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Estocolmo

Eis que finalmente foi a vez de conhecer essa cidade que nunca imaginei ser tão maravilhosa! Mesmo fazendo a lição de casa direitinho e pesquisando o que ver em Estocolmo, não estava preparada para o que eu vi nesse arquipélago mágico. Vejam com seus próprios olhos e me digam!

Primeiro, a viagem, que não podia ficar de fora: nós fomos e voltamos de trem de Berlim a Estocolmo num trem noturno, com camas e tudo. Cada cabine tem 6 beliches; como tem que guardar as malas dentro também, imagino que deva ser bem apertadinho. A gente optou por pegar uma cabine inteira só para nós e ficou bem confortável e foi só um pouco mais caro que a passagem de avião, lembrando que de trem a gente já chega no centro da cidade e não tem a questão do transfer, já que geralmente aeroportos ficam longe.

Depois de 17 horas de trem, chegamos nessa cidade muito mais colorida do que imaginei. Apesar do tempo nublado, tudo estava decorado no capricho para o verão. Flores, pássaros, esculturas; gente bem-humorada, prédios maravilhosos.

VASA

A primeira vez na vida que ouvi falar sobre o Vasa, eu ainda era criança. 

Meu avô tinha uns livros sobre curiosidades do mundo e lá contava a história de um navio que foi lançado ao mar em 19 de agosto de 1628 e não durou meia hora. No primeiro vento, tombou e afundou, levando para o fundo do mar cerca de 30 pessoas. O navio era luxuosíssimo e o rei fez questão de adorná-lo ricamente com esculturas de um artista alemão. 

O responsável pela construção (na época, não havia projeto) morreu quando ainda estava no começo; seu auxiliar não conseguiu recusar as alterações de mais canhões e ornamentos. 

O resultado é que o navio ficou muito alto para o pouco lastro. O tesouro ficou 333 anos no fundo no porto de Estcolmo, até que um engenheiro teimoso conseguiu içá-lo em 1961. 

O lodo e a água gelada tinham preservado quase tudo intacto— só perdeu as cores e algumas partes não estruturais. 

A carcaça e cada detalhe de madeira ficaram 17 anos sendo banhados com jatos de uma substância conservante e mais 9 anos secando. Em 1990 esse museu foi inaugurado e eu vibrei quando soube! Quem poderia imaginar que um dia poderia ver essa maravilha com meus próprios olhos? 

Mesmo com temperatura e umidade reguladas, os próprios visitantes (milhares por ano), contribuem com a deterioração desse delicado artefato. Não se sabe quanto tempo ele ainda vai durar, apesar de todos os cuidados.

Mas sou muito grata de ter tido essa oportunidade…

Além do Vasa, visitamos um barco farol (o vermelho que aparece na foto) e um quebra gelo, que abre caminho para os outros barcos navegarem no inverno, quando as águas congelam.

Também visitamos o museu dos naufrágios (esse achei mais fraquinho), que ficava na mesma ilha.

No fim do dia, o sol apareceu timidamente e rendeu fotos bacanas!

NÃO PODIA FALTA: BIBLIOTECA!

No terceiro dia o céu amanheceu fechado de novo. E eu tinha planos de visitar duas bibliotecas; descobri que a municipal estava fechada para reforma. Mas, para minha sorte, a Biblioteca Nacional da Suécia estava reformando apenas a fachada. Pensa num lugar maravilhoso! E livros antigos ao alcance das mãos. Achamos livros com registros de alunos de 1419 da Universidade de Rostock; alunos matriculados na Universidade de Viena em 1344! Pensa!

Depois fomos na ala nova (eles conseguiram fazer um “puxadinho” sem ferir a arquitetura belíssima do prédio original e visitamos a Bíblia do Demônio. Reza a lenda que esse manuscrito medieval gigante pesando 75 kg (90 cm x 50 cm) foi escrito numa única noite por um monge da região da Boêmia (hoje República Tcheca) com a ajuda de um demônio, que inclusive aparece como uma das ilustrações. Mas, na realidade, estima-se que foi escrito e ilustrado por uma única pessoa entre 1204 e 1230. 

E além de partes da Bíblia, calendário de santos, partes da história do povo judeu, ainda inclui um tratado de medicina e artes.

A Suécia roubou o volume na Guerra dos 30 anos e nunca mais devolveu.

Na parte “nova” do arquivo, ainda encontramos a lista telefônica dos assinantes a partir de 1883!!

Amei demais conhecer essa biblioteca, mas já vi que vou ter que voltar para ver a outra!

HALLS DE ENTRADA

Mais um dia andando bastante na rua e muitas fotos; mas a luz estava péssima por conta do mau tempo.

Então fiz o que sempre faço em Berlim; comecei a olhar para dentro das portas de vidro dos prédios mais antigos. Esse truque sempre funciona! Olha só a coleção que eu consegui! Ainda bem que ninguém implicou comigo até agora; o Conrado faz que nem me conhece — mas jurou pagar a fiança e me resgatar se precisar…hahaha

AS ILHAS E A TROCA DA GUARDA…

Nesse dia o sol apareceu só uns 10 minutos, então a luz continuou inadequada para fotos. Gente, não sei explicar o quanto essa cidade é linda! Acho que é uma das mais belas que já visitei na vida; eu nem sei pra que lado olhar!

Estocolmo tem cerca de 2 milhões de habitantes e fica num arquipélago (a região tem cerca de 30 mil ilhas, de todos os tamanhos). A Gamla Stan é a ilha mais central e turística, onde fica o Castelo Real e mais alguns museus.

Tive a sorte de pegar a troca da guarda (puro acaso; vi um tropel de cavalos e saí correndo para ver o que era…rsrs) e descobri várias coisas interessantes; há moças na guarda real e todos eles (mesmo os mais altos) usam uma escadinha para subir no cavalo (animais belíssimos, aliás). 

A gente passeou de barco pelo arquipélago (quase 3 horas), mas o tempo estava super fechado; nem valia a pena fotografar. Mas o passeio foi incrível mesmo assim — muita gente mora nas outras ilhas.

Também aprendemos que o barco é o meio de transporte preferido entre abril e começo de outubro (quando a água não está congelada). São 200 mil embarcações registradas na cidade. Pensa!

FINALMENTE O SOL!

Hoje o sol até apareceu por uns momentos e caminhamos por uma ilha ao sul da cidade (Södermalm), de onde pode se ver a principal ilha, Gamla Stan e outras menores, além da ilha maior ao norte (Norrmalm). Fomos até a maravilhosa Fotografiska (dica dae andamos pelo belíssimo bairro. Até um mural de @osgemeos eu encontrei (procurei de propósito, pois ele estava no alto de um morro e eu tinha visto da ilha Skeppsholmen, que fica em frente). Como é incrível uma cidade distribuída num arquipélago! É como se fossem várias cidades diferentes, porém, com a mesma arquitetura.

MUSEU NACIONAL DA SUÉCIA

Também visitei o Museu Nacional, com um acervo impressionantemente variado (além de lindo). 

São pinturas, esculturas, tapeçaria, joias, fotografias, gravuras, louças, e até móveis, que vão do século XVI até o XX. 

Na parte de pintura, tinha de tudo um pouco: Rembrandt, Manet, Monet, Roslin (os três primeiros quadros da sequência; não sabia que ele era sueco), Goya, El Greco, Renoir, Degas, entre outros. A família real, que doou a maior parte da coleção, não é fraca não…

Mas minha maior surpresa foi na exposição temporária; eu nunca tinha ouvido falar da sueca Hanna Hirsch Pauli e fiquei simplesmente hipnotizada pelas obras dela. 

Selecionei aqui algumas obras que mais me encantaram (eu amo retratos).

Pensa num par de olhos felizes até não poder mais!!!

Ilha de Djurgården

Em um dia belíssimo e aproveitei para caminhar pela ilha de Djurgården — desde a ponte do museu Nordiska até o castelo do príncipe Engens Waldemarsudde, que resolveu transformar seu palácio de verão em museu. Jardins palacianos com vista para o mar; tem coisa mais espetacular? 

Também flagrei mulheres mergulhadas em suas leituras; um casal que me serviu de modelo de varios ângulos diferentes; encantei-me com um jardim que tinha folhas brancas (incrível!) e até os fungos lindamente alaranjados em um tronco caído. 

CAVERNAS ENCANTADAS

eu tinha umas duas horas antes de fazer o checkout do hotel e qual foi a programação? Mergulhar nas profundezas do metrô de Estocolmo para descobrir suas maravilhosidades! 

Pena que eu não tinha o dia inteiro, pois precisei deixar várias estações de fora (segundo minha pesquisa). Mas também descobri outras que não estavam no roteiro. Vamos lá!

Algumas eu descobri por acaso; em Hallonbergen, achei super bacana eles fazerem de conta que a parede foi toda desenhada por crianças, além de outros equipamentos e cores que fazem tudo ficar mais divertido.

Pois é, inacreditável como estações de metrô podem ser galerias de arte. Em algumas estações, com cruzamento de linhas, não é muito óbvio; tem que procurar, como na Central Station. Mas se a pessoa fez a lição de casa, vai achar.

Olha aqui tudo mastigadinho para quando você for a Estocolmo; a Näckrosen também não estava na minha lista, mas quando aquele passarinho lindo passou na minha janela, tive que descer correndo…rsrs

Fico pensando que o Nobel não era sueco à toa; o inventor do dinamite economizou muito trabalho para os construtores do metrô, que tiveram que cavar túneis nessas rochas compactas. Adorei essas cavernas! E você?

Então é isso, pessoal! Eu não fazia ideia de quão linda é essa cidade! Amei demais essa viagem, obrigada pela companhia e até a próxima!

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1 comentário

  1. This travel log is so vivid and personal! I could almost feel the magic of Stockholm through the authors excitement. The details about the Vasa and the libraries are fascinating, and the enthusiasm is contagious. A truly delightful read!labubu live wallpaper

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