Praia colorida
O mundo não está perdido mesmo, de jeito nenhum. Olha só que bacana o trabalho feito na cidade turística de Benidorm, no litoral da Espanha. A orla estava decadente e feia no início da década e a prefeitura achava que a praia e a cidade podiam “conversar” de maneira mais harmônica. Lançou-se então um concurso, em 2002, e um escritório de arquitetura de Barcelona ganhou a parada. A obra, de 40.000 m2, abrange 1,5 km de beiramar, e levou 3 anos para ficar pronta (foi inaugurada em 2009). Em 2010, ganhou menção especial no European Prize for Urban Public Space. Mais que merecido, né?
É uma das coisas mais lindas que já vi em litorais urbanizados. A gente podia pensar em algo parecido por aqui, afinal, o Brasil é tão colorido…
Fiquei sabendo pela newsletter do The Cool Hunter, mas também tem mais informações aqui.
Abelhinha
Dia 8 de março é o dia da mulher. E é também o dia do aniversário da minha diarista.
A Vâni é uma das mulheres mais extraordinárias que já tive a honra de conhecer na vida. Temos praticamente a mesma idade (44), mas vidas e experiências muito distintas; fico fascinada com a força que ela tem. Penso que eu, você e a torcida do Flamengo iríamos comer poeira se tivéssemos que enfrentar as feras que essa mulher detona.
Nascida no oeste de Santa Catarina, falava um dialeto italiano até os 17 anos, quando veio para a capital aprender a ler e a falar português. Foi um início bem complicado – como conseguir emprego sem falar a língua (nem entender)? Mas ela não se fez de rogada; sofreu muito, mas conseguiu seu lugar sob esse sol manezinho.
Há 12 anos, essa moça luta contra um câncer na cabeça que já se imiscuiu em outras partes de seu corpo algumas vezes, e ela sempre ganha; não raro, faz quimoterapia e faxina na mesma semana. Ela só tem metade de um dos pulmões funcionando, mas está sempre de alto astral, fazendo planos e rindo.
Empreendedora obstinada, é a única pessoa que conheço que conseguiu trabalhar e juntar dinheiro para comprar um apartamento à vista, fruto de muitas faxinas, depilação, comida para festas e venda de cosméticos. Generosa, ainda ajuda a criar os 3 sobrinhos que praticamente moram com ela, uma vez que a mãe deles não é tão boa administradora. A Vâni os chama carinhosamente de “meus pintinhos”.
Fui procurar alguma coisa para dar de presente para essa formiga atômica tão querida, mas estava um pouco difícil. Perfumes e cosméticos, nem pensar. Há anos ela figura no topo do ranking entre as maiores vendedoras do Brasil tanto da Natura como da Avon (ela faz os pedidos pela internet, essa danada inteligente). Já ganhou prêmios diversos, inclusive viagens, que adora.
Mas tem outra coisa que faz os olhos dessa menina brilharem: os livros. Todo mês ela separa R$ 100 para comprá-los, e é bem eclética. Encantou-se com a série Crepúsculo (que ainda não li), mas também adorou 1808 e 1922, sobre história do Brasil. É das poucas pessoas que tem acesso livre à minha estante e pode levar o que quiser (e olha que sou ciumenta; já perdi alguns dos melhores livros emprestando-os para gente de memória fraca).
Pois ontem fui a uma livraria para tentar descobrir o que ela gostaria. Entre outros volumes, peguei nas mãos “Pequena abelha”, de Chris Cleave. Conta a história de duas mulheres que se encontram em uma situação muito complicada, numa praia da Nigéria, em plena guerra do petróleo. Quando olhei no relógio, já estava na página 71. Aí tive que comprá-lo e ler o resto em casa (desculpe, Vâni, mas é o controle de qualidade).
Se tem um livro adequado para o dia em que se homenageiam as mulheres, é esse aí. As personagens têm medo, mas são fortes e enfrentam coisas aterrorizantes e inimagináveis, com uma dignidade que faz a gente se emocionar. Os fatos nos fazem rever nossos valores e pensar o que faríamos se estivéssemos no lugar de qualquer uma das duas. Com uma guerra pelo petróleo como pano de fundo, história é cheia de acontecimentos que provocam fome pela próxima página. Muito bem escrito, o livro é bordado com aquela ironia fina que amarra o leitor. Acho que a Vâni vai gostar.
