Natal cor de abóbora

Cheguei em Berlin dia 25, às 4 e meia da tarde, e já era noite. Fiquei encantada com o clima e as luzes (que foram acesas bem no dia em que cheguei, exatamente um mês antes do natal). Nossa, como é que pode uma cidade mudar tanto de uma estação do ano para outra?

No verão a cidade é toda verdinha e o dia vai até às 10 da noite. Agora, estamos no outono e as folhas estão caindo o tempo todo; ficam lindas antes da queda, completamente alaranjadas (algumas são de um vermelho bem vivo) e às 3 e meia já começa a escurecer. Com bosques inteiros de folhas caindo na rua, o serviço de limpeza quase não dá conta de recolhê-las todas; dá gosto de ver o tapete.

Necedade, noitada e bacteriano

Bom, primeiro já vou avisando que não tem erro de digitação não: é necedade mesmo. Eu também não sabia que essa palavra existia, mas necedade significa ignorância, estupidez ou tolice (vejam como esse blog também é cultura!).

Dito isso, vamos a mais um contículo criado a partir de 3 palavras achadas aleatoriamente num dicionário (esse é bem rápido porque a agenda está cheia).

Festival das luzes

Todo ano, no mês de outubro, entre os dias 12 e 23, tem o Festival das Luzes em Berlin. Como volto ao Brasil amanhã (vou ficar um mês trabalhando), peguei só o comecinho, mas vai rolar um monte de coisas até o dia 23, quando acaba.

Durante esse período, vários pontos da cidade (mais de 80), recebem uma iluminação especial e Berlin, já naturalmente bela à noite, fica ainda mais bonita. Tem umas instalações interessantes, como uns bancos de praça fluorescentes que são bem legais. O tema desse ano é “Faces de Berlin” e eles montaram, na Potsdamer Platz, uma máscara gigante de gesso branco, onde foram projetadas várias faces na abertura e ficou show mesmo.

Ele chutou o pau da barraca 95 vezes…

Esse fim de semana teve um passeio da escola para conhecer a cidade de Wittenberg. Na verdade, a cidade se chama Lutherstadt Wittenberg, ou “Wittenberg, cidade de Lutero”.
Apesar de eu não ser nem um pouco ligada em assuntos religiosos, a impotância histórica desse lugar não é pequena não.

Wittenberg tinha um mosteiro onde Lutero estudava e o sujeito ficou muito p* da vida quando viu que a igreja católica aproveitou a invenção da prensa de Gutenberg para vender indulgências (ja falei sobre isso aqui). O negócio fez tanto sucesso que vendia como pão quentinho. Em vez de pecar e depois ter que confessar, fazer penitências e toda essa coisa chata para garantir um lugar no céu, bastava comprar esse papelzinho, que era uma espécie de salvo-conduto. Ou seja, quem era rico podia se esbaldar nas delícias pecaminosas do nosso mundinho recém chegado à era renascentista.

Mefisto adoraria saber

Agora me dei conta de que não contei uma curiosidade interessante sobre Leipzig. É que um dos moradores mais ilustres da cidade foi ninguém menos que o maior nome da literatura alemã, o célebre Johann Wolfgang von Goethe. Goethe morou na cidade entre 1765 e 1768, quando estudava direito.

Pelo visto, o célebre morador (que naquele tempo era um anônimo) passava muito tempo numa taberna subterrânea em uma rua do centro da cidade, tanto que a usou como cenário de seu poema épico mais famoso, Dr. Fausto.

Na verdade, Dr. Fausto é uma antiga lenda alemã muito usada como base alegórica de romances; mas foi Goethe que a tornou conhecida no mundo todo. O tal Dr. Fausto é um professor atormentado em busca do conhecimento; ambicioso, ele se dá conta de que não vai conseguir aprender tudo o que sonha. Eis que surge em cena o diabo, ou, nessa versão, Mefistófeles (Mefisto para os íntimos).

Como Leipzig mudou a história

Nossa, às vezes fico assustada com a minha ignorância sobre história. Ainda bem que o Conrado sabe muito e me explica os lances todos. Lembro que em 1989, quando caiu o muro de Berlin, eu fazia estágio, estava enlouquecida com as provas de eletrônica do último semestre da faculdade e os preparativos da formatura; um perfeito modelo da alienada. Soube que o tal famoso muro tinha caído, mas não ficou nenhum registro além. Agora, pouco a pouco, vou conhecendo os outros capítulos e tendo uma ideia da dimensão do acontecimento.

A gente passou o último final de semana em Leipzig, no coração da Saxônia, e aprendi muita coisa. E me comovi, me emocionei muito, cheguei até a chorar. Visitamos o museu da cidade que conta um pouco da história com fotos, imagens e objetos.

Sobre a Bauhaus

Como hoje é feriado aqui na Alemanha (data da reunificação), aproveitamos o fim de semana para dar uma volta de moto. O destino era Leipzig (breve posts a respeito), mas resolvemos passar em Dessau, que ficava no caminho, para conhecer a primeira escola de design da história, a Bauhaus.

Na verdade, a Staatliches Bauhaus começou em Weimar em 1919 (ainda vou até lá, está na lista). Walter Gropius, o cérebro por trás do negócio, convidou artistas e arquitetos para bolar um jeito de projetar produtos já pensando em como seria a produção em série desses objetos. Tinha gente do naipe de Paul Klee, Wassily Kandinski, Marcel Breuer e Mies van der Rohe, só para citar alguns mais conhecidos. A ideia era que curso permeasse a arquitetura, a arte e o design, sem subdivisões entre essas áreas (Viu gente? No começo era essa coisa linda, todo mundo junto, sem brigas!). O processo criativo acontecia por meio de workshops, com muita experimentação (célula embrionária do design thinking).

Mais um episódio: mercado de pulgas

Dessa vez vamos conhecer um pouco do fascínio que os alemães têm por feirinhas de coisas usadas chamados Flohmarkt (plural: flohmärkte) que significa, literalmente, mercado de pulgas.

Gente, tem de tudo mesmo, não é brincadeira não; se duvidar, até pulga adestrada a pessoa corre o risco de encontrar num lugar desses. Na cidade tem um montão dessas feiras, mas a mais famosa, bacana e divertida é a que acontece no Mauer Park, em Prenzlauerberg. Vem dar uma voltinha e ver como é que a coisa acontece.

Impossível coisa nenhuma

Há um tempo, inspirada pelo filme Alice, comecei a exercitar a criatividade tentando imaginar uma lista de coisas impossíveis pelo menos uma vez por semana. Cheguei até a criar uma categoria (clique em ideias impossíveis na nuvem à direita se quiser ver toda a produção), mas a tarefa acabou se revelando dificílima; faz um tempo joguei a toalha, mas quero ver se consigo retomar a prática.

Pois numa dessas elucubrações, pensei numa bolsa que tivesse perninhas para andar ao nosso lado sem precisar ser carregada ou empurrada. Até desenhei a ideia (veja o post com essa e as outras ideias aqui).