Uma cidade rica, toda caprichada nos mínimos detalhes, cheia de imigrantes (na parte latina vi uns mercadinhos portugueses de dar água na boca) e histórias. Antuérpia é uma surpresa sem fim.
Comecei pelo Stroom Museum, que, de cara, já causou alguma confusão. É que em alemão, Strom é corrente, energia, fluxo. E o flamengo, falado aqui, tem muitas semelhanças com a língua de Goethe; dá até para entender algumas coisas. Então fui eu toda feliz visitar o museu da energia (ou da eletricidade) pensando “nossa, deve ter uns geradores bacanas!”.
Tolinha. O Stroom Museum (mais conhecido como MAS – Museum aam de Stroom) é um museu sobre o fluxo, mas o fluxo migratório. É que boa parte dos belgas em particular e dos europeus em geral, fugiram da guerra por meio desse porto. O museu conta a história dos refugiados e não dá para entender porque a história não para de se repetir e a gente não aprende nada com a experiência. Nas primeira e segunda guerras mundiais, famílias foram separadas, crianças foram perdidas, pessoas foram pisoteadas ou morreram na travessia, enfim, tudo o que a gente acompanha hoje em dia pelo noticiário. Do Porto de Antuérpia saía a linha marítima mais frequente rumo aos EUA: a Red Star Line. Tem até um museu dedicado a ela, mas não tive tempo de visitá-lo. A vista do topo do prédio é maravilhosa; não imagino um começo melhor para a visita.
Outro ponto que chamou bastante atenção (a maioria das cidades antigas tem) foi o Grote Markt, ou a praça central da cidade, onde fica a prefeitura e os principais prédios. O lugar é lindo e está muitíssimo bem preservado, como todo o centro histórico!
Os museus também são maravilhosos, sem falar nos palácios e construções históricas mais antigas; só consegui visitar a casa onde morou e trabalhou até a morte o pintor barroco Peter Paul Rubens e, olha, recomendo. Cada detalhe das lareiras (uma em cada cômodo), os móveis, a sala de pintura, os jardins; é tudo de encher os olhos.
Por último, por indicação dos queridos Fabiano e Sílvia, que moram na cidade há 8 anos, fui conhecer a escada rolante mais antiga do país. Já tinham me recomendado a passagem pelo túnel de pedestres que passa embaixo do rio Shelde que corta a cidade para comer batatas fritas do outro lado, mas eu não tinha conseguido encontrar a entrada (discretíssima).
O que ninguém tinha falado e não tinha lido em nenhum guia eram as tais escadas rolantes, todas originais, com tirinhas finas de madeira nos degraus (lindas!!! Não há como ignorar o finíssimo trabalho de design e engenharia). O túnel tem 572 m de comprimento (olhaí uma solução para Florianópolis) e, além das escadas rolantes, inauguradas em 1933, também conta com um elevador para quem vai de bicicleta. São 31 metros de profundidade e o túnel é todo bem iluminado, com gente indo e voltando o tempo todo.
A questão é que terei que voltar; ficou faltando um monte de coisas, incluindo as famosas cervejarias, mais museus e parques, além de visitas aos nossos amigos. Também não vi nada sobre diamantes (não sou muito ligada em joias), mas o processo de lapidação pode ser interessante.
Enfim, quando for, reserve tempo. Fiquei 3 dias e a sensação é de quero mais!
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