Um rolê pela Escócia

Eis que depois de tantos anos fizemos uma viagem nos moldes do finado duasmotos.com, só que, dessa vez, de jipe. Aproveitamos para levar junto a minha irmã Andréa e meu cunhado Fernando; assim, a gente passeou e matou as saudades ao mesmo tempo.

O encontro foi em Amsterdam (saímos de Berlin bem cedo a tempo de pegá-los no aeroporto vindos do Brasil). No dia seguinte já pegamos o ferry para New Castle, na divisa da Inglaterra com a Escócia.

Aqui estão os mapas (você pode clicar e baixar uma versão ampliada) com a indicação das cidades onde passamos a noite (além do ferry, pois são 15 horas de viagem na ida e na volta).

Foram 11 dias vendo uma natureza exuberante, cidadezinhas fofas, animais idem e o Conrado bravamente dirigindo na mão inglesa (que agonia!).

Como queríamos ver paisagens, o Conrado planejou para a gente evitar as rodovias principais e ir pelos caminhos mais interiores. O resultado é que a maioria dessas estradas vicinais só passa um carro; de tempos em tempos eles colocam uma “barriga” na estrada para solucionar o problema de ter veículos nas duas mãos. Aí um cede a vez para o outro e tudo fica bem (exceto o desespero e o suor frio antes de entrar em cada curva…rsrsr).

A parte divertida é que quem ganha a passagem acena com a mão, agradecendo. Quem recebe o reconhecimento também acena.

Só que o nosso volante é do lado contrário do deles e, para o Conrado não passar por mal educado, eu, que estava ao lado, tive que fingir que era o motorista acenando (precisei ensaiar a mão certa de segurar o volante imaginário para parecer convincente). Pensa numa pessoa que se divertiu com esse ritual; uma criança de oito anos não teria se entretido tanto com a tarefa…rsrs

No caminho todo, a gente só cruzou com um carro com o volante do mesmo lado que o nosso, em que a passageira estava fazendo o mesmo papel que eu (imagina as risadinhas dos dois lados sendo pegos no flagra…hahaha).

Edinburgo

Havia a possibilidade da gente ter ido para o Lake District, mas, por causa da previsão do tempo, a opção foi rumar para as Highlands. Começamos por Edinburgo, onde pegamos um dia lindíssimo (dá uma olhada nas fotos!).

A parte engraçada foi que esse foi o único lugar em que pegamos um Uber (nosso Airbnb era num bairro afastado e no centro é difícil e complicado de estacionar, ainda mais na contramão).

Nas duas vezes, tanto o Fernando como o Conrado tentaram entrar no carro pelo lado do motorista, que levou um susto…hahaha

Chegamos no final do primeiro dia e passamos apenas duas noites, pois, na manhã do terceiro dia rumamos para Inverness, passando por um parque nacional protegido com algumas cidadezinhas de apenas uma rua. Teve muito carneirinho de cara preta (não tem bicho mais bonito), alpacas e paisagens de tirar o fôlego.

Inverness

O canal da Caledônia liga o oceano Atlântico ao mar do Norte, foi construído no começo do século XIX e tem quase 100 km; desses, somente um terço foi realmente construído usando diversas eclusas em sequência (em Fort William, por exemplo, são sete delas, uma seguida da outra). De resto, é formado por um conjunto de lagos bem compridos (Dochfour, Oich, Lochy e o mais famoso, o lago Ness).

O lago Ness ficou famoso por conta de histórias de avistamento de um monstro parecido com um dinossauro emergindo das suas profundezas (e põe profundezas nisso: quase 230 m); até uma foto foi forjada em 1934 (o autor confessou a fake news em 1994). O fato é que até hoje, mesmo com toda a tecnologia disponível, ninguém conseguiu provar a existência da criatura, o que não chega a estragar a brincadeira.

Conrado, que já tinha mergulhado uma vez no Lago em 1992, quando morou na Inglaterra, repetiu o feito com louvor mais de 30 anos depois (e olha que estava frio — a temperatura da água lá é constante em qualquer época do ano e varia de 4 a 6o C). Mesmo assim, Nessie não deu as caras; devia estar muito ocupada fazendo suas coisinhas de monstro.

