Não sei se você sabe, mas o Tony Bellotto, dos Titãs, também escreve. E bem. Muito bem. Além de autor, o moço é roteirista de sucesso (ele escreveu a série Dom, que, para variar, não assisti, mas estou com o livro na minha pilha).
Já tinha lido a primeira aventura do Remo Bellini, seu detetive, logo que foi lançado em 1995 (“Bellini e a Esfinge”, que foi adaptado para o cinema e ganhou vários prêmios). Nessa época eu lia muito, mas não tinha ainda o hábito de escrever resenhas. Então me lembro de ter gostado muito, e só. Por isso gosto tanto de escrever resenhas hoje em dia; é como se eu estivesse lendo o livro novamente, lembrando de toda a história. Meio como fotos e relatos de viagens.
Tinha realmente ficado impressionada com o talento do moço com as palavras (sou muito fã dos Titãs e as letras do Tony têm muito a ver com isso) e, ano passado, quando voltei ao Brasil, aproveitei para me reabastecer de autores brasileiros. Foi então que, visitando uma livraria, dei de cara com “Bellini e o Labirinto”, a mais recente aventura do detetive Bellini, publicado em 2014 (nossa, lá se vão quase 10 anos). Depois disso, Tony escreveu muita coisa, mas não revisitou mais esse personagem.
Bellini é formado em direito, mas trabalha como detetive particular para uma agência. Ele bebe demais, faz coisas sem pensar, se deixa encantar pelos rabos de saia que aparecem na história, tem quase ou nenhum juízo. Enfim. O clássico.
Para mim, de original tem o cenário: basicamente a cidade de São Paulo, seus bairros e submundos, mas esse episódio se passa majoritariamente na cidade de Goiânia, onde um dos integrantes de uma dupla sertaneja está desaparecido.
Bellini é chamado pelo irmão que sobrou para negociar com os sequestradores. Seu nome foi indicado pelo delegado responsável pelo caso e amigo da família. O detetive não entende bem porque foi recomendado, pois ele não tem experiência em negociar com sequestradores; nunca fez isso antes e deixa bem claro. Mas o delegado diz que o conhece e confia nele (ele não se lembra de ter visto o tal delegado, mas, como sua memória é péssima, isso não quer dizer nada).
Em Goiânia ele vai acompanhando os acontecimentos e acaba conhecendo uma cantora (essas moças sedutoras não podem faltar nas histórias de detetive) que o leva para uma inusitada excursão pela cidade. Mas por que inusitada?
Porque, não sei se você já tinha nascido, mas em 1987, um aparelho de raio-x foi encontrado dentro de uma clínica abandonada. O instrumento foi encontrado por catadores de ferro velho e desmontado, causando uma contaminação seríssima (o acidente foi considerado nível 5, num índice que vai de 0 a 7, só para se ter uma ideia). Pessoas morreram, outras ficaram com sequelas, enfim, uma tragédia que ficou conhecida como o acidente do Césio-137 e foi muito falada e documentada por anos.
Pois a tal moça parecia ter fixação com essa história e levou Bellini, numa madrugada, para percorrer todos os pontos vitais para o desenrolar da catástrofe radioativa.
Muitas coisas vão acontecendo, o negócio dá muito ruim com o sequestro, Bellini não consegue fazer seu trabalho direito e acaba voltando para São Paulo. Mas a história ainda continua por alguns e o desfecho é realmente surpreendente.
Bom demais esse moço.
Estou com o volume anterior, Bellini e o Demônio, na pilha para ler. Logo conto mais.
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