Os últimos dias foram puro banquete para os olhos! Graças ao convite dos queridos amigos empreendedores Angela e Roberto Langer, da Langer Naturholzmöbel GmbH, para quem tive a honra de fazer a marca gráfica, pude visitar Milão pela primeira vez. E, olha, foi um delírio!
Aproveitei a oportunidade para conhecer pessoalmente a queridíssima Fah Maioli, coolhunter profissional, cujo livro, Manual do Coolhunter: métodos e práticas, já resenhei aqui. A Fah mora em Milão e é a simpatia em pessoa. Ela me incluiu num grupo de italianos (io capisco abastanza, ma no parlo niente…rs) e mostrou o caminho das pedras logo no dia da chegada. A linda selecionou algumas das principais atrações do Fuorisalone e nos levou para conhecê-las, sempre enfatizando os aspectos sensoriais que deviam ser observados para detectar tendências. A Fah não apenas acompanha e orienta grupos durante o evento, como também ministra workshops o ano todo na cidade e na Côte D’azur, principalmente para foodlovers; vale muito a pena ir lá no site da moça dar uma olhada no monte de coisa bacana que ela oferece!
Mas e esse tal de Fuorisalone, o que é exatamente? Eu tinha uma ideia vaga que misturava a Feira do Móvel em Milão, mas não tinha noção do tamanho da coisa, pois ninguém tinha desenhado para mim.
A Feira
Vamos lá então: A Feira Internacional do Móvel de Milão nasceu em 1961 para promover a exportação de móveis italianos. O negócio deu tão certo que se tornou a maior feira do mundo nesse ramo, com 207 mil m² e de espaço para exposição e mais de 2,5 mil empresas participando. O complexo, gigante, belo e funcional, fica no distrito de Rho, um pouco afastado do centro. A infraestrutura é excelente, e mesmo com o formigueiro humano, tem metrô e ônibus para todo mundo; a coisa toda flui de uma maneira surpreendente. Eu passei apenas um dia visitando a feira e fiquei bêbada de tanto ver coisas. Para ver tudo mesmo, acho que precisa de uns três dias. Eu perdi de ver várias coisas que tinha interesse porque não deu tempo e queria mais era andar na rua…rs
Claro que sempre tem muito do mesmo, móveis que seguem as mesmas linhas de sempre e que não diferem nada do que a gente vê nas lojas. Tem também muita coisa maravilhosa, conceitual e também bizarra (o Pavilhão Lux, que eu achava que era Luz (iluminação), na verdade era sobre Luxo! E luxo, vocês sabem, é aquele ato desesperado de mostrar, de todas as formas possíveis, que a pessoa tem muito muito muito muito dinheiro mesmo, inclusive para desperdiçar).
Bom design é o contrário do luxo, como diz o grande designer italiano Bruno Munari, então acho que tiveram que colocar esse povo num pavilhão separado para não fazer mal para a vista…hahahah. Preciso dizer que foi a parte da feira que achei mais divertida, dada a variedade com que o mau gosto e o exibicionismo desmedidos banhados em ouro podem se manifestar!
O Fuorisalone
Bem, a partir dos anos 1980, aproveitando o tanto de gente que visitava a cidade para a feira do móvel, foram surgindo, meio que espontaneamente, eventos paralelos. O negócio tomou uma proporção gigantesca e o Fuoriosalone inclui, hoje, a Milan Design Week, o mais importante evento de design do mundo. O bacana é que nada é centralizado; as empresas e grupos vão se organizando de maneira totalmente colaborativa e independente; a prefeitura, que não é boba, dá o apoio.
Para se ter ideia, esse ano o Fuorisalone está organizado em 11 itinerários distribuídos entre os 8 distritos de design diferentes (que são os bairros), cada um com sua organização e programação, sem contar a feira propriamente dita. No total, somente esse ano, foram 1498 eventos em 6 dias! Pense! 1498 eventos na mesma cidade envolvendo design.
Toda a atmosfera se transforma e o design toma as ruas literalmente, de todas as formas possíveis! As grandes marcas alugam galpões, palácios, museus, castelos, enfim, tudo que houver, para mostrar suas novas coleções, apresentar performances, shows conceituais, instalações, enfim. Além de design, o que se vê muito é a mais pura arte contemporânea. Coisas que surpreendem, provocam e até incomodam. Bom demais. Os escritórios de design (gráfico, produto, moda, etc) e lojas também não ficam de fora: abrem seus espaços para brunchs, mini palestras, demonstrações, recepções; só coisa boa!
Tentei compartilhar algumas coisas que vi e achei imperdíveis, mas não consegui visitar todos os distritos e eventos (isso é humanamente impossível). A maior parte do material foi publicado em tempo real no Stories e no Instagram, então vou procurar não repetir as mesmas fotos aqui no blog; se quiser ver as outras, clique aqui.
ÊNIO PADILHA
Obrigado, Lígia, por mais essa viagem. Nunca estive na Itália, mas, nos meus cursos e aulas sempre digo que arquitetos e designers precisam ir a Milão pelo menos uma vez na vida. Agora temos a prova definitiva. Agora, quando eu der essa recomendação, darei também o link deste post.
ligiafascioni
Só o tanto que eu devo a você em assessoria de imprensa, daria tranquilamente para pagar a viagem…hahahahahaah
Graça Taguti
Ligia! Aula de criatividade e inovação em camadas! Belíssimo evento este, que certamente levará também para os seus workshops no Brasil. Parabéns. E obrigada pelo infinito deleite! Grande beijo, amiga.