Essa é para o povo que vive reclamando que quem vê as propagandas brasileiras pensa que a gente vive na Noruega, tal a fartura de gente loira de olhos azuis e a ausência quase completa de morenice. Pois parece que essa doença “a grama do vizinho é sempre mais bonita” acomete os publicitários daqui também.
Calculem comigo: quantas vezes uma alemã precisa morrer e nascer de novo na Bahia para chegar numa cor dessas? Ainda mais considerando que o verão aqui às vezes cai na quarta-feira, o que dificulta muito trabalhar a melanina.
Olha, o pessoal reclama do uso indiscriminado do Photoshop, mas a H&M humilhou as branquelas com essa propaganda de biquínis, viu?
Tomara que não venda nada, só de birra…
Cleberson Sassi Passini
Pessoas gostam, do que não têm.
Adriana
Acho que este foi o pior texto seu que já li. Parece que você precisava escrever um post e não sabia do que falar. Ficou extremamente forçado, como quem se apega a uma ideia e não quer disperdiça-la.
Trabalho com propaganda e sempre ouvi os designers e diretores de arte de todos os lugares em que trabalhei, comentarem justamente este cuidado na hora de escolher fotografias de pessoas dos bancos de imagem e/ou modelos para serem fotografados. Em aula também é ensinado que a imagem física deve seguir o padrão brasileiro sempre que possível. E mesmo que eu não soubesse nada disso, nunca ouvi ninguém “viver reclamando” com relação ao assunto. Nem li nada sobre isso em lugar algum.
O trecho que fala da grama do vizinho ficou bem mal escrito também:
(…) essa doença “a grama do vizinho é sempre mais bonita”
Adoro o blog, mas acho que as vezes você tenta falar algo fenomenal e força uma barra incrível.
A propósito, defina “universo paralelo”.
Abs!
ligiafascioni
Oi, Adriana!
Que pena, a ideia não foi ofender ninguém, foi só uma brincadeira mesmo. Provavelmente você deve ser publicitária e por isso levou mais a sério. Mas essa questão de que a publicidade no Brasil só mostrava pessoas loiras foi fato sim (hoje em dia concordo com você que os profissionais estão muito mais cuidadosos com isso, mas nem sempre foi assim).
Essa orientação de seguir o padrão brasileiro é bastante recente, como você bem deve saber. Até o final do século passado, as pessoas morenas eram raridade na propaganda. Há inúmeros debates, principalmente no movimento negro, questionando os critéios usados para representar a família brasileira num comercial. Por isso, não afirmei que é assim hoje: repare que falei “para o povo que vive reclamando” e esse pessoal não é pouco não; se você der uma boa olhada no Google vai achar muita coisa, principalmente nos movimentos sociais ligados à raça negra.
Só para ter uma ideia, seguem alguns links bem interessantes que discutem o assunto (e reconhecendo que melhoramos muito, mas que nem sempre foi assim).
http://comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=15&id=148
http://brasiligual.blogspot.de/2008/11/propaganda-brasileira-onde-estamos-ns.html
http://www.portalaz.com.br/coluna/blimp/218183_negros_na_propaganda.html
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/rumores/article/viewFile/6573/5973
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2012/03/18/negro-na-propaganda-moro-436422.asp
http://www.dialogosuniversitarios.com.br/pagina.php?id=2539
http://www.razonypalabra.org.mx/N/N71/VARIA/28%20MACEDO_REVISADO.pdf
Ainda tem um montão de artigos, principalmente científicos, se você quiser saber mais a respeito.
Sobre universo paralelo, quis dizer que os profissionais (esterotipados, claro, já que estou brincando) vivem em outro universo, não esse que frequentamos todos os dias. Lá as pessoas são lindas (haja Photoshop), ricas, felizes, etc. Novamente, a intenção não foi ofender, foi só brincar mesmo. Lamento muito se a reação foi contrária à prevista.
Quanto à construção da frase, concordo plenamente com você, não ficou boa, mas não consegui fazer nada melhor. Sugestões são bem-vindas.
Por ora, obrigada por ter deixado seu comentário e mais uma vez lamento se o conteúdo a ofendeu de alguma maneira…
Abraços,
Walter Lencina
Ligia, também sou publicitário há muitos anos e concordo com o que você escreveu. E sei que muita gente reclama disso mesmo, você não escreveu nada que não seja real. Isso não acontece apenas na propaganda: as novelas no Brasil apenas dão um cala-boca com atores e figurantes negros, por exemplo, mas fartam os olhos da população com a loireza e brancura generalizada. Talvez seja parte do tal aspiracional, contra o qual eu também protesto – não porque seja deste ou daquele padrão, mas porque é tendencioso.
