Quando eu era pequena, fumar ainda estava na moda. Lembro que adorava desenhar pessoas e as mocinhas sempre estavam com um cigarro e aquela fumacinha sinuosa enfeitando a cena (claro, desenho não tem cheiro, né?). Meu pai fumava 4 carteiras por dia até a hora em que eu nasci; aí ele parou para nunca mais e não permitia que ninguém fumasse dentro da nossa casa. Se eu não fizer nada de bom nessa vida, já vai ter valido a pena ter nascido por isso, né?
Nessa época (idos dos anos 70 e 80), todo mundo fumava. As pessoas pareciam não ter o que fazer com as mãos se não tivessem ocupadas segurando o cancerígeno com o maior glamour possível. Era bossa fazer cara de preocupado, intelectual. Eu, como criança, ficava muito impressionada — só não fumei mesmo porque tenho uma napa muito sensível a cheiros e, vamos combinar, eita coisinha mais fedorenta…
Pois agora saí para almoçar e do meu lado da calçada tinha umas 6 pessoas caminhando. Eu juro pelos bigodes do Haroldo: estavam absolutamente TODAS falando ao celular. Do outro lado da rua tinha mais algumas, sem falar nas que estavam dentro dos carros. Gentem, será que as pessoas não sabem mais andar sem nada nas mãos? Precisam, por força da sua natureza, segurarem algum objeto para se sentirem à vontade, ou vivas, ou sei lá o quê?
Bom, alguém há de estudar esse fenômeno um dia desses (daqui a pouco aparece na capa da Superinteressante, é só esperar). Pelo menos, aparentemente, esse novo brinquedinho parece menos insalubre, o que já é alguma coisa…
João Lima Jr.
É uma grande verdade, já existe agora a Nomofobia que é uma doença que causa pânico e angústia por falta do celular e também segundo as estatísticas do Detran, o número de mortes no trânsito por pessoas falarem dirigindo estão encostando com o número de pessoas que morrem por causa de dirigirem alcoolizadas.
Alice Ribeiro
Minha história é bem parecida, meu pai também parou de fumar quando eu nasci. Também sou da mesma época que você, fumar era “tudo de bom”. Escapei, não fumo, mas o celular… esse vício adquiri, sem exageros, mas sinto falta dele. É aquela história: como é que nós conseguíamos viver sem celular antes?