Fiquei de explicar a questão da entrada na Biblioteca Central da Universidade Humboldt, então, “apreparem-se“, porque a novela é longa (ainda bem que tem final feliz, com sorteio e tudo!).
Bom, depois que entrei no prédio, fiquei chapada que nem zumbi quando sente o cheiro de cérebros. Tão empolgadinha que nem vi os avisos (todos em alemão, claro) que diziam que não se podia entrar com nenhum tipo de pasta ou sobretudo. Nem capa de laptop podia. Garrafa, só de água, e ainda assim, transparente. O guarda que me barrou explicou que eu tinha que deixar tudo no guarda-volumes ali ao lado. Precisava de um cartão mensal e a senhora da recepção poderia me explicar melhor (isso foi o que eu consegui entender no meu alemão castiço, de raiz).
Bom, ocorre que a tia da recepção também não falava nenhumazinha palavra em inglês, e tudo que consegui descobrir é que eu tinha que ir na cafeteria comprar o tal do cartão. A moça do caixa resmungou bastante e não consegui entender lhufas do que ela disse, mas saí de lá vitoriosa, com o troféu na mão (1,90 Euros). Entendi que ainda tinha que validar o negócio numa máquina. Depois de muito procurar, achei a tal máquina, vejam só a modernidade (instruções em alemão, daquele jeitinho complicado que só os bárbaros conseguem). Não consegui me entender com o terminal e pedi ajuda para um estudante que passava por ali. Ele me olhou como se eu fosse uma parva (não o julgo por isso, a cara devia ser essa mesma), pegou o cartão da minha mão, digitou uns 3 ou 4 números que ele tirou sei lá de onde e… voilá! Meu cartão estava validado! Era só ir no tal guarda-volumes.
Bom, perdi um tempo tentando descobrir uma ranhura para enfiar o negócio. Aí é que foi a surpresa. Segundo uma estudante que me ajudou, o cartão era para empurrar o botão na frente da porta. Só o cartão que fechasse é que poderia abrir de novo usando a mesma técnica (pegadinha sem-vergonha essa, heim? Olha só as fotos − não tinha nem um desenhinho para explicar).
Legal, fui lá, fiz o necessário streap-tease e rumei para meu paraíso na terra, onde passei uma tarde agradabilíssima estudando.
Mas calma que ainda não acabou…
Acontece que no dia seguinte fui de novo e… surpresa! Cadê que meu cartão mágico funcionava? Necas! Só que aí ninguém sabia me informar o que eu devia fazer: se tinha que inserir créditos, se tinha que revalidar com alguma senha misteriosa, se tinha que mandar rezar uma missa para a Nossa Senhora dos Guarda-Volumes Cheios de Pegadinhas. Fiquei mais de meia hora passando de um monoglota para outro e nada. Perguntei para alguns estudantes e eles não tinham a menor ideia, pareciam que nunca tinham visto um cartão como aquele. Até que um me disse que não usava aquele sistema porque tinha outro guarda-volumes no subsolo que qualquer um poderia usar desde que trouxesse o cadeado de casa. Fui lá e era mesmo, só que eu não tinha cadeado (Depois fiquei pensando com meus botões: porque diabos alguém escolheria usar aquele negócio complicado do cartão, se tudo o que se precisa é de um cadeado? A pergunta ficou no ar até agora, não consegui resposta. Reflitam e me ajudem a resolver esse mistério, bitte).
Bom, fui comprar um naquelas farmácias-tem-de-tudo e só tinha aqueles com segredo; escolhi um lindo, vermelho. Nem preciso dizer que as instruções de como configurar o bicho eram em alemão, óbeveo. Resumo: na operação de start-up, tranquei o cadeado com alguma senha que desconheço. Podem me mandar três números quaisquer, vou testar todos que chegarem. Quem acertar o código, ganha o cadeado (veja que sorteio justo, nem eu sei a resposta certa…eheheh).
Mas peraí que ainda não acabou. Logicamente, fui a uma loja de bicicletas e comprei um de chave (escolhi um bem pequenininho, que era mais fofo e combinava mais com a minha pessoa delicada).
Fui toda catita até a biblioteca e… o cadeado era pequeno demais, não fechava no suporte da portinha (pior que só descobri depois de desmontar a produção cuidadosa, que incluía boina, sobretudo, luvas e cachecol e guardar tudo no armário). Droga. Lá fui eu vestir tudo de novo e sair para comprar outro cadeado maior (essa frase não esqueço mais porque tive que repeti-la váááááárias vezes: Ich hätte gern ein Vorhängeschloβ, bitte!).
Bom, esse era feio, grande, convencional e pesado, mas funcionou. Aí, tudo ficou bem e eu fui feliz para sempre.
Gostaram? Mandem suas apostas para ganhar esse lindão aqui!
NOTA: depois dessa aventura, tive mais uma envolvendo cadeados. Essa é igualmente embaraçosa…hahahah… Leia aqui “A loira e o cadeado“.
