O designer britânico Adrian Shaughnessy publicou um artigo no Design Observer onde ele lista os 10 paradoxos do design. Tem um pouco de exagero, mas a maior parte até que faz bastante sentido, olha só.
1. Não há clientes ruins, somente designers ruins. Os designers adoram colocar a culpa de todos os males de um projeto ruim no cliente. Quando os projetos são sofríveis, são sempre os clientes, nunca os designers, os culpados. Mas quando o resultado é brilhante, o mérito é sempre do designer, nunca do cliente. Adrian defende que os clientes ficam ruins de tanto serem maltratados pelos designers e que cada designer tem os clientes que merece.
2. A melhor maneira de aprender a ser um bom designer gráfico é se tornar um cliente. Somente ao contratar um designer e ver a questão do outro lado do balcão é que o profissional se dá conta de que talvez não consiga se articular adequadamente sobre o que faz e como trabalha. Como parte do seu treinamento, todo designer deveria gastar seu próprio dinheiro contratando outro designer para sentir na pele o que um cliente sente.
3. Se os designers querem educar seus clientes sobre design, precisam primeiro se educarem sobre seus clientes. Adrian diz que quando ouve um designer dizer que precisa “educar seus clientes”, ele tem ganas de quebrar seu pescoço. Somente quando entenderem a maneira como os clientes pensam é que os designers serão levados a sério.
4. Se querem ganhar dinheiro como designers, os profissionais precisam se concentrar no trabalho, não no dinheiro. Quando alguém diz que fez tal projeto apenas “por dinheiro”, já se pode ter certeza do resultado desastroso. Quando se coloca o dinheiro à frente do trabalho, sempre é para fazer um trabalho ruim.
5. Para designers, as habilidades verbais são tão importantes quanto as visuais. Se o designer não consegue falar sobre o seu trabalho de maneira clara, racional e objetiva, ele também não deveria se surpreender se o cliente não aceitar a proposta.
6. Idéias geralmente falham não porque sejam ruins, mas porque são apresentadas de maneira ruim. A habilidade de apresentar uma idéia é tão importante quanto a idéia propriamente dita. Adrian usa o exemplo de um vendedor de sofás que diz ao cliente: “posso lhe vender ao sofá, mas não vou mostrá-lo a você”. Ele defende que é exatamente isso que acontece quando um designer quer vender uma idéia, mas não se dá ao trabalho de fazer uma apresentação persuasiva.
7. “Eu sou um profissional. Eu sei o que é melhor”. Segundo Adrian, os únicos profissionais que usam esse argumento são os não-profissionais. O mito dos designers onipotentes está caindo. Ninguém aceita mais argumentos sem questioná-los, tenha ele vindo de um médico, um advogado ou um designer.
8. Todos os trabalhos bons vão para outros designers. Shaughnessy defende que isso não é verdade, uma vez que os trabalhos não são bons ou ruins por princípio. Bons projetos são feitos, não são encontrados.
9. A melhor maneira de gerenciar um estúdio é sendo dominador e forte. Adrian defende justamente o contrário: Bons gestores acreditam que quem domina a empresa é a equipe e os créditos têm que ser dados a todos. Bons líderes permitem que outros brilhem e até incentivam isso.
10. Se não acreditamos em nada, não deveríamos esperar que alguém acredite em nós. Em um mundo sem princípios, as pessoas respeitam aquelas que os têm. Existem muitas maneiras de demonstrar integridade, ética, padrões profissionais e até mesmo preferências estéticas para produzir um trabalho de valor; o único erro é não demonstrar nada disso.
11. Quando um cliente diz as palavras mágicas “você tem completa liberdade criativa para fazer o que quiser”, isso nunca quer dizer que você vai ter completa liberdade criativa. Qualquer coisa que você apresente, ele vai encontrar um problema. Isso acontece o tempo todo.
Para terminar, como se pode ver, os 10 paradoxos são 11. Adrian diz que, se não fosse assim, não seriam paradoxos.
Ligia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br
1 Response