No dia seguinte, teve também um passeio de barco pelo lago. Novamente, nada de Nessie. Depois da desfeita, só nos restou ir embora, né?

Oban e o retorno para pegar outro ferry

Então rumamos para Oban, porto pesqueiro onde iríamos pegar o ferry para a Ilha de Mull. Chegando lá, descobrimos que não havia vagas para carros pelos próximos 4 dias (Quem iria imaginar? Não visitamos nenhum lugar cheio de turistas; eram todos britânicos e o movimento das estradas era bem calmo).

Enfim, passamos a noite lá e tivemos que voltar um pedaço de mais de 100 km (naquelas estradinhas que só passa um carro) para pegar outro ferry próximo a Porto William e chegar ao mesmo destino. Espertos, já compramos a viagem de volta para dali a dois dias, diretamente para Oban.

O caminho foi cheio de aventuras; mais cavalos peludos, castelos, um jardim de duendes, mais cenários cinematográficos, sem falar nas incontáveis eclusas ao longo do canal da Caledônia.

Até dei uma de paparazzo perseguindo um veadinho tímido na cidadezinha de Kinlochleven⁩. Mas ele, ciente de sua raridade e importância, ignorou-me completamente.

Ilha de Mull

Finalmente chegamos à Ilha de Mull (a quinta série que mora em mim não se cansa de lembrar que Müll é lixo em alemão; aí todas as placas ficam engraçadas).

A principal cidade para a gente visitar era Tobermory, mas ficamos hospedados numa fazenda no interior da ilha que tinha casinhas pré-fabricadas surpreendentemente espaçosas para alugar (aqui no site dá para ter uma ideia). Lá tinha vários animais, incluindo uma família de pavões (o solteiro da turma ficou se exibindo para mim; olha que máximo! Fala a verdade, você nunca tinha visto uma bundinha de pavão!).

Tobermory é uma cidade fofa à beira mar e comida maravilhosa! Dá uma olhadinha. No dia seguinte, voltamos para a estrada para pegar o ferry de volta para Oban e passamos por vários lugares lindos, incluindo uma praia paradisíaca que ninguém imaginaria estar situada nos confins da Escócia.

Glasgow

Voltamos a Oban para mais uma noite e no dia seguinte o elástico começou a nos puxar de volta para casa. Teve uma tarde e uma noite ainda em Glasgow, então tem poucas fotos. Mas não fique triste, fim do mês o Conrado tem um congresso lá e a gente volta por mais quatro dias; descobri que a cidade não é propriamente bonita, mas é cheia de street art, galerias e museus que vão alimentar meus olhos direitinho.

Passamos mais um dia e meio em Amsterdam e ainda passei por Flensburg (inauguração da Casa Brempex com uma exposição de ilustrações minha — próximo post) antes de voltar para casa.

No mais, foram dias inesquecíveis e divertidos que tive o privilégio de passar com o meu amor, meus queridíssimos irmã e cunhado. Uma experiência feliz para ficar na memória! Deu tão certo que já estamos planejando a próxima!

4 Responses

  1. Andréa C F Ferraz
    Responder
    1 junho 2023 at 10:57 am

    Amei todo o relato, vou salvar pra vida. Além de ganharmos a carona, fomos privilegiados por termos tido registros fotográficos profissionais, (da gente e dos lugares), assim como as preciosas companhias sua e do Conrado e ainda pra encerrar com chave de ouro, toda essa descrição. Privilégio total, né? Te amo!🥰🥰😘😘

    • 2 junho 2023 at 8:24 am

      Eu também te amo e o privilégio foi todo nosso! Bora se preparar para a próxima!! Queremos mais aventuras do quarteto! 🥰😘

  2. ÊNIO PADILHA
    Responder
    1 junho 2023 at 7:26 pm

    Que beleza viajar de carona com a Lígia. Já estava com saudades desses relatos de viagem.

    • 2 junho 2023 at 8:25 am

      Eu não devia ter parado. Dá trabalho, mas vale a pena reviver tudo de novo cada vez que a gente lê…

Leave A Reply

* All fields are required