Assino várias newsletters de sites de design, mas nem sempre consigo dar conta de ler tudo. Mas na semana passada recebi um texto da Before&After Magazine que achei interessante compartilhar aqui. Um amigo do designer John McWade pediu para que ele lhe desse algumas dicas de pontos que deveriam ser levados em consideração na contratação de um profissional. Segue, abaixo, uma tradução livre (o texto original está aqui).
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1) Paixão, visão e automotivação. Sem essas qualidades, você estará arrastando uma pedra. Você precisa de alguém com quem compartilhar a sua visão. Nada pior do que um designer tipo “o que você quer que eu faça agora?“. Bem, existe sim. Alguém melindroso e confuso também.
2) Vocabulário. Um líder criativo deve ser capaz de articular o que está acontecendo e porquê, em linguagem que você e seu staff possam entender. Se você começar a escutar termos vagos como “pop” e “impacto“, faça-o explicar o que isso significa. Procure ouvir algo como “se nós fizermos A e B, podemos esperar C“. Isso não é trivial.
3) Inteligência inquisitiva. Procure por alguém curioso acerca de tudo e que aborde a vida com senso de deslumbramento. Similarmente, quero alguém que invista tempo para aprender sobre minha empresa e quais as questões são importantes.
4) Boas competências conceituais. Existem muitas maneiras de conseguir qualquer objetivo de design definido. Competências conceituais encontram justamente aquelas novas e interessantes. Você pode criar uma situação hipotética e pedir para ele apontar três caminhos possíveis. Prepare-se para sair de sua caixa; os melhores conceitos são, muitas vezes, não reconhecíveis logo de cara.
5) Portfólio. Com ele você irá saber em 15 segundos o nível de competência de um designer. Compare o que você considera excelente com o que o sujeito está lhe mostrando e não se comprometa. Se ele estiver abaixo da linha que você está procurando, encerre polidamente a entrevista e continue a busca.
6) Projetos. Se você observar vários trabalhos únicos, não importa o quão atrativos sejam, eles não lhe dirão muito. A maioria dos designers pode criar peças muito interessantes. Procure projetos completos – websites, material impresso e sinalização, por exemplo, que tenham uma identidade comum e cujo propósito seja claro. Esse é o tipo de trabalho mais difícil de visualizar, organizar e executar.
7) Experiências no mundo real. A ênfase aqui é no “real”. Sempre pergunte sob que condições o projeto foi concebido. Como o designer interagiu com o cliente? Qual era o papel de cada um? Qual era o limite de tempo? Revisões? Orçamento? Peças fantásticas no portfólio são menos desejáveis do que bons projetos feitos sob condições reais. Se você encontrar ambos, comemore!
8) Competências em produção. O designer precisará conhecer bem os processos produtivos ou saber quem os conhece para contratá-los. Nada irá fazê-lo mais lento do que não estar apto a fazer as coisas que você quer que aconteçam acontecerem. Então, é melhor alguém que entenda de tipografia do que alguém que só saiba digitar. Da mesma maneira, é preferível alguém que entenda códigos de programação para web do que alguém que saiba apenas usar o Dreamweaver.
Notas diversas:
* É imprescindível que as personalidades sejam compatíveis. Nunca contrate alguém assumindo que ele irá mudar ou você conseguirá mudá-lo.
* Se vocês dois se entenderam bem, uma boa idéia é estabelecer um período de experiência. É que a pessoa pode ser qualificada e compatível, mas por alguma outra razão pode não fazer o trabalho bem feito, seja por uma questão de ritmo, estilo ou algum mal-entendido. Seja como for, dê-se ao menos 90 dias para experimentar. Trabalhos criativos vêm de amor, paixão e relacionamentos. E isso não pode ser falso.
* Considere a possibilidade de contratar e trabalhar a distância. O tipo de trabalho que um designer faz é perfeito para isso. Já trabalhei com designers por 20 anos sem nunca ter me encontrado pessoalmente com eles.
* Última coisa: Não faça questão de um diploma de graduação. Apenas metade dos designers que contratei até hoje tinham graduação. A diferença nas competências é bastante sutil. Minha experiência pessoal é que as pessoas que não possuem diploma tendem a ser mais disciplinadas no seu trabalho.
E, como tudo na vida, sempre há exceções.
renata rubim
Perfeito, excelente !
Beijo,
Renata
Tamara
Muito bom!!
beijoss
Thiara Meneses
Ótimo texto 🙂
Luiz Zamboni
Sou designer gráfico e cocordo com tudo .
Que bom que esse mundo ainda não está perdido…rs
Luiz Zamboni
“A diferença nas competências é bastante sutil. Minha experiência pessoal é que as pessoas que não possuem diploma tendem a ser mais disciplinadas no seu trabalho”
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Falou bsteira agora, é totalmente o contrário do que se vê por aí, as pessoas que nâo estudaram são aquelas que menos dão valor a conceção e pesquisa, ao método são aquelas que pegam um modelo e saem fazendo, copiando au já iniciam um projeto pelo layout, sem olhar em volta.
Lígia Fascioni: Oi, Luiz! Também achei estranho (minha experiência também é diferente). Mas não se esqueça que esse é um texto traduzido e reflete a experiência do autor, que mora em outro lugar e vive outra realidade. As coisas não são iguais em todos os lugares e as pessoas têm percepções diferentes das coisas. É saudável, para um designer, ter a cabeça aberta para esse tipo de diferença de pontos de vista, você não acha?
Edgard
Na verdade, a tradução mudou o sentido da frase. Achei estranho também e olhei o original:
“I have observed, speaking broadly, that the college people tend to show better discipline in their work.”
Lígia Fascioni
Oi, Edgard!
Você tem toda razão, a tradução ficou errada (tem um “não” a mais que mudou o sentido). Vou cortá-lo já, muito onrigada!
E desculpem o furo, tá pessoas? Da próxima, vou prestar mais atenção!