Quem me acompanha sabe que dificilmente posto assuntos muito pessoais, a não ser que a experiência possa ser útil para alguém. Pois esse é o caso agora.
Semana passada tive que fazer uma cirurgia na boca (uma daquelas aborrecidas operações que incluem dentes, gengivas, muita linha preta e injeções doloridas que não valem a pena detalhar). Fato é que saí do consultório parecendo que levei um soco no queixo e com a recomendação de falar o mínimo necessário, mexer a boca muito de leve, e usar uma placa de contenção no palato. Beleza.
A dor e o desconforto são coisinhas chatas, mas fazem parte. Como quase todo mundo, já fiz cirurgias diversas e passei momentos doloridos (felizmente poucos, pela minha lembrança). Mas nunca tinha me sentido tão mal, apesar da intervenção ser tecnicamente simples.
Passei a semana me sentindo fisicamente fraca (mas o negócio foi só na boca!), sem ânimo para nada. Olho no espelho e vejo uma mulher 10 anos mais velha, de aparência acabada. As pessoas que geralmente me tratam bem em todos os lugares (mesmo com famosa “frieza” dos alemães, sempre me senti acolhida) mal me olham. Até o Conrado achou que eu estava muito diferente. Estou mesmo. Nem passear na cidade, a coisa que mais adoro fazer, me animou no final de semana. E olha que numa outra oportunidade já caminhei 6 quarteirões com fortes náuseas e vomitando em duas praças no caminho só para ver um grafite, toda feliz (sim, tenho vergonha de dizer isso, mas é verdade….rsrsrs).
Alguma coisa estava errada comigo e eu precisava muito descobrir o que era; não estava gostando de jeito nenhum da pessoa que estava vivendo nesse corpo fraco. Ontem, conversando longamente com meu personal analista-marido, finalmente descobri: é que eu não podia mais sorrir por recomendações médicas (gargalhar então, nem pensar!) e isso nunca tinha me acontecido antes.
Não que eu esteja sempre sorrindo, mas tento ser agradável com quem faz contato visual, mesmo que sejam minhas gatinhas . Isso me anima, me fortalece, me dá energia. Quando a gente não sorri, murcha completamente em todos os sentidos, é impressionante, juro! Como disse, já passei por alguns perrengues muitíssimo mais difíceis (na verdade, incomparáveis), mas eu podia sorrir e até fazer piada da desgraça. Mas agora fui proibida e não consegui dar conta.
Não é muito louco isso, minha gente? Preste atenção e faça o teste: fique um dia sem sorrir. É para acabar com a pessoa.
Se o seu médico não proibir expressamente, por favor, sorria. Mesmo que não tenha motivos, mesmo que não tenha vontade, mesmo que o mundo esteja caindo na sua cabeça, mesmo que você não queira, faça uma forcinha. Todo dia, sempre que puder, em todas as ocasiões; não tenha medo de ficar com cara de bobo. Eu vivi feliz 48 anos com cara de boba e posso dizer que é infinitamente melhor, mais divertido e mais saudável do que essa interminável semana encarnando a séria carrancuda.
Bom, esse era o recado. Amanhã vou tirar os pontos e tudo vai voltar a ser como antes.
Desejem-se sorte 🙂
***
PS: Esse desenho é da nova safra: mulheres sorridentes.
Michel Téo Sin
A mente influencia o corpo, o corpo influencia a mente. Lembrei deste TED talk: http://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_shapes_who_you_are?language=en
Monica Loureiro Jorge
Adorei esse post!
Thiago Amaro
Oi Lígia,
Ótimo post, e eu sei bem o que é isso, pois as poucas vezes que passei por motivos pessoais que abalaram o meu carisma de brasileiro (sempre rindo e de bem com a vida), as pessoas ao meu redor (europeus que não estão acostumados com uma felicidade brasileira), perceberam e me perguntaram o que tinha acontecido.
Já vi pesquisas dizendo que se você falar ao telefone sorrindo, a pessoa do outro lado, percebe. A mesma voz, no mesmo tom, mas só de você falar sorrindo faz uma baita diferença pra quem ouve.
Esse TED Talks aqui fala exatamente sobre isso, como que body language está tão envolvido em nós seres humanos.
http://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_shapes_who_you_are?language=en
Ótimo post, parabéns pelo Blog.
Thiago
Tallita
às vezes, a gente precisa ler umas coisas assim pra se dar conta de que tirar o peso de algumas coisas depende de nós mesmo, e com algo tão singelo, tão nosso, independente de outros fatores externos. sorrir. só rir. rir. já dizem que “é o melhor remédio”. amém. que dê tudo certo, Lígia. mesmo assim, de longe, vc nos passa uma energia muito boa. sempre gentil e humorada. 😉
Tallita
às vezes, a gente precisa ler umas coisas assim pra se dar conta de que tirar o peso da vida depende de nós mesmos, e com algo tão singelo, tão nosso, independente de outros fatores externos. sorrir. só rir. rir. já dizem que “é o melhor remédio”. amém. que dê tudo certo, Lígia. mesmo assim, de longe, vc nos passa uma energia muito boa. sempre gentil e humorada. 😉
Ênio Padilha
Isto é o que se pode chamar de um texto antológico. Show, Lígia. Vai lá, tira esses pontos e… sorria!
jacqueline Keller
Ligia, só você mesmo…..mas é verdade, sorrir muda tudo e nem imagino você sem um sorriso. melhoras querida!!! bjão
Eliene
Não poder rir deve ser pior do que não poder falar!!!
Roberto Postali
Lígia, conheci um pouco vc hoje lendo sua crônica na revista Amanhã e simpatizei com seu conteúdo e perspicácia em analisar identidades de empresas/negócios. Como posso adquirir seu livro sobre DNA? Muito obrigado pela sua atenção e sucesso sempre.
ligiafascioni
Oi, Roberto! Você pode adquiri-lo em qualquer livraria (física ou virtual), mas aqui tem mais informações sobre o livro, o link da editora e de sites com pesquisas de preços: http://www.ligiafascioni.com.br/livros/dna-empresarial-identidade-corporativa-como-referencia-estrategica/
Abraços e sucesso!
Fernando
Ligia, para mim, o seu blog tem esse mesmo efeito do sorriso: me energiza. Suas ideias, suas palavras, suas fotos fantásticas, sua generosidade em compartilhar experiências e conhecimentos, tudo têm uma capacidade mágica de quebrar a brabeza da vida e acalmar a alma. Obrigado. Ps1: aproveitando a onda, se eu fosse vc fundaria uma nova igreja: a do santo design kkkkk, eu que não sigo igreja alguma entraria para a sua no mesmo dia! Ps2: um dia conta pra gente como foi que o design entrou na sua vida já que sua formação é engenharia. Abraços. Vai curtindo o seu verão aí que eu vou curtindo meu inverno aqui (interiorzão de sp, 32 graus).
ligiafascioni
Puxa, muito obrigada, Fernando!
Hahahaha… também não frequento igrejas porque acho que o mundo não precisa de mais religião, precisa de mais amor, só isso 🙂
Sobre a minha história, olha aqui: http://www.ligiafascioni.com.br/eu-nao-sou-designer/
Abraços e sucesso!