Confesso que mal tinha ouvido falar da capital da Eslovênia (e da própria Eslovênia) antes de viajar para participar da PAC World, uma conferência técnica na área de proteção e automação elétrica (fomos por causa de nossa empresa, a mergedK).
A cidade é uma verdadeira preciosidade; pequena, charmosa e cheia de amor aos detalhes. A melhor infraestrutura turística que já vi na vida! Tem até carrinho elétrico (esses de campos de golfe) para levar turistas com dificuldade de locomoção para passear no centro histórico. Banheiros limpíssimos e gratuitos, todas as pessoas do setor de serviços falando inglês fluentemente, informação farta, fácil e disponível, muita simpatia, capricho, história, cultura, verde e arte. Você pode alugar bicicletas, passear de barco, praticar Stand-up Paddle ou canoagem. Até um café de gatos achei; mesmo ficar à toa sem fazer nada é lindo naquele cenário. É o mais perto da perfeição turística que já experimentei. Sério. Devia servir de benchmark para todas as outras.
Bom, minha admiração já começou com a própria Eslovênia, que fez fez parte dos Impérios Romano e Bizantino e, veja só, também do Império Austro-Húngaro (não é à toa que sua arquitetura barroca e com influências do movimento Jungendstil estão presentes em todo lugar). Depois fez parte da antiga Ioguslávia; foi dos poucos países a conseguir sua independência, em 1991, sem guerra (a Sérvia, Croácia, Bósnia Herzegovina, Montenegro e Macedônia não tiveram a mesma sorte), talvez porque falem uma língua completamente diferente das outras. Aliás, essa é outra qualidade surpreendente: com pouco mais de dois milhões de falantes, eles conseguem produzir literatura, cinema, balé, teatro e obras de arte em quantidade e de qualidade impensáveis para essa escala. E o povo tem o maior orgulho (com razão) de conseguir conservar o exótico idioma. A própria Ljubljana (lê-se Liubliáná; o “j” tem som de “i”, como no alemão), com apenas 280 mil habitantes, consegue oferecer cerca de 10 mil exposições culturais por ano! Pense!
Bem no meio da cidade tem uma enorme rocha, onde fica um castelo (no sentido de fortaleza, não de palácio), datado do século XII. Em volta, passa o rio Ljubljanika, com suas dúzias de pontes de variados estilos. No centro histórico, em frente à Igreja Franciscana, existem três pontes lado a lado, uma bem pertinho da outra, chamadas Tromostovje. A explicação é que no início só existia uma ponte, mas a cidade precisava de um caminho para passar o trilho dos bondes. A ideia era demolir aquela e construir uma mais larga, mas o sensato e talentoso arquiteto Jože Plečnik (responsável pela maior parte das obras de urbanização depois da segunda guerra) achou que era uma pena desmanchar uma obra tão boa, antiga e em perfeito estado de funcionamento. Foi então que construíram as outras duas para pedestres. Hoje não passa mais o bonde por lá (aliás, o centro histórico foi recentemente todo fechado para carros, uma verdadeira maravilha!), mas as opções de passagem continuam.
Com a entrada na União Europeia, em 2004, deve ter havido um grande aporte de dinheiro que eles souberam usar muito bem na restauração do castelo e de suas preciosidades arquitetônicas. Além das inúmeras atrações culturais, dos cafés, restaurantes, sorveterias, livrarias e lojinhas de design nas duas margens do rio, tem um parque lindo chamado Tívoli, onde fica a escola de Design Gráfico (fui a uma exposição de gravuras; o prédio é maravilhoso).
Olha, eu passaria um mês lá fácil. Recomendo.
ENIO PADILHA
Belíssimo. Confesso que nunca tinha ouvido falar de Ljubljana. Só sabia onde ficava a Eslovênia por causa de uma atleta jamaicana (Merlene Joyce Ottey) que se naturalizou eslovena e competiu nos jogos olímpicos de 2004 (na Grécia). Na época foi uma notícia que chamou muita atenção de quem (como eu) curte atletismo. Gostei muito da cidade. Obrigado pelo passeio.
ligiafascioni
Nossa, mas você tem uma cultura esportiva de deixar qualquer um de boca aberta. Chocada!
Hahahaha…
Nana
Nunca ouvi falar mas me apaixonei pelas fotos.
Bj e fk c Deus
Nana
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