Feliz aniversário, minha querida amiga e incansável abelhinha.
Tudo que eu queria
Descobri por acaso, um dia desses, um thumbrl muito lindo chamado Tudo que eu queria. Não sei nada sobre autora, mas parece que a conheço há anos, pois sou um pouco ela (acho que você também). Olha só a ideia que a mina teve: “Porque uma vez eu entrei no metrô e pensei: se eu pudesse querer alguma coisa de alguém aqui, o que seria? Hmmm, a bolsa dela. A revista dele. O guarda-chuva dela. A sobrancelha dele. E por aí vai.”
Não é uma ideia muito atraente? Toda vez que fico esperando em algum lugar cheio de gente, fico imaginando histórias para as pessoas; outras vezes, penso que estou num programa de moda e tenho que avaliar a roupa de cada um; já elucubrei até sobre se alguma delas já tinha matado alguém, como num conto policial. Mas nunca me passou pela cabeça escolher alguma coisa para mim.
Mas a blogueira (ou thumbrleira) foi bem além, pois agora não quer mais nada das pessoas, já passou a coisas mais abstratas; olha que bacana esses exemplos pinçados a esmo.
– Queria que toda vez que o porteiro interfonasse fossem flores.
– Queria assistir a um casamento em que a noiva foge.
– Queria escolher óculos de manhã.
– Queria ruas planas para sapatos difíceis.
EU TAMBÉM.
Mas nesse exato momento o que eu queria mesmo era que todo esse pó de gesso se teletransportasse para um universo paralelo no qual eu não tivesse acesso; que eu piscasse os olhos e, quando os abrisse, a reforma tivesse terminado e a casa estivesse linda, cheirosa e cheia de flores… (ó, céus, mais duas semanas ainda…).
O outro susto
Só por curiosidade, esse era o outro trabalho que submeti ao concurso Mural Templuz. Se alguém aí tiver mais uma parede grandona e quiser aproveitar…
Ovocubismo
Olha só que ideia mais sensacional o artista holandês Enno de Kroon, teve: aplicar o cubismo em 3D. Inspirado nas obras de Braque e Picasso, o sujeito olhou em volta e imaginou como seria uma tela que pudesse dar a noção real de profundidade que o cubismo almejava… vai ver, ele estava voltando do supermercado e teve uma epifania quando viu a embalagem dos ovos. Amei o resultado, como não?
Achado mais que bacana do sempre ótimo Marketing na Cozinha.
F*** Fiat
Gente, como é que a Fiat deixou uma loja com esse nome ser representante da marca? É claro que é um sobrenome de família, mas a associação é, no mínimo, infeliz.
Sei, tem aquelas pessoas que acham que assim vai ficar diferente e chamar atenção, mas eu sempre cito o exemplo da melancia no pescoço. Quer chamar atenção, é só pendurar, não tem erro. Mas por qual atributo você vai ser lembrado? Quais características positivas serão enfatizadas e destacadas?
Depois, se a garantia não funcionar e o atendimento for horrorível, não adianta reclamar. Eles bem que avisaram…
Quem descobriu a pérola foi a super atenta coach Marina Leal, colega querida da Confraria Empresarial.
Limonada Moda Customizada
Esse é o nome da loja virtual da designer de moda Janaína Ramos, cheia de bossa e ideias bacanas (tem roupas, acessórios, decoração e papelaria). O projeto surgiu em 2008, a partir do Trabalho de Conclusão de Curso que tratava de ecodesign, cooperativismo e economia solidária.
A super empreendedora Janaína também oferece consultoria em customização, olha que legal: ela dá uma geral no seu guarda-roupa, analisa seu estilo e hábitos cotidianos e faz propostas de customizar as roupas que você já tem para que fiquem com a sua cara.
Se você não mora em Floripa, pode mandar fotos que ela faz um projeto de customização para cada peça, fornecendo a lista de material e a orientação para a sua costureira (ou para você, se souber pilotar uma máquina de costura).
Assim, você sempre vai andar na pinta, suas roupas durarão mais e o planeta vai agradecer. A ideia já deu tão certo que a Limonada Moda Customizada já está sendo representada na Europa pela holandesa Yellow Co. Design.
