Se alguém me perguntasse qual é a maior invenção da história da humanidade, eu diria que é o método científico.
Deixa esclarecer direito como o negócio funciona: você tem uma ideia para explicar algum fenômeno ou acontecimento. Aí você bola um experimento que corrobore essa sua ideia. Você faz o experimento, recolhe e analisa os resultados e então conclui se esses resultados ajudam ou não a fundamentar sua ideia (que no método científico chamamos de teoria). O próximo passo é submeter o artigo a estudiosos do tema e publicá-lo em algum veículo científico credenciado.
Observe que o experimento precisa ser reproduzível por outros pesquisadores, por isso precisa ser documentado segundo regras específicas. Só assim é possível chegar aos mesmos resultados e fundamentar os argumentos para defender a teoria.
Note que o método científico não prova nada, ele apenas fortalece a confirmação de uma teoria. Se você é dessas pessoas que adora usar a expressão “cientificamente comprovado”, reveja essa prática. O método científico não produz provas, apenas evidências de que aquela teoria procede. A única área da ciência que consegue produzir provas definitivas e absolutas (ou seja, o resultado previsto acontecerá com certeza em 100% dos casos) é a matemática. Todo o resto aponta para a validação de uma teoria, mas não é tecnicamente uma prova.
É perfeito? Não. Ainda tem muitos erros e estudos tendenciosos? Sim. Pode melhorar? Definitivamente sim. Mas, até agora, a meu ver, é o que mais ajuda a gente a separar ciência de crença; estudos e conclusões sérias de achismos; debates fundamentados de debates facebookianos.
Por que estou falando isso? Porque, apesar das evidências, há muitas pessoas que acreditam que a mudança climática nada tem a ver com a ação humana. Vamos então analisar isso do ponto de vista do método científico.
Segundo a cientista americana especializada em atmosfera Katharine Hayhoe, 97.1% dos estudos científicos publicados em revistas especializadas corroboram a teoria de que o ser humano tem alguma responsabilidade sobre as mudanças climáticas que vêm ocorrendo no planeta e que essas mudanças tendem a ser cada vez mais drásticas. E apenas 2.9% dos artigos advoga o contrário, seja defendendo que as mudanças não são tão danosas, seja afirmando que elas aconteceriam independente da presença e atuação do ser humano.
Pois bem, alguns cientistas resolveram então replicar os experimentos apresentados nesses 38 artigos contrários e… supresa! Nenhum conseguiu reproduzir os resultados apresentados. Todos continham algum tipo de erro ou imprecisão que invalidavam as conclusões (o artigo e a análise completa estão nesse link).
Ainda assim, há quem duvide que a ação humana tenha algo a ver com as mudanças climáticas.
Essas pessoas têm todo o direito de acreditar no que quiserem: que vacina provoca autismo, que a terra é plana, que o homem não foi à Lua, enfim, qualquer coisa.
Isso acontece porque crença, ao contrário do método científico, não exige nada: nem provas, muito menos estudos, experimentos ou mesmo análises. Para uma crença existir, só uma condição se faz necessária: que alguém acredite nela.
Aí, cada um escolhe acreditar no que quiser. Eu escolho acreditar no método científico.
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