Já chegamos em Chiloé
A 65 km de Puert Montt fica a balsa que nos levou a Chiloé. A ilha é comprida como Florianópolis, mas muito maior. São 105 km para chegar até Castro, que é a capital, e fica mais ou menos no meio (a balsa atraca numa ponta).
Há várias cidadezinhas por toda a orla e absolutamente TODAS as casas são feitas de madeira. São lindas, antiquíssimas e bem coloridas. A Villa San Antonio de Chacao, de onde tiramos as fotos que seguem, foi fundada em 1587!
Mercado de Puerto Montt
A gente estava tão cansado e o quarto do hotel tinha uma vista tão espetacular que decidimos ficar mais um dia. Aproveitamos para visitar o mercado público (pena que a maioria das lojas estava fechada por causa do feriado) e comer coisas gostosas. Aliás, estou enchendo a cara de cerejas (adoro!).
Paso Pino Hachado
Cruzar a Cordilheira dos Andes sempre é muito emocionante, mesmo que o Paso (nome que se dá às estradas que cruzam a cordilheira) não seja tão alto (o Paso Pino Hachado tem 1832 m de altitude).
Saímos de Neuquen tarde (umas 10 da manhã) porque estávamos bem cansados. Pegamos ventos patagônicos na estrada, daqueles em que a moto tem que velejar para não tombar. Depois de um trecho desértico, começou o paso propriamente dito. O cenário muda radicalmente, é como se a gente estivesse entrando num comercial de TV, com cenários perfeitos e deslumbrantes, de emocionar mesmo.
Esse paso fica numa região chamada e Araucanias, por causa das araucárias, muito comuns no lugar. Há esculturas naturais de pedras, rios de degelo, vulcōes e montes nevados. A estrada é bem sinuosa. Só que o vento continuou a mil por todo o caminho; ao parar, a gente tinha que se cuidar para o capacete não sair voando.
Isso tudo com alguns trechos de rípio (um deles com uns 10 km) bem chatos, com camadas grossas de brita que fazem a moto rebolar. Com o vento era praticamente impossível andar em linha reta ou fazer curvas planejadas. Suei em bicas, mas não caí nenhuma vez!
Ficamos um tempão nas aduanas argentina e chilena (é muito papelzinho para ser carimbado) e depois ainda teve um túnel de 4,5 km (túnel Las Raices), bem estreito, de apenas uma pista.
No final do dia ainda pegamos uns 100 km de autoestrada (foram 531 km no total). A sorte é que, as 9h30 da noite, em Temuco demos de cara um Holliday Inn Express, aqueles hoteis de rede americana maravilhosos (o Conrado tem até cartão fidelidade). Uma cama king size é tudo para dois motociclistas caindo aos pedaços.
La vida con frescura!
San Rafael
San Rafael lembra muito Mendoza; rodeado de vinhedos, ruas larguíssimas, álamos frondosos por toda a cidade irrigados por canais subterrâneos de água de degelo, praças bem cuidadas. Mendoza parece mais rica e mais cosmopolita, mas San Rafael não deixa de ter seu charme.
O farol da minha moto queimou e foi fácil de achar a lâmpada de substituição. Também comemos uma massa maravilhosa na La Gringa. Eita vidinha difícil…
Mas hoje, em compensação, rodamos 593 km sob um sol de fritar os miolos. Ainda bem que rendeu bastante, pois entre um sinal de civilização e outro (entenda-se postos de gasolina), a média era de 170 km!
Agora estamos num hotel de beira de estrada em Neuquen (o mais caro até aqui, por sinal, pois nessa região é tudo mais dispendioso) e amanhã cruzamos a fronteira para o Chile.
Seguem as fotos da cidade de San Rafael.
Sierras cordobesas
Depois de Paraná, seguimos para Mina Clavero, 540 km adiante. Apesar da viagem não ser tão longa, foi bem cansativa, pois tivemos que sair tarde (11 da manhã) por causa da roupa que ainda estava secando. Além disso, passamos por dentro de várias cidades com um trânsito bem bagunçado por dezenas de sinaleiras dessincronizadas.
Mas o final compensou muito; o último trecho foi de perder o fôlego nas sierras cordobesas, uma cadeia montanhosa que chega a 2.200 m de altitude (e a temperatura caiu de 36 graus para 14 graus em apenas meia hora). Dormimos na lindinha Mina Claveros; pena que não deu para aproveitar muito, pois chegamos tarde e hoje tinha mais 550 km.
Estamos em San Rafael e acho que vamos nos dar muito bem aqui, a julgar pelos vinhedos do caminho. A gente bem que merece, pois passamos as últimas 4 horas cruzando um deserto onde não tinha uma sombra. O termômetro da moto marcou 39,5 graus…
Posada del Rosedal
Paraná, Argentina
Paraná e Santa Fé são cidades separadas por um túnel que passa por baixo do rio Paraná. Das outras vezes ficamos em Santa Fé, que é uma graça. Agora ficamos em Paraná e descobrimos que ela é ainda mais linda que a irmã. Tem parques enormes e maravilhosos à beira do rio, jardins muito bem cuidados, tudo muito caprichado. Uma das cidades argentinas mais lindas que já visitei.
A prova da água
Hoje rodamos 620 km entre São Borja e a cidade de Paraná, na Argentina. Só que os últimos 400 km foram debaixo de uma chuva daquelas que molha muuuuuito!
Aliás, péssima ocasião para descobrir que as minhas botas nutrem um desejo secreto de ser uma piscina semi-olímpica, o que, no caso delas, é uma séria falha de caráter. Elas entraram na pousada fazendo ploft ploft, enquanto as do Conrado, que são da mesma marca e modelo, trouxeram os dedos dele sequinhos e felizes. Pôxa, que sacanagem… A gente chegou a fazer um filminho do balde que eu enchi com a água que tinha na bota, mas, por problemas técnicos não podemos mostrar aqui agora.
Estamos numa pousada linda, charmosa e barata (aqui na Argentina os preços estão ótimos!) que encontramos no trip advisor (o iPad está sendo uma mão na roda, pois ainda não chegamos perto de nenhuma lan house, apesar de estarmos apanhando um pouco para fazer as postagens…).
Os peludos fofos e queridos dos postos de gasolina já começaram a aparecer. Aqui na pousada tem a Máxima, uma cachorra linda e simpaticíssima (vamos ver se conseguimos fotografá-la amanhã).
Palavras que gastaram…
Palavras são como qualquer outra coisa; se a gente usa demais, elas gastam, ficam desbotadas e até, em casos de uso excessivo, perdem completamente o sentido.
Andei reparando que, ultimamente, as palavras a seguir perderam o significado original; já não querem dizer coisa alguma. Vê se não é:
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