Samuel Zandonadi
352!
ligiafascioni
Não foi dessa vez, tenta de novo!
Ênio Padilha
Acho que, com esse périplo, você se candidatou ao Mico do Ano 2011 (http://www.eniopadilha.com.br/artigo/1264)
E meu palpite é 819
ligiafascioni
Aahahahah… Ênio, se você soubesse da metade dos meus micos, seria desclassificado no seu próprio concurso. Só para você ter uma “loçã”, uma vez beijei o pescoço de um desconhecido que estava de costas apoiado no balcão de uma loja achando que era meu marido (a camisa era da mesma cor). O pior é que o meu marido estava na frente assistindo tudo sem entender nada. A pele do meu rosto passou do branco fosco ao magenta em apenas 3 milisegundos (ainda bem que meu consorte conhecia bem a peça com quem se casou…eheheh).
E o pior é que a lista vai longe….eheheheh
Ah, o número também não é esse, sorry… 🙂
Ênio Padilha
Ok, ok… você venceu!!!
MôDeeeus!!! (morri de rir)
Cristiano de Magalhães
Acho que o segredo é ainda 000 ou 999 (se me permitir 2 palpites, claro), pois acredito que para “configurar” sua senha você tenha que apertar o cadeado como se o estivesse fechando com força e girar os números. Se não funcionar, basta fazer o mesmo com ele aberto. Sei que é confuso escrevendo, mas é bem simples de executar.
Abraços!
ligiafascioni
Cristiano, está certo que sou loira, mas até mesmo eu pensei primeiro em tentar esses dois números (o 000 vem de fábrica). É que eu estava manipulando o cadeado com uma luva sem dedos e acabei fazendo um movimento infeliz, quando os numerozinhos giraram e o bendito travou. Ele está com uma senha de verdade mesmo, para a alegria dos meus fieis leitores que estão concorrendo a esse belíssimo prêmio…eheheh
Mesmo assim, obrigadíssimo pela dica 🙂
Morandini
Meu palpite… 442! Por favor, pode enviar o cadeado para o endereço do estúdio.
Quanto à resolução do seu problema, é simples: você errou de santa. O correto seria fazer uma novena para Nossa Senhora do Cadeado Travado, a santa que ‘destranca’ até intestino preso, parafuso emperrado e mula empacada.
Por fim, gostaria de dar uma dica… Todos os anos, no dia 9 de dezembro, é realizado um protesto na Alexanderplatz, em Berlim. No protesto, os estudantes queimam seus cartões apertadores-de-botão-excitado em PLATZ pública e cantam músicas exaltando o guarda-volumes do subsolo, que só usa cadeados.
Opa, dia 9/12 é hoje! Corre lá que ainda dá tempo!
E não se esqueça de levar seu cartão! Bom levar um isqueiro também…
ligiafascioni
Aahahaha… o mais engraçado é que ontem tinha uma passeata de estudantes na Friedrich Strasse, perto da biblioteca. Será que eles estavam protestando contra os cartões? Já vi que você tem informantes poderosos por aqui…eheheh
Bom, a má notícia é que seus informantes não passaram o número certo. Tenta de novo!
Mateus de Mello
854!
Ligia,
esse post poderia entrar pra série: Que dó, que dó, que dó!
que dó de vc! hehehehehe
ligiafascioni
Dó, nada. Estou vendo que você está rindo por dentro…..eheheheh (e não acertou o número, tente novamente)
Clotilde ♥ Fascioni
Ao cartão penso que o garoto que te ajudou, salvou uma senha e não te contou que ela só serviria por 24horas (se pode complicar, por que simplificar, né?).
ja ao cadeado chama o Vinícius que ele abre qualquer um, mesmo que seja alemon…. mas tenta o “teu” número, aquele que tens simpatia, tlaves o 2010 ou o 201066, vai que dá…
ligiafascioni
Mãe, como é que você divulga assim meus números preferidos? Agora vou ter que trocar todas as minhas senhas….eheheheh (mentira, a data de nascimento é tão óbvia que não sou boba de usar como senha)…
Bem lembrado, certeza que o Vinícius ia resolver, mesmo se fosse um cadeado paquistanês…. 🙂
Pedro Castilho
Gente, como pode um país tão cheio de complicações ser a casa de uma das mais famosas escolas de design e simplicidade da história..
Deve ser engraçado assistir todas as suas peripécias por essa cidade linda..
ligiafascioni
Pra você ver…
alexandre biciati
sugiro mandar um e-mail ao fabricante dizendo “esqueci minha senha”. claro que nao vao perguntar qual o nome do seu primeiro professor ou sabor de sorvete preferido e mandarao a senha nova, mas seria interessante saber como funciona o sac do produto nesse pais.
minha sugestao eh 468. mas tem que testar com os dedos cruzados. 😉
ligiafascioni
Eu já tive experiência com atendimento ao cliente aqui. Só tenho uma coisa a dizer: o atendimento é só em alemão mesmo e eu ainda não estou podendo, entende?