Eu já encomendei essa carteira linda aí embaixo (ela faz uma por uma, não tem duas iguais). E você, está esperando o que para fazer uma visitinha na loja da moça?
Susto no mural
Acabei de receber uma notícia ótima! Um dos trabalhos que enviei para o Concurso Mural Templuz foi escolhido para ficar um mês inteiro numa das avenidas mais movimentadas de Belo Horizonte (eu amo essa cidade!). A ilustração concorreu com 132 trabalhos de vários países e foi selecionada por um júri de 5 pessoas (dei a dica aqui, você aproveitou?).
Agora o desenho vai ser impresso em formato gigante (3,9 x 3,2 metros) para fazer os mineiros sorrirem quando passarem pela frente do prédio. Ah, e também soube que a minha querida ruiva Renata Rubim também foi selecionada. Que festa! Adorei!!
Água seca
Muito se fala que vai faltar água e os artistas da nata do mundo da arte vivem fazendo instalações enigmáticas para chamar atenção sobre o problema. Mas para mim, quem conseguiu comunicar a mensagem com louvor foi uma artesã nordestina (fui atrás das fontes, mas não consegui descobrir) que, em vez de fazer aqueles desenhos típicos de areia colorida dentro de garrafinhas, resolveu reproduzir garrafas de água mineral famosas.
A mensagem é clara; o que hoje é água, amanhã pode ser areia… ela sabe do que está falando, pois deve sofrer bastante com a seca.
Pena mesmo que não descobri o nome da artista, pois a ideia e a execução são excelentes. Tem um vídeo no Youtube que mostra o anúncio de uma ONG, mas mal dá para ler e não aparecem os créditos no final. Parece até aquelas propagandas fantasma que concorrem em Cannes para ganhar prêmio… Mesmo assim, clique aqui para assistir e ficar impressionado com o trabalho.
Achei no ótimo Mosca Branca.
O escorpião e o cisne
Ontem fui ver Bruna Sufirstinha, admito, por pura curiosidade, já que não li o livro (Doce veneno do escorpião) e nunca consegui entender o motivo de tanto sucesso (continuei não entendendo). A produção é bem feita e a história, bem contada. As cenas apelativas e até muito constrangedoras são bem colocadas para contextualizar a história. Deve ter sido bem difícil para a ariz.
Li que o roteiro tem partes fictícias e não segue totalmente o livro, mas pelo que entendi, os argumentos da Bruna para ter virado garota de programa são bem furados. Sinceramente, penso que cada um faz o que quer da própria vida sem dever explicações sobre suas escolhas — justificar o que não carece de justificativa raramente dá certo. Só que em vários momentos do filme, a protagonista deixa claro que escolheu essa vida porque queria liberdade. Mas liberdade submetendo seu corpo aos desejos e vontades de estranhos? Achei meio contraditório.
De qualquer forma, talvez porque ainda estivesse bem impactada pelo Cisne Negro, vislumbrei um paralelo entre as duas histórias, que no fundo, são a mesma. Mulheres que têm a auto-estima debaixo do pé e querem, mais que tudo, ser amadas e admiradas. Para isso, torturam seu próprio corpo, machucam-se e ferem-se para o deleite de outras pessoas, no mais das vezes, perfeitas estranhas, que nem se dão conta do quanto custa isso.
A Nina do Cisne Negro esgotou-se a ponto de enlouquecer. Será que quem assistiu ao espetáculo onde ela dá literalmente tudo de si, soube valorizá-lo à altura de tanta dedicação? Será que os primeiros clientes que infringiram sofrimento à adolescente tinham noção do que ela estava sentindo? E as atrizes, de ambos os papeis, que devem ter ficado exauridas e passando mal?
Bem, essas mulheres estavam em suas posições por livre e espontânea vontade e ninguém tem nada com isso. Mas penso que resolver essa questão da auto-estima faria bem para ambas as personagens (na verdade, para todas as mulheres), independente da profissão que escolheram para ganhar a vida.
Quem não se ama, acaba dando o que não tem e ficando com um vazio enorme no lugar. E, pelo que tenho visto, dói muito.
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