O José Saramago era assim: ou a pessoa amava o que ele escrevia, ou não conseguia se entender muito bem com aquelas vírgulas todas e acabava deixando-o de lado. Faço parte do primeiro grupo; desde o “Ensaio sobre a cegueira“, que li há uns 15 anos, fiquei tão impressionada que não perdi mais nenhuma oportunidade que apareceu para desfrutar dessa imaginação tão fértil e surrealista.
Além desse, os volumes “Todos os nomes“, “Conto da ilha desconhecida“, “As intermitências da morte“, “A jangada de pedra” e “A caverna” foram os que li até agora, e só não fiquei mais triste com a morte do autor porque ainda tenho uma lista enorme com a qual me ocupar por um bom tempo.
Pois peguei uma promoção relâmpago no Submarino e comprei “A viagem do elefante” por R$ 9,90 (agora está por R$ 34,90). Conta a história do Salomão, um elefante indiano que vai parar em Portugal e acaba sendo enviado pelo rei D. João III como um presente ao seu primo Maximiliano, Arquiduque da Áustria. A questão é que o presente precisa ir andando de Portugal até Viena; depois de meses de caminhada, o pobre paquiderme ainda tem que atravessar os desfiladeiros alpinos em pleno inverno, sempre acompanhado por seu cornaca Subhro (cornaca é o sujeito especializado em cuidar de elefantes) e uma comitiva real.
Os diálogos e as linhas de raciocínio são brilhantes como só Saramago é capaz, o que faz a gente viajar no lombo de Salomão bem na garupa de Subhro.
Desembarquei ontem à noite e já estou com saudades. Recomendo.
Jessica Cezar
Li ‘Ensaio Sobre A Cegueira’ no início do ano. A escrita dele é mesmo incrível… Algumas amigas minhas mal conseguiram terminar, por conta dos textos longo, sem pontuação ou parágrafos. Mas amei! *-* Dá de miiil no filme, só pra variar. (: