Mais um filho
Ontem à tarde peguei no colo o “DNA Empresarial: identidade corporativa como referência estratégica“, meu mais novo rebento. Nossa, de longe, esse caçula é o mais lindo! O pessoal da editora Integrare caprichou mesmo em tudo; a diagramação ficou elegante, o papel pólen deu peso, a revisão foi profissional. Adorei o resultado!
O lançamento será nesta terça, dia 30 de novembro, em Belo Horizonte, no espaço Templuz. Haverá debate com os monstros do design Jorge Pietruza (Innovation Design Manager at Whirlpool Corporation); Lincoln Seragini (Presidente da Seragini Design) e Peter Fassbender (Engineering & Design Fiat Latin America Style Center), tudo organizado pelo fantástico e querido Camilo Belchior.
Aqui em Floripa o lançamento será em fevereiro ou março, mas para quem não quiser esperar, já tem na Saraiva, entre outras livrarias. Espero que vocês gostem do meu novo filhote!!
Cerol
Puxa, as mães e pais precisam ensinar seus filhos que cerol (linha com vidro moído colado) é uma arma letal. O Conrado estava voltando para casa de moto e passava pela Beiramar Norte quando foi atingido por uma linha dessas no pescoço. Não conseguimos imaginar quem poderia estar soltando papagaio nessa região, mas aconteceu.
Ainda bem que ele viu logo e o corte não foi profundo (mesmo assim, saiu bastante sangue), mas conhecemos casos de pessoas que ficaram dias no hospital e quase morreram, pois no pescoço há artérias importantes.
Cerol é arma e pode matar. As crianças precisam saber disso.
Design thinking e design de serviços
Já faz algum tempo que ando pesquisando sobre design thinking e design de serviços, mas só agora se fez a luz e tudo ficou mais claro. E o mérito é do imperdível “Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias“, do Tim Brown.
Tim começa explicando que o design thinking foi um termo que ele cunhou para conseguir expressar a diferença entre ser designer e pensar como designer. Ele fala da migração do design do nível tático e operacional para uma abordagem mais estratégica. Por isso, os CEOs, gestores, administradores, excutivos, gerentes, vendedores e até estagiários deveriam pensar como designers; só assim as empresas conseguirão ser inovadoras no sentido mais radical da palavra. Parece confuso? Calma que eu explico (ou melhor, o Tim).
É que os designers têm passado as últimas décadas buscando o compromisso entre as necessidades humanas e a tecnologia disponível, sem nunca perder de vista as restrições práticas do negócio. E conseguem fazer tudo isso levando em consideração a intuição e a capacidade de desenvolver ideias que tenham um significado emocional além do funcional. A ideia é aplicar a maneira como os designers pensam (combinando o racional e o emocional) em qualquer situação; seja uma questão social, seja um desafio de mercado.
Gostei especialmente do capítulo que fala de restrições; Brown lembra que, sem elas, o design não pode ser criado. A disposição, e até a aceitação empolgada das restrições são partes fundamentais do design thinking (dica valiosa para quem vive choramingando). As restrições são visualizadas sob três pontos de vista diferentes, para gerar novas ideias: a praticabilidade (o funcionalmente possível); a viabilidade (o que pode se tornar um modelo de negócios sustentável) e a desejabilidade (o que faz sentido para as pessoas).
Brown explica que, enquanto os designers aprendem a solucionar as restrições, os design thinkers navegam nelas com criatividade. Isso acontece porque o foco é desviado do problema para o projeto. É que os problemas que confrontaram os designers no século XX (projetar uma identidade visual, criar um novo objeto ou ambiente) não são os que definirão o século XXI. Ele diz que a próxima geração de designers deverá se sentir tão à vontade na sala de um conselho de administração como num estúdio — e deverá analisar todas as questões, do analfabetismo de adultos ao aquecimento global, passando por hábitos alimentares, como um projeto de design.
Ah, e tem mais. Acabou-se aquela história de “eu sou profissional, sei o que é melhor para você“. Tim fala do estudo da sua colega Jane Suri sobre a evolução do design thinking, na medida em que ele migra de designers criando para as pessoas para designers criando com as pessoas e, no final, as pessoas criando por si próprias. Um baita tapa no ego, mas concordo com eles que esse é o caminho.
A proposta é que as ideias sejam geradas em conjunto com as pessoas que serão impactadas por elas; que os protótipos sejam construídos e testados ainda durante o processo. Ninguém está à procura da solução correta, definitiva e insubstituível, mas do caminho que conduz à melhor maneira de fazer com que a experiência seja significativa e importante. É claro que há conflitos a se resolver, mas, mais do que a criatividade, o grande talento do design thinker é o pensamento integrativo (já falamos disso antes aqui).
Tim, não por acaso, é o presidente da IDEO, uma das empresas de design mais inovadoras do mundo, e dá vários exemplos práticos do que estamos falando. Um é o caso de uma empresa que planejava construir um trem de alta velocidade entre as principais cidades americanas e contratou a IDEO para projetar o design dos assentos. A IDEO fez uma ampla pesquisa e descobriu que uma jornada normal de trem era composta por 10 passos, desde chegar até a estação, estacionar, comprar o bilhete, até chegar ao destino. A sacada foi que eles descobriram também que o passageiro só se sentava no trem no estágio 8 — então, tinha muita coisa para melhorar a experiência antes e depois do passageiro se sentar e trabalharam em todos eles, tornando o projeto um sucesso.
E aí é que entra o design de serviços; quando penso no processo todo, em todas as situações em que a pessoa interage com a empresa, e me concentro em melhorar essa experiência, estou falando de design de serviços. Então, design de serviços nada mais é do que o design thinking aplicado ao setor de serviços, entendeu?
Penso que todos os designers e não designers deveriam ler esse livro (ouso sugerir que seja leitura obrigatória nos cursos). E concordo com o Tim Brown quando ele diz que o design é algo tão grande e tão importante para o mundo que não pode ser deixado apenas nas mãos dos designers.
Ligia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br
Frase
“Quer você pense que pode, quer você pense que não pode — você está certo.”
Henry Ford em Quotes on Design.
Ócio, demanda e comichão
Feriadão, João Roberto está no canto da cozinha totalmente tomado pelo tédio, transpirando ócio até pela sola dos pés. Eis que entra Eneida porta adentro, esbaforida:
— Levanta, nêgo. Assaltaram a casa da vizinha!
— Não demanda, minha flor. Se assaltaram já a casa da vizinha, a nossa está fora de perigo. O ladrão não consegue dar conta assalto no atacado, ainda mais em feriado.
Ante a demonstração lógica que a moça não conseguiu refutar, só lhe restou meter as unhas no dedo anular para acalmar a comichão que sempre a acometia toda vez que ficava sem resposta.
O preocupante é que o dedo já estava tão esfolado que nem a aliança dava mais para usar.
***
Essa historinha é um exercício rápido de estilo e criatividade (calma, né, gente, é só a primeira…). Peguei a ideia do livro “O efeito Médici“. Lá diz que o grande Edgar Alan Poe fazia bem assim: abria aleatoriamente 3 vezes o dicionário e, com as primeiras palavras que encontrava, montava uma história. Eu achei essas três. Quer tentar outra história com elas?
É mesmo…
Olha só que graça a Sílvia Cadecaro descobriu e me contou; é um blog cheio de tirinhas sobre uma moça que tem um montão de gatinhos. Quer ver? Clica aqui! Segue uma amostra bem-humorada…
O domínio da situação
Nossa, desse jeito vou ficar complexada. Toda vez que alguém vê uma coisa bizarra dessas, diz que imediatamente se lembra de mim…eheheh…
Dessa vez foi a fofa da Giovanna Fiamoncini, da Sirius AB, que ficou escandalizada com esse rompante de criatividade publicitária e compartilhou o susto comigo. Ninguém faz nada com essa irmã irresponsável? Só tenho uma coisa a dizer: não tente isso em casa!!!
Teste de acampamento
Nesse final de semana a gente resolveu acampar no Alto da Serra da Boa Vista, interior de Santa Catarina, a uns 80 km de Floripa. É que o Conrado comprou uma barraca e todos os apetrechos para passar a noite em lugares ermos, uma vez que a viagem dele no próximo carnaval será por estradas esburacadas ao pé da cordilheira (só vão meninos, não sou chegada a estrada de terra — as viagens de final de ano têm sempre a maior parte do trajeto asfaltada).
Data marcada com muita antencedência, ia um montão de gente, mas, na última hora apareceu cada um com seus problemas e acabamos ficando só nós dois mesmo. A vontade de brincar de cabaninha era tanta que nem ligamos para o tempo feio e partimos para o nosso destino — eu com meu valente Ford KA (alguém tinha que levar travesseiros e cobertores) e o Conrado de moto, afinal, ele queria testar também se os equipamentos básicos cabiam todos. Ok, esse teste foi meio fake…ehehehe…
Chegamos por volta das 6 da tarde e, numa altitude de 1.150 m, a cerração era fechada. Deu para inaugurar o fogãozinho com um risoto regado a vinho (delícia) sob os olhares atentos das vacas locais. Depois fomos dormir para acordar com o barulhão da chuva (choveram baldes e depois ventou o suficiente para fazer um veleiro cruzar o oceano). A barraca resistiu bravamente e tirou nota 10, tanto que a gente só acordou às 9 da matina. Depois do café na moka (chique, esse acampamento), foi hora de desmontar o teste e voltar para casa.
Só não foi mais mumu porque atolei o carro e levamos quase uma hora para tirá-lo do lamaçal (cheguei em casa com lama até nos cabelos…ehehehe).
Tá bom, não vou enganar ninguém — não sou uma “pessoa simples” e adoro o que se costuma chamar de frescura (louça fina, taças de cristal e guardanapos de linho), mas adoro mais ainda uma aventura, principalmente se tiver bichos (vacas contam). Quer mudar um pouco a rotina? Ficadica!
Frase
“O inimigo de todo autor não é a pirataria, mas a obscuridade.”
Chris Anderson no Quotes on Design.
O efeito Medici
Sabe quando você lê um livro e acha que alguém leu a sua mente? É claro que eu não teria capacidade nem conhecimento para escrever “O efeito Medici: como realizar descobertas revolucionárias na intersecção de ideias, conceitos e culturas“, mas gostaria muitíssimo de tê-lo feito. Frans Johansson traduziu tudo o que eu penso e mais um montão de coisas; estou encantada.
Ele fala do conceito de inovação que uso até hoje; não basta a ideia ser original, mas precisa também ser valiosa e disponível para uso.
O livro trata basicamente do conceito de intersecção; um espaço na nossa mente onde há mais possibilidade de gerar ideias inovadoras e revolucionárias. Frans usou a família Medici (aquela dos banqueiros mecenas de Florença, não a do nosso general ex-presidente) como metáfora porque eles conseguiram criar e nutrir esse espaço intersecional como ninguém antes. Os Medici reuniram e financiaram escritores, escultores, filósofos, investidores, pintores, poetas e arquitetos, entre outros talentos. Esse caldo cultural rompeu barreiras entre disciplinas e culturas, dando origem a um mundo de ideias diferente de tudo o que se conhecia até então. A mudança foi tão radical e inovadora que a época ficou conhecida como “Renascimento“.
Johansson defende que esse ambiente propício a inovações pode ser recriado quando se combina conhecimentos de áreas diferentes em um mesmo projeto. Como exemplo, ele cita o arquiteto Mick Pearce, nascido no Zimbábue que reuniu técnicas de arquitetura com estudos sobre ecossistemas e conseguiu construir um edifício baseado nos ninhos de cupins no deserto africano. Como resultado, o prédio, inaugurado de 1996, mantém uma temperatura estável entre 22 e 25 °C sem usar sistema de ar-condicionado e usa menos de 10% da energia consumida em prédios do seu tamanho. Ah, e isso na escaldante Harare, capital do Zimbábue. A solução só foi possível porque o arquiteto, competentíssimo, curtia estudar os processos da natureza nas horas vagas.
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