Natal com keks e bolas de verdade

Nossa, a cidade está completamente coalhada de mercadinhos de natal. São feiras bem organizadas e cheias de coisas bonitas e gostosas. O visual é bem kitsch, mas combina perfeitamente com natal (natal é uma coisa kitsch por definição, né?).

O que eu mais gostei foi de descobrir que eles têm mais de 10 tipos de quentão (que aqui se chama Glühwein, que, não por acaso, quer dizer vinho incandescente). É sempre um vinho, claro (tem branco também) com mais alguma coisa, que pode ser uma fruta, rum ou licor. O clássico é como o nosso, com gengibre e cravo, bem parecido mesmo (delícia!), mas ontem experimentei um com vinho branco e licor de ovos que estava divino. Já andei olhando um com amaretto que também parece tentador; minha meta é experimentar todos antes do natal sem cair na rua e nem virar alcoólatra…eheheh… sério, o negócio esquenta que é uma beleza para esses dias mais geladinhos. De resto, muita salsicha (wurst) e comidinhas com cogumelos e batatas (adoro).

O bom é que, apesar de ter muitos acessórios de frio (luvas, bonés, echarpes, etc), o negócio não é um camelô gigante. A maior parte é artesanato mesmo e as estrelas da festa são as bolachas e os chocolates decorados; o capricho é tamanho que chega a ser uma forma de arte.

Mas de tudo, o que mais me surpreendeu é que hoje constatei que as árvores de natal são decoradas com bolas de verdade, daquelas de vidro espelhado bem fininho que minha mãe usava na decoração quando eu era criança. No Brasil, nunca vi árvore com bola de verdade assim na rua. Dá uns efeitos bem bacanas, vejam só.

A iluminação deixa tudo bem quentinho
Biscoito, em alemão, é keks (deve ser por causa do barulho que faz quando a gente morde um). Não é bem apropriado?
Repare na variedade e nos detalhes
Esse cenário fantástico parece até filme...
Tem até barraquinha com um lounge atrás; não é o máximo do luxo e do glamour?
Bolas e pinheiros de verdade
Fala sério, não é lindo?

Se quiser ver todas as fotos, clique aqui para ir ao Flickr.

Natal cor de abóbora

Cheguei em Berlin dia 25, às 4 e meia da tarde, e já era noite. Fiquei encantada com o clima e as luzes (que foram acesas bem no dia em que cheguei, exatamente um mês antes do natal). Nossa, como é que pode uma cidade mudar tanto de uma estação do ano para outra?

No verão a cidade é toda verdinha e o dia vai até às 10 da noite. Agora, estamos no outono e as folhas estão caindo o tempo todo; ficam lindas antes da queda, completamente alaranjadas (algumas são de um vermelho bem vivo) e às 3 e meia já começa a escurecer. Com bosques inteiros de folhas caindo na rua, o serviço de limpeza quase não dá conta de recolhê-las todas; dá gosto de ver o tapete.

São uns artistas

Já foi dada a largada para a maratona da volta, e vim para casa só para trocar as malas. Amanhã vou a Joinville , depois São Paulo e finalmente, na quinta, volto a Berlin. Por isso, pode ser que esse canto fique um pouquinho abandonado por esses dias.

Mas gente, vê se não é para a pessoa ficar com o coração na mão de deixar esses verdadeiros artistas cuidando da casa. O que vale é que os avós, que estão morrendo de saudades, vão mimar bastante esses fofinhos até março, quando volto para mais um mês de bastante trabalho.

Por ora, fiquem na luxuosa companhia desses charmosos rapazes…

O ruivão e o zoiudo

Está chegando a hora de partir (semana que vem) e o coração já está apertado de saudade dos bichanos. Vê se não são pura fofura o Haroldo (o ruivão) e o Otávio (o Zoiudo). O Heitor e o Horácio não estavam dando audiência hoje…

Vamos por partes

Recomendo “O amante detalhista”, de Alberto Manguel.

O livro conta a história de Anatole Vasanpeine, um solitário funcionário dos banhos públicos da cidade francesa de Poitier. Anatole é descrito desde o começo como uma figura sem graça ou ambição. Mas uma coisa ele tem de especial: em vez de olhar o todo, como a maioria das pessoas, tem um fascínio compulsivo pelas partes. Partes de tudo: paisagens, lugares, edificações.

Meus 4 amores

Coisa mais gostosa que tem é morar numa casa com gatos fofos. É o que mais estou sentindo falta lá em Berlin; cheguei, atravessei as cinzas do vulcão e já me acabei de afofar esses queridos lindos. Eles estão bem mimados pela avó e parece que nem perceberam que fui e voltei (que bom). O Otávio está cada dia mais gostosinho e folgado. Agora ele expulsa a pessoa do sofá para poder deitar no quentinho (abusado grau 10).

Festival das luzes

Todo ano, no mês de outubro, entre os dias 12 e 23, tem o Festival das Luzes em Berlin. Como volto ao Brasil amanhã (vou ficar um mês trabalhando), peguei só o comecinho, mas vai rolar um monte de coisas até o dia 23, quando acaba.

Durante esse período, vários pontos da cidade (mais de 80), recebem uma iluminação especial e Berlin, já naturalmente bela à noite, fica ainda mais bonita. Tem umas instalações interessantes, como uns bancos de praça fluorescentes que são bem legais. O tema desse ano é “Faces de Berlin” e eles montaram, na Potsdamer Platz, uma máscara gigante de gesso branco, onde foram projetadas várias faces na abertura e ficou show mesmo.

Ele chutou o pau da barraca 95 vezes…

Esse fim de semana teve um passeio da escola para conhecer a cidade de Wittenberg. Na verdade, a cidade se chama Lutherstadt Wittenberg, ou “Wittenberg, cidade de Lutero”.
Apesar de eu não ser nem um pouco ligada em assuntos religiosos, a impotância histórica desse lugar não é pequena não.

Wittenberg tinha um mosteiro onde Lutero estudava e o sujeito ficou muito p* da vida quando viu que a igreja católica aproveitou a invenção da prensa de Gutenberg para vender indulgências (ja falei sobre isso aqui). O negócio fez tanto sucesso que vendia como pão quentinho. Em vez de pecar e depois ter que confessar, fazer penitências e toda essa coisa chata para garantir um lugar no céu, bastava comprar esse papelzinho, que era uma espécie de salvo-conduto. Ou seja, quem era rico podia se esbaldar nas delícias pecaminosas do nosso mundinho recém chegado à era renascentista.

Mefisto adoraria saber

Agora me dei conta de que não contei uma curiosidade interessante sobre Leipzig. É que um dos moradores mais ilustres da cidade foi ninguém menos que o maior nome da literatura alemã, o célebre Johann Wolfgang von Goethe. Goethe morou na cidade entre 1765 e 1768, quando estudava direito.

Pelo visto, o célebre morador (que naquele tempo era um anônimo) passava muito tempo numa taberna subterrânea em uma rua do centro da cidade, tanto que a usou como cenário de seu poema épico mais famoso, Dr. Fausto.

Na verdade, Dr. Fausto é uma antiga lenda alemã muito usada como base alegórica de romances; mas foi Goethe que a tornou conhecida no mundo todo. O tal Dr. Fausto é um professor atormentado em busca do conhecimento; ambicioso, ele se dá conta de que não vai conseguir aprender tudo o que sonha. Eis que surge em cena o diabo, ou, nessa versão, Mefistófeles (Mefisto para os íntimos).