24-05-07 Tem imagem que não chega a valer mil, mas um bom punhado de palavras, com certeza, vale. Nesse mundo babilônico, onde a gente tem que comunicar conceitos complexos em uma língua que a nossa mãe desconhece, só as imagens podem nos salvar.
É claro que se pode usar fotografias, ilustrações e até obras de arte para expressar sentimentos, idéias e mensagens, mas estou falando aqui da comunicação estruturada por meio de regras e convenções – mais especificamente aquelas que usam símbolos gráficos.
Convivo com essas facilidades há muitos anos, afinal, o que são circuitos elétricos e eletrônicos senão desenhos que representam idéias e conceitos? O mesmo vale para os fluxogramas que explicam como funcionam os softwares, os esquemas que emulam plantas fabris e suas máquinas automatizadas, aquele monte de favos de abelha que imperam na química orgânica, os gráficos em forma de pizza, dispersão, radar ou barras; os mapas estratégicos do Balanced Scorecard, as senóides do eletromagnetismo, os vetores da física, a pirâmide de Maslow, o triângulo semiótico, as teias que desenham redes de computadores. E o que seria da física quântica sem aquela figurinha dos elétrons orbitando em volta da esfera-núcleo?
Em comum, todas essas representações têm um altíssimo poder de síntese e nenhuma preocupação com a fidelidade a objetos reais; as cores, perspectivas e efeitos são dispensáveis nesse contexto. Apenas com o auxílio de formas geométricas simples, pontos e linhas, conseguimos entender e lidar com mundos abstratos, impenetráveis de outra maneira.
Um simples rabisco pode desencadear a centelha que faltava para que o conceito seja entendido e a linha de raciocínio, completada. Uma bolinha pode ser um mundo inteiro, um organismo complexo, um centro de gravidade, um ponto de conversão, uma pessoa importante, um nicho de mercado, ou só uma bolinha mesmo.
A despeito de algumas mensagens cifradas nessa linguagem gráfico-verbal precisarem de uma certa iniciação para serem completamente compreendidas, esse é certamente um dos mais poderosos instrumentos de comunicação concebidos pelos humanos.
Aprender a abstrair conceitos na forma de figuras é um talento desenvolvido com minúcias técnicas em qualquer curso de design gráfico, pois o domínio do lápis ainda é (e sempre será) fundamental na construção de marcas e identidades visuais. Mas outras áreas, como as exemplificadas antes, podem e devem usufruir dos benefícios desse recurso, às vezes tão subestimado. O cérebro humano é muito mais preparado para entender figuras (processamento direto e simultâneo) do que palavras (análise seqüencial).
Se a gente tivesse o hábito de exercitar mais a comunicação por desenhos, certamente poderíamos reduzir em muito os mal-entendidos tão comuns nas relações humanas, em especial nas fornecedor-cliente. Não por outro motivo fiquei tão encantada em conhecer o blog da americana Jessica Hagy. Lá não tem um único texto publicado, mas uma miríade de idéias e pensamentos representados por gráficos e esquemas. Um show de abstração em sua forma mais essencial.
Brincando um pouquinho de Jessica, preparei o resumo de como entendo o AcontecendoAqui em um rabisco simples, mas que pode servir de inspiração quando você estiver de bobeira com uma caneta na mão. Exercite-se e divirta-se!
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