Já fazia tempo que acompanhava o premiado “The seven husbands of Evelyn Hugo”, de Taylor Jenkins Reid, em listas de mais vendidos e recomendações literárias diversas. Aí, quando vi que era o livro de dezembro no Clube do Livro de Münster, fui obrigada a lê-lo. Não teve outro jeito.
Na história, Evelyn é uma ex estrela de Hollywood dos anos 1950 que, perto de completar 80 anos resolve dar uma entrevista exclusiva a uma revista de variedades, com a exigência de que o trabalho seja feito por Monique Grant, uma jornalista não tão experiente, apesar de talentosa (o que causa certa estranheza na editora do veículo). Estão todos em polvorosa porque a atriz está recolhida há décadas sem falar com a imprensa.
A ideia é divulgar um leilão de caridade com as roupas mais famosas da atriz.
Monique vai até a casa de Evelyn, na Quinta Avenida, em New York, para descobrir que, na verdade, a artista não tem o menor interesse em dar uma entrevista. O que ela quer é que Monique escreva a sua biografia, que só poderá ser publicada depois da sua morte.
A jornalista, que está passando por um processo doloroso de separação, começa então a ouvir a história da estrela. Tudo começa quando Evelyn era adolescente num bairro decadente em NY; sua mãe, uma prostituta que sonhava com a fama, morreu jovem. Seu pai, um perfeito cafajeste, já começava a olhar maldosamente para a menina, que começou a desenvolver um busto volumoso muito precocemente. Ela era linda, sabia disso, e sabia também que era a única arma que tinha para escapar do destino pouco atraente que se apresentava.
Acabou sabendo de um homem do bairro que havia sido convidado para trabalhar em serviços gerais em Los Angeles e viu nele a chance de mudar de vida. Deu em cima do rapaz; ele parecia boa gente e mal podia acreditar na sua sorte; não sabendo exatamente a idade dela (apenas 15 anos, mas conseguiu a autorização do pai para se casar) levou aquela beldade para a nova vida.
Imagino a Evelyn como um misto de Marilyn Monroe e Sophia Loren; voluptosa, sensual, uma verdadeira bombshell, o termo que se usava na época.
Lá Evelyn usou tudo o que estava ao seu alcance para cavar oportunidades. Depois de tanto empenho, finalmente conseguiu os papeis, a fama e a fortuna tão sonhadas. Ela conta a intimidade dos bastidores, mas penso que a ficção pegou bem leve se a gente considerar as histórias reais que lê por aí. Claro que teve marido abusivo, uso de poder, homossexualidade enrustida e segredos diversos, mas nada que hoje em dia se poderia considerar realmente escandaloso. Inclusive nem tem drogas proibidas; apenas muito álcool.
Evelyn, inclusive, mesmo tendo se casado sete vezes (cada parte do livro fala da vida dela com um marido), confessa, já no início, que o grande amor da vida dela foi uma atriz, também estrela como ela. Mas, naquela época, esse tipo de relacionamento teria destruído a carreira de ambas, de maneira que nunca puderam viver abertamente esse amor.
Então no quesito narrativa, é o esperado sobre a vida de uma grande estrela nos tempos áureos da indústria do cinema, com todas as intrigas e politicagens conhecidas.
Para mim, a parte mais criativa foi a explicação do porquê da escolha dessa jornalista em especial para escrever a biografia da estrela, já que as duas nunca haviam se visto antes, não tinham nenhum parentesco e tampouco fatos conhecidos que as ligassem.
Achei o livro bom, mas não extraordinário. De qualquer forma, vale pela diversão.
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