Quanto à sua resposta às críticas mais rudes, você é de uma elegância ímpar. E com a sua paciência, deveria trabalhar na Embaixada. Mas penso que tem gente com uma educação duvidosa que nem mereceria que você “disperdiçasse” seu precioso tempo explicando coisas que qualquer pessoa de bom senso e boa alma compreenderia. Enfim, ossos do seu ofício, eu acho.
Parabéns por este espaço cultural incrível, moça. É um deleite para os olhos e para o cérebro. ?
ligiafascioni
Hahahahah… muito obrigada!!
Ênio Padilha
Lígia, querida.
A moça talvez tenha razão. Este não é o melhor texto que você já escreveu. Com um pouco de má vontade dá até pra dizer que está entre os piores.
Mas… até os gols mais feios do Pelé eram golaços. E você é craque!
Seus piores textos ainda estão muito acima da média da maioria dos autores.
Fique tranquila. Prefiro mil vezes ver um filme ruim do Spielberg do que o melhor filme do Paul Weitz (diretor do American Pie)
Eu, de minha parte (como “pessoa de cor”, como se dizia lá na minha cidade) não tenho dúvidas de que você tem razão. Ainda hoje, na publicidade brasileira os negros não são representados de forma natural. Geralmente estão apenas cumprindo a cota do politicamente correto, quando muito.
É só olhar as propagandas de automóveis caros. Em quantas delas se vê uma família de negros?
Resumindo. Mesmo num texto que pode não ser considerado “dos melhores” você acertou em cheio. (e a réplica, então… melhor ainda!)
ligiafascioni
Adorei o “pessoa de cor”, Ênio! Nossa, há quanto tempo não ouvia isso (acho essa expressão mais que horrorosa, tipo “não sou racista, mas…”; pior que essa só o tal “mulatinho” – o povo adora usar diminutivos como se isso reduzisse o preconceito). Com certeza ainda existe muito racismo no nosso país, não há como negar e você deve saber disso muito melhor que eu.
Também acho que a Adriana deve ser nova e já começou a trabalhar nessa fase onde há uma preocupação maior com o politicamente correto.
Sobre o texto, se serve como consolo, o próximo será melhor (assim, espero, pois se continuar piorando, onde vamos parar, né? Eheheh).
Beijocas e obrigada pela visita e pelo feedback!
Jeff
Engraçado, cada cabeça, uma sentença, mesmo! Eu entendi o seu post, gostei e não acho o pior já feito. Acho que a Adriana é bem nova, talvez não tenha a referência das propagandas brasileiras mais antigas em que reinava a estética “nórdica”.Ouso em afirmar que aqui ainda impera esse padrão, ainda não chegou-se a um equilíbrio.
ligiafascioni
Oi, Jeff!
Pois é, a ideia era chamar atenção para a bizarrice da campanha da H&M (sério que ninguém achou estranho?) e o resultado foi completamente diferente do que imaginei.
Enfim, a cabeça do leitor é uma caixinha de surpresas, como saber? Ainda bem que pessoas como você, o Ênio e a Adriana são generosos o suficiente para deixar seus feedbacks; é o único jeito de saber como estou indo…
Abraços e volte sempre 🙂
Clotilde♥Fascioni
O comentário dela me passou a ideia que ela não sabe da onde vieram as fotos, ou seja da Alemanha pais de predominância branquíssima, dai a tua observação. Enfim, nem Jesus Cristo agradou a todos.
Luiz Andreto
Pois é Lígia, acho que a bizarrice não foi só na sua cabeça.
Veja manchete que saiu no site da Exame:
“A gigante de fast-fashion H&M se desculpou na última terça-feira por estampar uma modelo – Isabeli Fontana, no caso – extremamente bronzeada em uma campanha de roupas de banho.”
Bom, pelo menos chamaram a atenção…se bem que ainda prefiro a técnica da melancia na cabeça!
ligiafascioni
Ah, bom saber que não estou louca (sozinha)….ahahahahah
Obrigada, Luiz!
Ingrid
Adorei o post. Achei engraçadíssimo inclusive. Só achei que algumas pessoas que aqui comentaram não entenderam esse tipo de humor. Que pena.
E sim, eu trabalho com publicidade. Só não vamos levar tudo ao pé da letra gente.
Isabela Loeps
Estava na Alemanha semana passada e vi essa campanha por todos os cantos de Berlim. Eu que sou morena, me senti humilhada. Ainda mais pelo fato de que ultimamente é mais barato sair do Brasil e ir para a Alemanha do que passar férias na Bahia. Infelizmente!