A viagem para Belo Horizonte, além de experiências muito bacanas e um mural lindão (vou postar as fotos depois), ainda rendeu a leitura de dois livros que recomendo: “A ditadura da moda”, de Nina Lemos (li na ida) e “A jogadora de xadrez”, de Bertin Henrichs (li na volta).

Direita, volver!
Essa prevenção contra livros de auto-ajuda ainda vai me fazer perder muita coisa boa. O que me salva é que vivo cercada por pessoas inteligentes e bem menos preconceituosas que eu. Olha que sorte: um aluno da pós-gradução (profissional experiente que tem muito mais a me ensinar do que eu a ele) me apresentou um livro daqueles que você fica pensando: como é que eu vivi até hoje sem ler isso?
Trata-se de “A revolução do lado direito do cérebro”, de Daniel Pink.O autor apresenta, de maneira simples e didática (porém, muito bem fundamentada), as fases da nossa valorização como profissionais na história da economia recente.
Segredo não é para contar
Escondida lá no fundo da livraria, a Marilena Chaui, no excelente “Convite à filosofia”, explica que um dos legados mais importantes da filosofia grega para o pensamento ocidental é a formalização da diferença entre o que é necessário e o contingente. Além disso, os gregos nos ensinaram que o contingente pode ser dividido entre o acaso e o possível.
Olha só: o necessário é aquilo que a gente não pode escolher, pois acontece e vai acontecer sempre, independente da nossa vontade. Assim, sempre haverá dias e noites; o tempo vai passar; todas as coisas serão atraídas pela gravidade; você vai morrer algum dia.
Já o contingente é aquilo que pode ou não acontecer na natureza ou entre os homens. Quando o contigente é do tipo acaso, também não está em nosso poder escolher. Exemplos de acaso: não posso determinar se um motorista bêbado vai ou não abalroar meu carro e provocar um acidente; também não posso arbitrar que meu pai seja ou não um jogador compulsivo nascido na Croácia.

A salvação do design
Há apenas uma semana, se alguém me perguntasse que livro eu levaria para uma ilha deserta, responderia, sem titubear, “O jogo da amarelinha”, de Julio Cortazar. É um romance cujos capítulos estão estruturados para serem lidos em qualquer ordem. Cada seqüência que o leitor escolhe gera uma história diferente. Muitos livros em um. Ideal para uma ilha, não é?
Pois agora mudei.
Abelhinha
Dia 8 de março é o dia da mulher. E é também o dia do aniversário da minha diarista.
A Vâni é uma das mulheres mais extraordinárias que já tive a honra de conhecer na vida. Temos praticamente a mesma idade (44), mas vidas e experiências muito distintas; fico fascinada com a força que ela tem. Penso que eu, você e a torcida do Flamengo iríamos comer poeira se tivéssemos que enfrentar as feras que essa mulher detona. Pois ontem fui a uma livraria para tentar descobrir o que ela gostaria. Entre outros volumes, peguei nas mãos “Pequena abelha”, de Chris Cleave. Conta a história de duas mulheres que se encontram em uma situação muito complicada, numa praia da Nigéria, em plena guerra do petróleo. Quando olhei no relógio, já estava na página 71. Aí tive que comprá-lo e ler o resto em casa (desculpe, Vâni, mas é o controle de qualidade).
Estilo para leigos e profissionais
Oscar Wilde, pela boca de seu personagem Lorde Henry, em “O retrato de Dorian Gray” diz uma frase que resume tudo sobre a auto-estima de uma mulher: “Ela se comporta como se fosse bonita. É o segredo do seu encanto”.
A frase não está no sensacional “Livro negro do estilo”, de Nina Garcia, mas bem poderia estar. Pra quem gosta de moda, nada mais essencial. Para quem gosta de pessoas, também. Nina escreve bem e conta como começou a prestar atenção em roupas e sobre a importância que elas passaram ter na sua vida.
Agora Deus vai te pegar lá fora!
O livro de Carlos Moraes conta a história de um padre louco por futebol que, desiludido com o pouco de fé e amor e o muito de ritual a aparência que grassa na igreja, resolve desistir da batina. Ao mesmo tempo, ele é preso por algumas manifestações idealistas e até um pouco adolescentes na época da ditadura. Uma frase aqui, um texto mais empolgado acolá, alguns desafetos além, e ele acaba virando preso político numa cadeia comum numa cidadezinha gaúcha perto da fronteira entre o Uruguai. Aí ele descreve os companheiros, a rotina, suas dúvidas existenciais. Tudo cheio de humor e lirismo, até para quem não curte futebol, como eu.

Palavras que a gente não tem
Você sabe o que significa neko-neko em indonésio? É uma “pessoa que tem uma idéia criativa, mas que só piora tudo”. Você já teve um acesso de sekaseka? Essa palavra zambiense é usada para designar “alguém que ri sem motivo”. Em inuíte existe um termo especialmente criado para o ato de ”ir muitas vezes à porta de casa para ver se a pessoa vem vindo”. É iktsuarpok. Os alemães usam backpfeifengesicht para descrever “uma cara que merece um soco”.
Simples assim
Aqui falo sobre “As leis da simplicidade”, de John Maeda. Designer gráfico, artista e professor de Media Arts & Sciences do legendário MIT (Massachussets Institute of Technology), ele também fundou o MIT Simplicity Consortium no Laboratório de Mídia. O consórcio é constituído por dez sócios corporativos, incluindo a Lego, a Toshiba e a Time, e tem a sublime missão de definir o valor comercial da simplicidade nas comunicações, na assistência médica e nos jogos. Sua equipe projeta e cria tecnologias para o desenvolvimento de produtos orientados à simplicidade.

A invenção do benchmarking
Há muito mais coincidências entre as histórias de Pitágoras e Jesus do que a gente pode imaginar…
Das belas coisas que é do céu contê-las
Essa frase da Divina Comédia de Dante Alighieri serve de título para o livro de Dinaw Mengestu, um etíope radicado nos Estados Unidos. O romance trata justamente da experiência de …
Demian
Li Demian, de Hermann Hesse, na minha adolescência, e me recordo de ter ficado muito impactada. Não me lembrava direito da história, tudo que ficou na memória foi frase: “A …