nome e ainda ajudam a gente a embrulhar as compras. Aqui parece que eles estão participando de um concurso para ver quem passa as coisas mais rápido pela esteira (dá a impressão de que eles foram treinados a não gastar mais do que 18 segundos por cliente…eheheh). Quando você vê, já passou tudo e ele está esperando você pagar bem rapidinho, pois o próximo está esperando. Aí é se equilibrar com sacolas (que você trouxe de casa) e tentar colocar tudo dentro de qualquer jeito para não trancar a fila. Loucura.

2. Também reparei que a nossa legislação de embalagens parece mais completa. Esses dias comprei umas castanhas ótimas. Cheguei a virar a embalagem do avesso, mas não consegui descobrir de onde eram. Aqui também não tem como saber se um produto tem ou não gordura trans, pois cada embalagem aparentemente informa só o que a empresa quer a respeito do produto.

3. Os serviços de atendimento ao cliente ficam devendo bastante aos do Brasil. No meu prédio, por exemplo, se eu precisar perguntar qualquer coisa à empresa que administra, tenho que ligar às segundas das 13 às 15 horas; terças das 8h30 às 11h40 ou sexta das 14h às 18 horas. Não é o horário melhor para o cliente, é o horário melhor para a funcionária que cuida disso (e se ela tira férias, tem que esperar que volte).

4. Quando me mudei, a internet levou 20 dias para ser ligada remotamente (que era mais rápido) e não funcionou. Como o suporte é só em alemão, fiquei 40 dias sem conexão, esperando o Conrado voltar de viagem para poder resolver.

5. Não importa que você resolva tudo pela internet ou por telefone; a empresa sempre fará questão de lhe mandar várias correspondências, totalmente dispensáveis, pelo correio comum. Eles adoram papel…

6. Em Berlin quase não há grandes supermercados (só nos bairros bem afastados, mesmo assim não é um Angeloni ou um Big da vida). Sempre são mercadinhos pequenos com poucas coisas; várias sem preço. E nunca abrem aos domingos.

7. Os apartamentos não têm área de serviço (eles acham que não precisa). Sim, você tem que se acostumar a viver sem um tanque e com a máquina de lavar roupa na cozinha ou no banheiro (onde couber).

8. Depois das 5 da tarde você chega na padaria e ela está praticamente vazia de produtos. Eles vendem os pães do dia e não fazem mais 🙁

9. Tem um carrinho bem bacaninha para limpar as calçadas (tipo um aspirador de pó gigante). Mas acho que ele só passa uma vez por mês…

10. Nossa, o povo fuma demais, é impressionante! Já estava desacostumada com isso. Assim dá para ver como as campanhas anti-fumo no Brasil estão funcionando, pelo menos, que eu saiba, ninguém mais acha bonito sair soltando fumaça como chaminé…

Tem mais, claro. Paraíso não existe, né gente? E nem vou falar que aqui não tem pão na chapa, misto quente, coxinha, empadinha, pão de queijo e pastel de feira.

Sorte tenho eu, que posso curtir um pouquinho de cada lado….

Oskar e a dama de rosa

Lá se foi mais um livrinho daquela coleção fofa de livros de bolso encadernados com tecido metalizado e fitinha de seda para marcar. A história da vez mais parece sessão da tarde (de fato, fizeram um filme baseado no livro).
Mas olha, recomendo que todo mundo leia a história do Oskar, viu? Seria melhor para todos…

Estação tipográfica

Continuando a série sobre estações de metrô, olha só que bacana essa aqui: na Westhafen (U9), as artistas Françoise Schein e Barbara Reiter imprimiram letras e sinais tipográficos por toda a estação, fazendo experimentos variados com forma, agrupamento e alinhamento na composição. O texto usado é a Declaração Universal dos Direitos do Homem (traduzida para o alemão, claro).

Menu infantil

Aqui em Berlin o povo tem mania de comer uma pizza inteira sozinho (aliás, acho que na Europa; uma vez comi uma pizza em Zurique e era assim também). Ela vem no tamanho de um prato grande (no Brasil seria o equivalente a uma pizza média) e é difícil de dar conta; menos que isso, só se comprar em fatias, que nunca é tão gostoso.

Vai daí que dia desses entrei num restaurante e vi que, no cardápio, tinha pizza no menu infantil. Ôba, pensei, vou pedir uma dessas e finalmente conseguirei comer uma pizza inteirinha. Fui toda feliz pedir a versão para gente pequena; a garçonete me atendeu com uma risadinha marota e só depois que ela serviu é que entendi.

O metrô e a borboleta

Isso aconteceu de verdade esses dias, e queria compartilhar para não esquecer. Foi tão lindo…

Estava no metrô indo para a aula (e lendo), quando uma borboletinha amarela pousou na página aberta. Levei um susto e tentei pegá-la (metrô não é lugar de borboleta!). A pobre voava que nem louca, tentando sair do vagão. Um moço tentou espantá-la, mas a maioria queria era capturá-la para acabar logo com a agonia da lindinha. Bom, passaram-se várias estações com várias pessoas tentando espantá-la quando a porta abria, mas a bobinha nunca conseguia.