O que sucede?

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Já faz um bom par de semanas que escrevi um texto citando o Tim Brown onde falava sobre os benefícios de cercar-se de pessoas bem-sucedidas (leia aqui) e até hoje recebo e-mails de gente reclamando da abordagem “elitista”, “preconceituosa” e claramente “interesseira”.

É possível que seja uma pessoa só com vários endereços falsos e uma pia de louça vazia em casa, mas vai que são várias mesmo, né? Pela quantidade de mensagens desaforadas, desconfio que o problema é que talvez não tenha ficado suficiente claro o conceito de sucesso.

Ok, então vamos lá.

Sucesso, minha gente, é um substantivo derivado do verbo suceder, que quer dizer acontecer, realizar. Ou seja, sucesso é o que acontece, o ocorre, o que se produz, o que se realiza. Quando a gente fala que uma pessoa é bem sucedida, significa que aconteceu aquilo que ela queria que acontecesse (ou melhor, na maioria esmagadora dos casos, ela fez acontecer).

Vai daí que, como cada um quer que aconteça uma coisa diferente, varia muito o que cada um considera sucesso.

Para alguns, ter sucesso é ganhar muito dinheiro. Se a pessoa queria muito isso e fez acontecer, ótimo. Sucesso!

Para outros, sucesso é ter saúde e tranquilidade. Certamente conseguir isso dá bastante trabalho, pois exige auto-conhecimento e disciplina, no mínimo. Que ótimo se o bem-sucedido conseguiu; abração e parabéns para ele.

Tem gente que tem como objetivo principal na vida encontrar alguém para dividir a existência; quando encontra, é um sucesso cheio de coraçõezinhos.

Há quem não possa considerar uma vida bem-sucedida sem filhos. Outros não prescindem de viagens. Alguns não abrem mão de amigos ou família como principal critério. Há os que necessitam traduzir as conquistas no currículo profissional. Há os que querem tudo isso e ainda precisam de um Maverick 1975 todo original e restaurado na garagem para dar o trabalho por encerrado.

Enfim, sucesso é um conceito totalmente elástico e adaptável. O sujeito pode estar morando numa favela e se achar o rei da cocada preta porque conseguiu namorar a menina mais bonita da comunidade. Outro, que costuma faturar todo mês um milhão de dólares, pode se sentir um fracassado porque a média no primeiro trimestre foi só 600 mil. Enfim, o sucesso, como quase tudo na vida, é total e absolutamente relativo.

E não tem certo ou errado. Se a pessoa considera sucesso ter joias, carro importado e roupas de grife, por que não? É do sucesso dela, não do seu, que estamos falando. Cada um sabe o que é melhor para si e define seus próprios critérios para considerar que chegou lá (lembrando que há tantos “lá” quanto habitantes na face da terra).

Além do mais, o ser humano cresce, passa por mudanças, vive experiências, e acaba mudando de opinião, de gostos, de referências, de objetivos e do que considera sucesso também.

Então, quando escrevo que faz bem se cercar de gente bem-sucedida e a pessoa lê que só gosto de gente fina, rica e elegante, o conceito de sucesso dela é que está distorcido, não o meu.

Admiro gente que sabe o que quer e faz acontecer. E se ainda não descobriu o que quer (normal) ou não consegue fazer acontecer, segue buscando, em vez de colocar a culpa nos clientes, no chefe, no destino, no governo, no mercado, no capitalismo, na lua que está em saturno, na mocinha da novela, no gosto musical dos vizinhos, nos invejosos que não largam do seu pé, nos chatos do Facebook ou até mesmo nos textos de blogueiras elitistas…

Sucesso, minha gente, é algo pessoal e intransferível.

Faça o seu.

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Caso interesse saber, veja aqui a A chave do fracasso.

A síndrome do público em geral

O objetivo da marca é seduzir clientes e fidelizá-los. Não tem como seduzir todo mundo e as empresas devem colocar isso na cabeça de uma vez por todas! É preciso escolher quem se quer seduzir, estudar seu comportamento, entender o que é valor para esse público e descobrir, na sua própria essência, o que pode ser usado como base para um relacionamento duradouro.

Na prática, a teoria é mais divertida!

Nesse feriado tive o privilégio de participar do workshop Inovação + Design Thinking promovido pela dupla dinâmica Maria Augusta Orofino e Maurício Manhães, da InnovaService. Foram dois dias para descolar os neurônios, como disse uma participante. Uma coisa é estudar inovação e design thinking em livros, outra bem diferente é desenvolver um produto inovador na prática.

Eles começam os trabalhos falando do conceito da VaCa RoSa, acrônimo para a técnica de Variação Cega e Retenção Seletiva. A variação cega parte da metáfora baseada no darwinismo, onde a natureza faz variações aleatórias sobre um tema (ou, no caso, ser vivo) e a retenção é feita seletivamente, pelo desempenho de cada uma. Então, no começo houve girafas pescoçudas, orelhudas, linguarudas e até estrábicas. As características que tiveram desempenho melhor e contribuíram para a sobrevivência da espécie foram reproduzidas, fazendo esses animais, hoje em dia, terem pescoços e orelhas bem desenvolvidos. Mas, no começo da variação cega, não havia como saber como ia ser a forma final da girafa.