Os livros estão longe de ser ruins, mas nenhum deles, na minha opinião, merece uma resenha própria. Vamos a eles, então.
Escolhi Das Ende des Alphabets (tradução livre: o fim do alfabeto), de Charles Scott Richardson, por causa do resumo do livro, na quarta capa. Ambrose Zephyr é um publicitário que começou a amar as letras ao visitar a tipografia de seu avô jornalista, quando criança. Ambrose, ao fazer 50 anos, submete-se a um checkup e descobre que tem um tumor na cabeça e apenas mais 30 dias de vida. Compartilha o problema com a esposa, Zappora Ashkenazi, que resenha livros para uma revista de moda. Os dois decidem então fazer uma última viagem inesquecível, revisitando algumas cidades onde já haviam estado, começando por Amsterdam. Mas, em Florença, entendem que não podem continuar, pois nada está fazendo muito sentido. Resolvem voltar e esperar os últimos dias na rotina caseira, entre livros e jornais.
Sinceramente? Esperava muito, mas muito mais.
Ambrose relembra como conheceu a esposa e faz relatos sobre a vida mediana, confortável e previsível que sempre levaram. Até que o livro acaba, obviamente, com a esposa escrevendo o último capítulo sozinha. É um recorte belo, claro, mas, para mim, não caracteriza um boa história. Fiquei com vontade de largar no meio várias vezes, tal o tédio, mas como era um livro curto, acabei indo até o final.
Não acho que seja ruim e provavelmente perdi muito da poesia das descrições por causa do idioma; talvez valha a pena tentar. Fiz uma pesquisa rápida e descobri que tem em português na Estante Virtual para quem tiver curiosidade.
O segundo é Allmen und die Dahlien (tradução livre: Allmen e as dálias), de Martin Suter. Allmen é um bon vivant suíço que parece ter vindo de uma família rica e tradicional, mas perdeu tudo devido à inabilidade com os negócios. Junto com Carlos, um imigrante guatemalteco ilegal, abre uma agência de recuperação de obras de arte. Carlos é um clássico mordomo: faz todos os trabalhos braçais, a administração da empresa e do dinheiro, além de ser um brilhante pesquisador. Ele traz Maria, uma colombiana também imigrante ilegal, que colabora nas investigações, além de fazer parte do serviço doméstico e cozinhar. Juntos, eles tentam recuperar um quadro de natureza morta que retrata um vaso com dálias, do francês Henri Fantin-Latour.
A obra foi roubada do apartamento de uma herdeira multimilonária que mora em um hotel. As condições em que a obra foi adquirida (ela ganhou de um grande amor, em homenagem a seu nome, Dhalia) não são muito claras, e ela prefere não envolver a polícia, mas quer o quadro de volta a qualquer preço.
A história é bem construída, e apesar de me incomodar um pouco com o quão serviçais são Carlos e Maria, o time de investigadores funciona direitinho. Suter também tem umas tiradas ótimas e fica claro que Carlos é mais inteligente que o patrão em várias oportunidades. Gostei muito das ironias e dos bordões em espanhol que Carlos usa.
O final deixa um gancho para o próximo livro, que ainda não decidi se lerei. É divertido, mas não sei.
De qualquer maneira, fiz uma rápida pesquisa e descobri que esse título não está disponível em português, mas outros livros do mesmo autor foram publicados no Brasil com sucesso. Vale a pena dar uma xeretada para ver o que tem de bom.
Comentários