Você é normal?

Pode ser coincidência, mas só essa semana ouvi a mesma frase de três pessoas diferentes em contextos distintos: “Ah, mas está errado, isso não é coisa de gente normal!”. Pois aí está uma boa questão: o que é ser normal?

Bom, segundo os dicionários, normal é o que segue uma norma ou regra. Também se usa para qualificar algo que é comum, usual, de praxe.

Na estatística, normal é aquela curva em forma de sino onde a maioria esmagadora dos resultados mais freqüentes encontrados em uma pesquisa ocupam toda a parte gordinha, e o restante (resultados menos freqüentes) fica apenas com as beiradas.

Mesmo tendo origens distintas, as duas definições convergem: normal é aquilo que é mais comum, freqüente, que reflete o comportamento da maioria. O problema é que algumas pessoas utilizam normal como sinônimo de CERTO e, portanto, quem não segue a maioria está errado. É claro, se a maioria das pessoas faz uma coisa, essa coisa só pode ser a certa, confere?

Pois é, até poderia ser se a gente se esquecer que já foi normal (e , portanto, para alguns, certo), comprar e vender seres humanos como escravos; queimar pessoas vivas só porque elas eram mulheres e não praticavam o catolicismo com o devido fervor; submeter seres humanos a trabalhos forçados e matá-los em câmaras de gás só porque eram judeus; incentivar a pedofilia (ou como poderia se chamar a prática de famílias que negociavam casamentos entre meninas de 12 ou 13 anos e velhos ricos?) e por aí vai. Esses comportamentos, que parecem horríveis, já foram amplamente aceitos pela sociedade e, inclusive, legalmente justificados. Normal e estritamente dentro das regras, portanto. Mas certo?

Penso que a gente deve tomar o maior cuidado com as palavras de maneira geral, e com a palavra normal particularmente. Só porque alguém não age como a maioria, não significa que esteja errado. Normal e certo não têm nenhuma relação entre si. Ser anormal não deveria ter esse sentido pejorativo que a gente conhece tão bem. Lembro de uma frase de Thoureau que marcou a minha adolescência e que dizia “se um homem não acerta o passo com seus companheiros, talvez seja porque escuta um tambor diferente”. O anormal é diferente, só isso.

Ainda bem que existem os anormais, pois são justamente aqueles que fazem diferença, fazem as coisas mudarem e o mundo evoluir. São os que questionam a validade e a pertinência das regras, que prezam a liberdade (sua e dos outros) e, principalmente, que incomodam os normais.

Não deviam, até porque o incomum Caetano já disse, com muita propriedade que, “de perto ninguém é normal”. Impossível caber inteirinho dentro de um sino.

Lígia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br

Bem na foto

Fotografia: Daniele P.
Fotografia: Daniele P.

Nesses tempos internéticos em que a gente vive, onde as redes sociais são responsáveis por boa parte dos contatos profissionais, há que se tomar bastante cuidado com as fotos que colocamos lá. Mesmo que o sujeito faça um perfil só para a família e a “galere“, ninguém pode impedir que o seu chefe (ou futuro potencial chefe) também dê uma espiadinha. That’s it, não há o que fazer. Postou, se expôs.

Para quem trabalha com serviços, como eu, a coisa é automática: quem vai me contratar sem me conhecer pessoalmente, com certeza “dá um google” antes para formar uma opinião. Inclusive, não poucas vezes, é lá mesmo que a pessoa fica sabendo que existo. Para quem tem um emprego, a coisa não é tão diferente, afinal, se você bate ponto numa mesa de trabalho perto da máquina de café, nada garante que vai continuar tendo domínio sobre ela na semana que vem. Aí, é articular novas oportunidades profissionais — e você não vai escapar de uma “googlada“, pode ter certeza.

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Rebelde sem causa

Às vezes, a gente se revolta contra um fabricante e não tem razão, olha só o perigo. Essa foi a primeira viagem longa com minha bota nova, vendida como totalmente impermeável (Daytona Touring Star GTX). Depois de umas 5 horas de chuva forte, olha só a quantidade de água que saiu de dentro dela:

Minha primeira reação foi xingar muito, afinal, estava com os pés gelados e fazendo ploft ploft. Mas olhava, examinava, e não achava o furo (ainda mais nos dois pés). Então, depois de outra chuva forte, comecei a reparar melhor e finalmente descobri o que aconteceu.

Minha calça, que já está na quinta viagem, perdeu as propriedades impermeáveis. Quando molha abaixo do joelho, a água escorre por dentro da calça e se infiltra pelas meias. Como a bota é totalmente impermeável, não deixa a água sair (é um inferno para secar depois). Enfim, a culpa era da calça, não da bota. E eu já estava bolando uma carta indignada para o fabricante — já pensou o mico?

Isso me fez pensar numa das coisas que aprendi o ano passado: percepção e realidade são duas coisas diferentes. É importante não confundir as duas; o que parece óbvio merece sempre mais uma análise…

Susto dos amigos

Agora que chegamos bem e não fomos atingidos por nenhum pneu, dá para contar o susto que os nossos amigos levaram (senão ia ficar um montão de gente preocupada).

É que tínhamos marcado de nos encontrar dia 5 de janeiro em Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai, para um churrasco organizado pelo Nélio (show de churrasco!). O Joel, o Maciel e o Sérgio iriam para o Ushuaia partindo de Florianópolis e nós estaríamos voltando de Chiloé.

Os viajantes foram escoltados por mais 4 amigos (Mauro, Sthefan, Iran e Saraiva) que queriam dar um passeio e curtir um churrasco.

Saíram as 7 motos às 6 da matina de Floripa e, quando estavam na altura de Tubarão (BR-101), não é que uma roda inteira de uma carreta que vinha em sentido contrário se soltou completamente e atingiu a moto do Joel?

Imaginem só o susto, ver um pneu voando na sua direção. Justamente minutos antes, o Joel pediu para os companheiros irem na sua frente para que ele pudesse filmar o grupo com a filmadora que estava acoplada no cockpit da moto; por isso, acabou levando a trolada. Mas também, por coincidência, filmou tudinho, é impressionante, olha só.

Graças a Deus e à proteção das roupas e equipamentos que estava usando, o Joel está inteirinho (sofreu apenas uma luxação numa das mãos) apesar da queda espetacular. Segundo eles, voltaram todos para casa mas nem sequer desfizeram as malas e só estão esperando o conserto da moto para seguir viagem. Quem quiser acompanhar as aventuras desses bravos, é só frequentar o blog deles clicando aqui.

Acho que vou pedir para o meu Anjo da Guarda, que adora andar na minha garupa, para viajar com eles dessa vez. O do Joel estava de plantão. Ainda bem, né?

Volviendo…

Agora sim, vamos embicar as duas motos na direção de Floripa e voltar para casa! Amanhã a gente sai da Argentina, cruza o Uruguai e chega em Santana do Livramento a tempo de encontrar os amigos que estão indo para o Ushuaia (vai rolar até um churrasco).

Vamos ver se o povo todo consegue acordar cedo no dia seguinte para seguir viagem…eheheh…