A elegância do ouriço
Confesso que a primeira vez que vi “A elegância do ouriço“, de Muriel Barbery, fiquei curiosa por causa do título, mas a lista de desejos literários era tão grande que acabei deixando para depois. Então ganhei a dica da Raquel (leitora do blog) e mergulhei com vontade. Nossa, que coisa mais linda de se ler. Dá até pena quando a história acaba…
O livro é narrado por duas personagens principais, cada uma com sua visão do mundo: uma zeladora (que em francês tem o chiquérrimo nome de concierge) de um prédio de milionários em Paris e uma menina que mora no tal prédio.
As duas são cultíssimas e filosofam o tempo todo, cada uma do seu jeito (a autora, não por acaso, é professora de filosofia).
A zeladora, que vive num corpo comum de uma mulher gordinha, baixinha e não especialmente bela nos idos de seus 54 anos, é cultíssima e das poucas pessoas do lugar que realmente sabem apreciar o belo e entender o sentido da arte. Ela divide o apartamento com um gato chamado Leon, em homenagem a Tolstoi. Mas como ninguém espera que uma zeladora leia Kant ou ame ópera, Renée (é o nome dela) tem que disfarçar ao máximo para não chamar atenção e incomodar os moradores que se acham gênios intelectuais. Assim, desenvolveu um certo talento para fazer cara de parva e dizer frases com erros gramaticais, o que fica bem engraçado quando a gente sabe o que vai dentro da cabeça dela.
A menina, chamada Paloma, tem 12 anos e é inteligentíssima. Não aguenta a futilidade da vida de seus pais e em especial de sua irmã mais velha, que está fazendo doutorado em filosofia na Sorbonne mas não consegue mais que gastar a gramática com discussões banais recheadas de palavras pretensamente profundas. Paloma está tão desencantada que resolveu se suicidar e botar fogo na casa (para ver se o povo acorda) quando fizer 13 anos. Ela não quer vítimas, quer apenas que as pessoas acordem e parem com o teatrinho cotidiano que a irrita. Ela só mudaria o plano se descobrisse um sentido na vida…
É quando entra na história um japonês elegante que consegue entender as duas e salvar ambas de si mesmas. Belo, belo, belo e belo, é o que posso dizer.
Já descobri que a autora publicou outro livro antes desse, vou já atrás. Depois eu conto!
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