Sabe uma história bem contada, inusitada e cheia de reviravoltas? Pois é, “The hundred-year-old man who climbed out of the window and dissapeared“, do sueco Jonas Jonasson, é dessas. O autor, um respeitado jornalista que resolveu largar tudo e se mudar para um sítio na Suíça e escrever o romance, é muito imaginativo.
Allan Karlsson, o protagonista, nasce numa pequena cidadezinha da Suécia em uma família miserável, a ponto de ir trabalhar numa fábrica de explosivos com apenas 10 anos de idade. Seu pai foi um idealista incorrigível e até certo ponto, muito ingênuo. Essa característica foi herdada pelo filho, que desenvolveu um talento único de sempre falar as coisas erradas nas horas mais impróprias. O que não o impediu de viver uma vida longuíssima cheia de aventuras ao redor do globo, ter um papel importantíssimo no desenrolar de guerras diversas e interagir com líderes mundiais do naipe dos presidentes americanos Truman e Nixon, do líder soviético Stálin, do chinês Mao Tse Tung, entre outros. Até um irmão bastardo (e meio retardado) de Einstein entra na história como seu melhor amigo.
O nonsense de Allan é a coisa mais deliciosa do livro; ele explode coisas e constroi bombas aparentemente sem a real noção das consequências de seus atos. Depois de tantas reviravoltas, no dia de seu aniversário de 100 anos, ele foge do asilo e se envolve e mais uma aventura deliciosa, dessa vez acompanhado de outros personagens não menos interessantes, de um cachorro e de uma elefanta chamada Sonja.
Para se ter uma ideia do perfil de seus companheiros de aventura, Benny, o dono de um quiosque de cachorro quente, ficou quase 30 anos na universidade fazendo diversos cursos porque ganhou uma bolsa de estudos do tio milionário que queria que ele e o irmão recebessem a fortuna apenas depois de ter um diploma universitário. Como Benny adorava estudar e não queria a fortuna, fazia o curso até o penúltimo semestre, onde abandonava e começava outro (para desespero do irmão, pois a fortuna seria repartida apenas quando os dois estivessem formados). Eis que esse personagem era um quase-médico, um quase-advogado, um quase-arquiteto, um quase-veterinário, um quase-historiador e mais um monte de quases variadíssimos, que o fizeram esgotar toda a fortuna do tio na sua eclética formação. E ainda tem um investigador de polícia carente emocional, um bandidão dono de uma gangue de traficantes, um velho com fama de ladrão e mais outros tipos curiosos.
O livro vai contando a vida do personagem principal em capítulos alternados com a aventura atual de um jeito muito leve e divertido; daria um bom filme.
Taí uma história boa para ler na rede num dia lindo de primavera. Recomendo demais.
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Nota: Descobri que uma editora portuguesa já traduziu a obra e ela está disponível em algumas livrarias brasileiras.
mundi
there is a recent movie about this book:
http://www.imdb.com/title/tt2113681/