Mesmo tendo lido depois de adulta, confesso que adorei “O mundo de Sofia”, do Jostein Gaarder. Daquelas obras que você vai devorando sofregamente e depois fica com pena que acabou. Depois ainda teve “O dia do curinga”, “Maya” e “Através do espelho”, todos ótimos.
Não dá para dizer o mesmo de “Bibbi Bokkens magische Bibliotek”, que ele escreveu junto com Klaus Hagerup. Verdade seja dita: não é culpa do livro, que é muito bom. É que Jostein escreve basicamente para adolescentes e pré-adolescentes e depois de ler duas ou três obras dele e tantas outras de outros autores, fica difícil não desvendar a trama logo no começo e pouco se surpreender com as reviravoltas da história, que ficam previsíveis para quem é “macaca velha” como eu.
O livro, escrito em 1999, ou seja, antes da internet ser um meio popular de comunicação, conta a história de dois primos: Nil, um rapaz de 12 anos, e Berit, uma menina de 14. Ambos noruegueses (como os autores), eles passam as férias em Fjærland, cidadezinha onde a menina mora.
Por sugestão de uma amiga comum, resolvem trocar cartas em um caderno depois que ele volta para Oslo. Funciona assim: Nil escreve o que viveu nos últimos dias e manda para Berit pelo correio; ela recebe, escreve e envia de novo. Bem pouco prático em tempos de internet, mas com certeza uma brincadeira que eu iria curtir de fazer com minhas primas se tivesse tido a ideia antes.
A questão é que aparecem uma mulher misteriosa com algumas coisas em comum entre os dois; cartas esquecidas, bilhetes achados, envelopes roubados. Aparecem outros personagens misteriosos também e as coisas ficam tensas. Os acontecimentos e enigmas estão sempre relacionados ao amor de ambos pelos livros e pelo histórico da tal mulher (a Bibi Bokkens do título), que é bibliotecária.
A missão deles é desvendar o mistério que cerca uma biblioteca mágica que guarda todos os livros publicados até hoje (uma versão moderna na Biblioteca de Alexandria, ó sonho!) e mais: os que ainda são apenas esboços e ainda serão publicados. No caminho, conta a história dos incunábulos (livros publicados logo depois da invenção da prensa móvel, por Gutenberg) e o sistema de classificação decimal por assuntos criado por Dewey.
Se você tem algum pré-adolescente em casa que gosta de ler, não perca a chance. E se você mesmo também curte essas adoráveis pilhas de papel encadernado, mergulhe sem medo.
Marciane Faes
Olá Lígia!
Tenho pra contar que “há bibliotecárias em tudo que leio” (parodiando Titãs-há flores em tudo que eu vejo), encontrei ontem referência ao título “A bibliotecária de Auschwitz”, de Antônio Iturbe. Esse título tem repercutido por aí?
Ligia Fascioni
Oi! Nunca ouvi falar, fiquei curiosíssima! Vou pesquisar. Obrigada pela dica <3