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A extinção das abelhas

Esse livro me foi recomendado por vários perfis literários que sigo nas redes sociais, então aproveitei a vinda da minha irmã do Brasil, há alguns meses, e pedi para minha querida trazer.

A extinção das abelhas” é de Natalia Borges Polesso, uma premiada autora brasileira ganhadora do prêmio Jabuti por outra obra (“Amora”, que ainda não li). Ela já tem vários títulos traduzidos e publicados publicados em vários países.

Achei duas coisas especialmente interessantes nesse livro; a primeira é que o capítulo sempre termina com uma frase em aberto que vai ser fechada pelo título do capítulo seguinte. A segunda é que praticamente todos os personagens são mulheres.

Nossa protagonista, Regina, foi abandonada pela mãe aos 8 anos de idade e criada pelo pai até os 15, quando ele morreu. A mãe foi embora com o circo, para fazer o papel de monga, a mulher barbada. 

Guadalupe, a mãe, é um espírito livre. Não se prende a nenhum lugar e nem a ninguém; simplesmente vai caminhando pelo mundo sem nenhum compromisso, seja material ou emocional. O único contato que a filha tem é uma foto com a mãe semi vestida de monga, com a máscara de macaco nas mãos e os amigos do circo ao redor dela — mandada para o pai.

A filha acaba ficando sozinha na casa que morava com o pai e tenta levar a vida. De alguma forma ela consegue estudar e ter uma gatinha, chamada Paranoia. O casal de vizinhas, Denise e Eugênia, são fundamentais para essa base familiar que ela nunca teve. As duas são mães de Aline, mais nova que Regina — era como se Regina fosse a irmã mais velha.

Regina vai se virando com empregos enquanto o mundo entra em colapso — até num site do tipo only fans a moça se arrisca. No meio disso, apaixona-se por sua orientadora de mestrado, Paula, 20 anos mais velha (nessa parte da história, Regina tem 40). Mesmo sem poder, a protagonista acolhe uma senhora idosa na sua casa, mas uma tragédia acontece. 

A economia vai de mal a pior, os governos vão segmentando algumas áreas e bloqueando outras para isolar e proteger os mais ricos. As abelhas morrem e não há comida para todos, os agrotóxicos envenenam a maior parte da população.

A segunda parte do livro é de chorar; são recortes de notícias mundo afora descrevendo o fim do mundo como o conhecemos (para a maioria das pessoas; como sempre, quem tem mais dinheiro, consegue algumas regalias); são mudanças climáticas, pandemias, crises econômicas e políticas, enfim. Tudo aquilo que a gente já conhece. Até a estrela Betelgeuse explode e aparece como um outro sol, para complicar ainda mais as coisas.

Na terceira parte, a região onde Regina e suas vizinhas moram é bloqueada (significa que vai ser evacuada e destruída —então as pessoas precisam fugir). Aline está estudando em Londres. Como não há mais sinal de celular, ninguém sabe o que está acontecendo.

Regina consegue ser resgatada por um grupo de mulheres e elas vão lutando juntas para sobreviver nesse mundo cada vez mais hostil e complexo.

Olha, o livro é bem escrito, tem partes bem poéticas, mas é uma distopia bem dura e sem esperança. Se você não está numa boa fase, não recomendo. Confesso que só foi até o fim porque o livro só tinha 300 páginas e eu já estava na metade quando avaliei se valia a pena continuar.

Mas a autora tem méritos pela escrita. Se você quiser ver com seus próprios olhos, é só clicar nesse link e adquirir seu exemplar na Amazon do Brasil.

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1 comentário

  1. […] Resenha do livro “A extinção das abelhas”, de Natalia Borges Polesso. A resenha escrita está nesse link. […]

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