Papo cabeça

O nome Suzana Herculano não me era estranho, mas nunca tinha prestado muita atenção até ser completamente abduzida por uma reportagem da TPM (minha revista favorita). Lá fiquei sabendo que a moça formou-se em biologia aos 19 anos e foi estudar genética nos Estados Unidos, quando apaixonou-se por neurociência. Mergulhou literalmente de cabeça no negócio e já recebeu prêmios internacionais de respeito por sua pesquisa na área. Pensa que a nega é daquelas CDFs que nem sabem o que é batom? Pois saiba que é uma morena bem bonita, mãe de dois filhos, que também toca piano, violão, violoncelo e flauta transversal. Já fez musculação, corrida, sapateado e agora pratica pilates. Lê de tudo um pouco, vai ao cinema, adora viajar e escreve muito bem. Enfim, como não se apaixonar? Virou minha ídola instantaneamente.

Por quê?

Estava lendo Start with why, de Simon Sinek, e me dei conta de que a gente não dá muita bola para algumas coisas realmente importantes em marketing. Não que Simon tenha feito alguma descoberta extraordinária que o pessoal que estuda ciência cognitiva já não tenha estudado, mas ele descreve as coisas de uma maneira tão simples que faz todo o sentido.

Simon começa questionando se você sabe porque os clientes de sua empresa são clientes. E por que os funcionários são funcionários, parceiros são parceiros? Por que seu cônjuge continua com você? Por que seus amigos são seus amigos? Perguntas um pouco complicadas de responder, né? Afinal, a gente sabe muito pouco sobre o que move a conduta das pessoas e a interação entre elas.

Para tentar ajudar na busca de respostas para essas questões tão importantes, Sinek explica que o comportamento humano pode ser influenciado basicamente de duas maneiras: manipulação e inspiração.

O quadro da menina de azul

Lembro até hoje quando vi um Vermeer original bem de pertinho (era “mulher sentada ao virginal*”). Foi em 1998, quando tive a sorte de visitar a National Gallery, em Londres. Fiquei comovida a ponto das lágrimas escorrerem; tão feliz que me deu vontade de sair dançando. Gente, como um ser humano é capaz de produzir coisas assim, tão perfeitas e poéticas?

Esse brilhante pintor holandês morreu com 43 anos e deixou apenas 35 quadros; todos eles geniais, sob qualquer ponto de vista. Quem não está ligando o nome à pessoa, basta lembrar que foi ele quem pintou “moça com brinco de pérola”, que, inclusive foi tema de um filme muito bonito. Pois foi por isso que me chamou atenção o livro “O quadro da menina de azul” de Susan Vreeland.

O enigma do quatro

Achei um sebo lá em BH que tinha esse livro; já o tinha visto em várias livrarias e fiquei curiosa. Acabei trazendo o tijolão para ler na viagem de volta.

Olha, não é nada sensacional e penso que tem lá umas 100 páginas sobrando, mas o argumento é bem interessante. O desafio é decifrar um livro impresso na época da Bíblia de Gutemberg e descobrir os segredos que ele encerra. Vários já morreram pelo tal volume (que, de fato, existe) e 2 estudantes passam boa parte de seu tempo nesse trabalho meticuloso e desafiador, além de alguns professores que disputam a primazia de decifrar o mistério. Há intriga, sociedades secretas, suspense, assassinatos, traições, ciúmes e todos os elementos frequentes num bom thriller do gênero.

Velhinho visionário

Mr. Kotler já está com 80 anos e continua cheio de ideias revolucionárias. O sujeito praticamente inventou todos os conceitos que a gente conhece sobre marketing e estruturou a maior parte da informação disponível sobre o assunto; só essa contribuição inestimável já daria para deitar na rede e gastar o resto do tempo tomando picolé de caju na beira da praia.

Mas esse senhor não está aqui para brincadeira: no ano passado, ele lançou junto com os consultores indonésios Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan o esclarecedor Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano.

Essa equipe, que de fraca não tem nada, começa justificando o tal 3.0 lembrando-nos de que o marketing teve dois grandes momentos antes do atual; na fase 1.0, o objetivo era vender os produtos fabricados a todos que quisessem comprá-los. A ideia era apresentar o que estava sendo produzido da maneira mais atraente possível, sempre enfatizando (e, na maior parte das vezes, exagerando) as inúmeras qualidades do produto. Naquela época dá para dizer que o marketing andava numas de endeusar tanto a publicidade e propaganda que os dois até se confundiram por bastante tempo (equívoco difícil de se desfazer até hoje). Em resumo, o marketing era centrado no produto; a satisfação do cliente era puramente funcional, física.

Design emocional

O nível reflexivo do designer que geralmente reprova fortemente as coisas bonitinhas, consideradas banais, triviais e carentes de profundidade e substância, está claramente tentando aplacar a atração visceral imediata por essas coisas. Se a pessoa se aceita, não se revolta tanto com isso, não se incomoda e deixa cada um ser como é. Sempre vejo pessoas incomodadas demais com o fato de uns gostarem de assistir BBB e outros amarem sanduíches do McDonald’s. Qual o problema, galere? Cada um com seu nível de processamento e todos felizes, sem stress.

Dieta literária: devorando os livros certos

Ler serve basicamente para desenvolver a capacidade de abstração, o que não é pouco se a gente analisar onde isso nos leva: compreender a dimensão e o contexto da encrenca que é esse mundão, o que implica em entender pelo menos o básico sobre como as coisas funcionam e como a gente chegou até aqui; esse passo é fundamental se quisermos mudar a realidade (ou mesmo deixá-la exatamente como está, o que exige esforço igual ou maior).

Solar

A primeira vez que ouvi falar desse autor foi por causa do livro que deu origem ao ótimo filme Desejo e Reparação. Depois li “Na praia” e o fabuloso “Sábado”.

Solar é, na minha opinião, o melhor de todos. Conta a história do físico Michael Beard que ganha o prêmio Nobel antes dos 30 anos e não consegue produzir mais nada de notável depois disso. Ele vive da fama e assume cargos apenas para emprestar prestígio aos projetos. Egoísta e misantropo de carteirinha, esse gordo, devasso e covarde senhor de 53 anos começa o livro no final de seu quinto e fracassado casamento. O sujeito é tão sem noção que é impossível não achar engraçado.

Norfolk 1910

Norfolk 1910 — A revelação da ordem e é um romance histórico cheio de suspense e emoção. Devorei em menos de 24 horas, é daqueles que não dá para parar de ler, parece que a gente está vendo o filme. Algo movimentado no estilo de O código Da Vinci, mas a graça maior é a riqueza dos detalhes dos lugares e sua história (o autor, Ricardo Della Santina Torres, teve acesso à biblioteca da sensacional National Gallery, em Londres, para fazer a pesquisa de época).

Capa de revista!

A revista Liderança traz da capa deste mês uma matéria intitulada “Sua empresa já fez um teste de DNA?”. Dentro tem quase 4 páginas (coluna dupla) com um texto meu, baseado no livro “DNA Empresarial: identidade corporativa como referência estratégica”!

Fiquei muito contente, afinal, há anos venho trabalhando para conscientizar as empresas da importância do autoconhecimento para alinhar as ações e comunicações de maneira coerente.