Gestão do tempo não é solução, mas parte do problema.
Ué, mas como assim?
Você também se assustou com o título? Mas lendo o artigo “Productivity Isn’t About Time Management. It’s About Attention Management”, do sempre ótimo Adam Grant no The New York Times, você vai ver que faz muito sentido.
Vou tentar fazer um resumo aqui com as principais ideias.
Segundo Adam, vivemos numa cultura obcecada por produtividade. Livros que ensinam técnicas para dar conta de fazer todo o seu trabalho em 4 horas por semana não são sucesso à toa.
Os gurus afirmam sem pestanejar que a chave é a gestão do tempo. Se você conseguir se organizar e ter disciplina, chegará ao nirvana da produtividade!
Mas depois de duas décadas estudando produtividade, Grant acredita que, em vez de solução, essa é uma parte do problema. Como ele é especialista, as pessoas estão sempre lhe perguntando como fazer mais em menos tempo; pedem dicas e conselhos.
Eis que Adam confessa: ele não se sente lá muito produtivo, mesmo com tanto conhecimento sobre o tema.
Para Adam, focar em gestão do tempo só faz a gente ficar mais consciente de quanto tempo desperdiça. Mas isso não torna realmente ninguém mais produtivo.
Para ele, a chave é priorizar as pessoas e projetos que realmente são importantes, não interessa quanto tempo eles precisem.
Ele chama isso de gestão da atenção, que é arte de focar em fazer as coisas pelas razões certas, nos lugares e momentos certos.
Então, para ele, ser produtivo não é escrever um artigo de 2 mil caracteres em tempo recorde porque conseguiu resistir às distrações até ter digitado a última palavra.
Ele conta que a chave deveria ser: o que posso aprender pesquisando e depois compartilhar num texto?
Grant acredita que os problemas de produtividade não têm a ver com falta de eficiência, mas falta de motivação.
Produtividade não é uma virtude, mas um meio de chegar a um objetivo. Só será uma virtude se o final valer a pena.
Resumindo: focar na produtividade é focar no meio e não no fim, entende?
A falta de motivação explica porque a gente fica enrolando para fazer algo chato e não vê o tempo passar quando está muito empolgado em conseguir um resultado bacana.
Pena que não dá para a gente pular as coisas chatas. A sugestão dele, então, é fazer a parte chata primeiro, com uma motivação apenas suficiente, e deixar a parte mais legal para o final, como uma espécie de recompensa.
Aí a gente se concentra em terminar as tarefas entendiantes primeiro para poder aproveitar logo a sobremesa.
De acordo com o livro “When”, do Daniel Pink, conhecer nosso ritmo cicardiano ajuda a reconhecer o melhor horário para cada tarefa (resenha aqui).
Eu me identifiquei muito com o artigo, pois não me acho muito produtiva ou disciplinada. Mesmo assim, ainda consigo produzir bastante coisa, se estiver empolgada o suficiente.
E você? Consegue fazer a gestão da atenção ou ainda está focado(a) em ser apenas produtivo(a)?
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