A analfabeta

Desde a primeira vez que pus os olhos sobre “Die Analphabetin”, da Agota Kristof, foi encantamento à primeira vista. É que agora, conseguindo ler um pouco em alemão, já me sinto uma semi-analfabeta. Mas quando cheguei aqui, há quase um ano, a sensação de ver as placas nas ruas, propagandas e vitrines era exatamente essa. Olha, posso garantir que não é nada agradável.

O grande caderno

O livro “Das große Heft” (O grande caderno) de Agota Kristof, conta a história de dois meninos que são deixados pela mãe na casa da vó, por causa da guerra. A avó é uma bruxa daquelas horrorosas, mas os meninos (gêmeos) têm uma capacidade de adaptação impressionante. Eles conseguem conviver com a megera e passar pelos horrores da guerra aparentemente incólumes. Recomendo.

Arte ou vandalismo?

O babado é a seguinte: em Berlin há pedaços do muro em vários pontos da cidade, deixados de propósito, para que as pessoas se lembrem por onde ele passava. Pois um desses lugares é a Potsdamer Platz, um lugar que ficou por muitos anos abandonado; era um grande descampado com um muro passando no meio.

Vai daí que algum turista engraçadinho resolveu colar um chiclete mascado no muro. Outro viu, gostou e copiou. E assim é o ser-humano: o troço virou moda e não duvido que alguém vá até a esquina comprar chiclete só para mascar e colar lá.

Como não escrever um perfil

Não faz muitos anos, a pessoa só precisava descrever suas competências profissionais no currículo (mesmo assim, só quando precisava achar um emprego). Hoje, além da fila andar muito mais rápido, tem muita gente trabalhando de maneira autônoma ou como pessoa jurídica.

Vai daí que quase todo mundo que está no mercado precisa se apresentar profissionalmente de maneira resumida, seja em sites, blogs, redes sociais, palestras, artigos, entrevistas ou até, veja só, o bom e velho currículo.

O que tenho visto é que tem um povo por aí misturando as coisas e compromentendo seu futuro profissional por pura desinformação (e, muitas vezes, por falta de noção também).

A única língua que o diabo respeita

Até Satanás tem medo dessa língua, pelo menos é o que dizem do húngaro (e eu acredito); na aula de alemão tinha uma menina húngara que nos falou que eles têm 15 casos de declinações! E eu reclamando dos 4 do alemão, que faz todo mundo (inclusive os nativos) arrancar os cabelos. Isso sem falar na complicação que devem ser as regras de acentuação (eles têm dois acentos agudos em cima de uma letra, parece um trema riscado, além do trema propriamente dito).

Para que não se percam mais Turings

Hoje aconteceu a Parada Gay aqui em Berlin, mais conhecida como Christopher-Street Day. O nome vem de uma rua de New York, onde, em 28 de junho de 1969, num bar chamado Stonewall, houve a primeira manifestação pública contra a homofobia. Com o tempo, vários países da Europa adotaram o final de junho para fazer a festa (o Brasil também).

Nesse ano, mais um motivo chama atenção para o fato: hoje é também o aniversário do nascimento de Alan Turing, precursor da informática e um dos maiores gênios matemáticos que a Inglaterra já produziu. Todo mundo que trabalha com informática já ouviu falar da Máquina de Turing, um protótipo de um dos primeiros computadores. Alan inventou o conceito de algoritmo e, além disso, era filósofo. Durante a Segunda Guerra Mundial ajudou os militares a decifrar os códigos criptografados dos nazistas com a máquina criada por ele chamada Enigma.

"d" minúsculo com muito orgulho (e coerência)…

Sábado, dia 6 de junho, vai ser aberta a 13a edição da dOCUMENTA, talvez a mais importante exposição de arte contemporânea do mundo. O evento acontece a cada 5 anos na cidade alemã de Kassel, a mais ou menos 400 km de Berlin.

A exposição dura exatos 100 dias e movimenta artistas, colecionadores, curadores, críticos e todo o povo que faz e acontece na cena das artes ao redor do globo.