Quando soube que a PAC World (conferência sobre proteção, automação e controle no sistema elétrico) seria em Sofia, capital da Bulgária, confesso que fiquei muito curiosa. Nossa empresa sempre participa desse evento e, nos anos anteriores, em Ljubljana e Wroklaw, as supresas foram muito boas.
Sofia é uma senhora muito, mas muito antiga mesmo. Instalada num vale cercado por belíssimas montanhas, o lugar é habitado há nada menos que 7 mil anos! Foi destruída e reconstruída inúmeras vezes e passou a se chamar Sofia (uma mártir cristã) em 1376. Em 1382, a cidade foi conquistada pelo Império Otomano e se tornou turca; durante mais de 4 séculos foi cheia de mesquitas, fontes termais e banhos turcos.
Sofia foi conquistada pelos russos em 1878 e logo em seguida se tornou independente. Na Segunda Guerra, a Bulgária começou do lado da Alemanha, mas depois passou para os Aliados. Com o final da Guerra, por influência da União Soviética, o país tornou-se comunista, fazendo parte do bloco de países alinhados do Leste Europeu. A arquitetura brutalista dos prédios dessa época constrastam muito com o período anterior.
Desde a queda do Muro de Berlim a Bulgária é capitalista e hoje faz parte da Comunidade Europeia, mas ainda não adotou o Euro (penso que ainda não cumpriram os requisitos); a moeda lá se chama Lev.
Como todos os países que passaram pela Cortina de Ferro, a Bulgária ainda está se recuperando economicamente (o incentivo financeiro da UE com certeza tem ajudado bastante). Os transportes, estradas, aeroporto e infraestrutura básica parecem muito bons. Dá para ver, pelo volume de novas obras, que a cidade está crescendo rapidamente, mas ainda se observa que a maioria dos prédios residenciais está praticamente desmoronando por falta de conservação.
O Conrado só ficou chateado porque aparentemente pão não faz parte da dieta deles; de fato, andei bastante pela cidade e, pelo menos na região central, só consegui ver uma padaria bem pequena (o pão do hotel era de forma e bem seco; nos cafés não tinha nada que parecesse com nossos pães). Outra coisa que me chamou atenção foi que não vi supermercados. A maioria do comércio é formada por quiosques com bebidas e cigarros; eventualmente uma quitanda ou mini-mercado.
Talvez não seja um destino turístico de primeira opção, mas com certeza a sra. Sofia é calma, bela, culta, arborizada, bem formada, fotogênica, com uma história de vida muito interessante e cheia de possibilidades. Se tiver a chance de ir, aproveite.
Agora vamos ao que interessa: as fotos! Tentei não repetir as que já publiquei no Instagram, pois várias vão aparecer no top 10 de junho aqui no blog.
Achei estranho que o coquetel de abertura da conferência aconteceu num hotel que, durante a construção descobriu que havia um anfiteatro de dois mil anos por baixo. Eles simplesmente incorporaram à arquitetura e achei um pouco blasé demais apoiar taças de vinho em ruínas milenares. Mas depois entendi um pouco o motivo. É que nessa cidade, você chuta uma moita e aparece uma ruína milenar. Tem ruína na estação do metrô, no meio da rua, entre prédios, em tudo quanto é canto.
Outra coisa que me impressionou foi a falta de supermercados (não tivemos muita sorte com a comida; fomos a restaurantes razoáveis, mas estavam bem abaixo da média em termos de sabor). Fiquei pensando onde é que esse povo comprava mantimentos, aí me deparei com a Feira das Mulheres (Zhenski Pazar). Uma feira enorme, cheia de frutas, legumes e verduras frescas e lindas. O único supermercado que vi na cidade ficava na rua da feira e era bem modesto.
Por último, o Boulevard Vitosha é um calçadão de comércio. O bacana é que eles conseguiram inserir bares e restaurantes em cubos de vidro e o resultado ficou ótimo. Não atrapalha o fluxo e integra esses locais de convívio à paisagem.
Heloiza Grando
Obrigada. Adorei o passeio.