Tente outro número, esse não deu…
Alberto Costa
Lígia,
considerando tudo, acho muito perigoso abrir esse cadeado – você pode acabar acionando um portal para outra dimensão ainda mais bizarra do que essa em que você se encontra, uma em que você guarda suas coisas no cadeado e usa o armário para guardar todas as senhas utilizadas ao longo de sua vida útil.
Faça um pequeno nicho em sua sala de estar, coloque lá o cadeado e, todos os dias, antes de sentar-se para escrever seu próximo livro, olhe para ele com devoção, grata por descobrir, por ele, que, afinal, você não é tão esquisita assim.
Entretanto, se quiser tentar, use esta senha, que até semanas atrás era a do wireless lá de casa: K9GFHOJJD4oNYDDSHJtB7n. Só precisa eliminar as letras… Mas eu não ia facilitar para você, né?
Boa sorte, colega.
ligiafascioni
Você pode estar mancomunado com a máfia dos cartões, mas não foi dessa vez, colega….ehehehe
Marcelo Alves
Ola Lígia, acabei de conhecer o seu site e adorei. Parabéns.
Gostaria de sugeri uma pauta para você postar aqui:
http://www.marcelo-alves.com/72dpi/2010/10/conheca-o-trabalho-do-publicitario-bruno-honda-leite/
Abraço
Sil Motta
Lígia,
quase rolei no chão de rir com seus micos… Sorry, não deu prá resistir!!
Tenta aí: 981
bjs
ligiafascioni
Oi, Sil! Nossa, está difícil de descobrir esse segredo… não foi dessa vez ainda. Smacks 🙂
Rodnei
Lígia, ainda tá valendo o palpite do código do cadeado?
Meu palpite é o 2219. O mesmo número do guarda-volumes esquisito.
Seu site e blog foram de um achado “inconteste”. Você, de fato, cria valor.
ligiafascioni
Oi, Rodnei!
Eram apenas 3 dígitos, então testei 221, 229, 219. Nada. Try again….
Rodnei
Obrigado pelo retorno, Lígia.
Bom fim de ano na Alemanha.
Fernanda
Oi Ligia, adorei conhecer um pouco mais da tua rotina. Agora, eles podiam ser um pouco mais inteligentes né. Me lembro quando morei na Holanda, de usar um armário na academia, que não possuia cadeado. Ele possuía na realidade um sistema eletrônico de abertura. Você ia até o painel principal, digitava a sua senha e o seu armário e ele se abria!!! Mágico assim. Claro que às vezes eu precisava correr até a portinha porque a central ficava um pouco longe hehehe, mas mesmo assim, muito melhor do que ficar carregando aquela chavinha enquanto malha. Tirando isso, ainda prefiro esse sistema das plaquinhas do que os antigos cadeados, se bem que este com senha também funciona legal. Pena que não vem com link “esqueci minha senha”. Meu palpite é 090!
Ah, dá uma olhada no blog do meu namorido: http://raidushuaia2012.blogspot.com. Ele e um amigo foram até o Ushuaia e já estão voltando. Não foi dessa vez que eu me arrisquei, mas já estou me preparando psicologicamente para irmos pro Uruguai no carnaval. Btw, conheci o Bigode (Joel), amigo de vocês também, me contou algumas histórias de viagens do teu marido. Estou encantada com a irmandade dos motociclistas daqui de Floripa, já temos um grupo com mais ou menos 50 pessoas, a maioria com Vstrom, mas tem de tudo, desde custom até trail e scooters. Mas esse papo fica pro teu outro blog. Beijos e um 2012 “exxxpetacular”!!!
ligiafascioni
Oi, Fernanda!
Nossa, que bacana que vocês conheceram o Joel! Ele é um fofo, querido e engraçadíssimo – mande um beijo por mim quando o encontrar, tá? Também vi que ele econtrou o seu marido no caminho do Ushuaia (eles foram de carro). Delícia mesmo; só de ver o blog já dá saudades (as nossas estão hibernando). Realmente não é uma boa ideia fazer a primeira viagem logo para o Ushuaia, que é longe para caramba e tem uns trechos de rípio bem chatos (não deu tempo da gente chegar lá; nos mudamos antes). Você vai gostar bastante do passeio ao Uruguai, tenho certeza!! Pegue as dicas no blog duas motos e divirta-se!!!
Sobre o cadeado, os alemães conseguem complicar as coisas mais simples de um jeito que não consigo entender. Qualquer formulário deles é um desafio ao design da informação – fico impressionada como é que eles conseguem fazer isso. E, sobre o cadeado, não foi dessa vez ainda, tente de novo…eheheheh
Beijocas e obrigada pela visita!
Tamile
Adoro ler suas linhas. 🙂 Me motivam. 593 é minha aposta.
ligiafascioni
Puxa, não foi dessa vez, Tamile. Mas obrigada por participar 🙂