Já para o banho

Os turcos dominaram Budapeste por 150 anos e sacramentaram os banhos públicos na cidade. Mas os romanos já tinham começado com a coisa no começo da era Cristã quando perceberam que Budapeste era rica em águas termais.

Bom, fiz passeios guiados (um de ônibus e um de barco), além de ler alguns guias e pesquisar na Internet. As informações sobre o número de banhos na cidade varia tanto que não tenho nem ideia de quem está mais perto da verdade, mas é um monte. Os dois mais antigos ainda em operação são o Rudas, construído em 1550, e o Király (Rei, em húngaro), construído em 1565.

O mais famoso é o do Hotel Gellért, de 1835 (mas o hotel mesmo só foi inaugurado em 1918). Gellért é o nome do morro ao lado do hotel onde fica a cidadela e tem esse nome devido a um bispo que tentou catequisar o povo e foi jogado lá de cima por pagãos revoltados.

Aí tem um ranking a perder de vista com propagandas sobre o maior, o que tem mais piscinas, o que tem mais atrações, etc. Só consegui visitar dois banhos (além do SPA do hotel, mas aí não conta, pois é bem recente): o Király e o Gellért.

Bom, se as águas forem mesmo medicinais como dizem, estou garantida para o resto do ano, pois fiquei de molho bastante tempo, até os dedos murcharem.

O banho Király, por ser tão antigo e cheio de história, é o mais impressionante (o Rudas está em reforma). Ele é meio escondido e não tem sinalização para chegar lá; tive que pesquisar e andar muito. Na verdade, acho que desde o século XVI ele não sabe o que é uma reforminha básica, de maneira que se você é dessas pessoas que têm nojinho, esse não é o lugar para ir.

Mas a atmosfera é cinematográfica; a cúpula tem furos para que  a luz do dia entre e o lugar é todo enevoado por causa da água quente. Você paga (+/-  R$ 20,00 pela diária), recebe uma pulseirinha de plástico e vai para o vestiário. Suas coisas ficam trancadas na cabine onde você troca de roupa (me lembrei muito desse livro aqui).

Como esse banho é misto, as pessoas costumam usar roupa de banho (ou a que tiver na hora, no caso de algumas japonesas que lá estavam de shorts e camiseta). Então você toma uma chuveirada e passa por um tanque para limpar os pés antes de entrar no ambiente. Aí é só escolher: tem tanques de 23, 36 e 40 ºC, além da sauna e de uma jacuzzi (mais recente) para 5 pessoas.

Você sai de lá outra pessoa, muito mais preguiçosa, é só o que posso dizer….rsrsrs

Pela placa dá para ter uma ideia da idade do lugar...
Acesso ao salão principal
Cozinhando em fogo baixo...

No outro dia, já recuperada, fui ao Hotel Gellért (café da manhã com direito a espumante, a diária do banho e a sensação de ser ryka por apenas R$ 60,00; valeu cada centavo…rsrsrsrs).

Preciso dizer que o hotel já passou por seus momentos áureos e agora lembra muito Caldas da Imperatriz, mas está valendo. A arquitetura ainda impressiona e eles capricharam nas atrações: tem piscina com ondas, sauna, chuveiros diversos e os banhos (que aqui são separados por sexo). A maioria das mulheres, principalmente as mais novas, vão todas de biquíni ou maiô; já as senhoras mais velhas (em geral as em pior estado de conservação) gostam de desfilar peladonas mesmo, balançando bem as pelancas. Olha, vou dizer; não é uma visão das mais agradáveis não… ainda bem que tem os belíssimos mosaicos para distrair a vista…rsrsrsrs

Banho central do hotel Gellért (misto)
Sala dos banhos femininos
Chuveiros dos banhos femininos

E aí, ficou com vontade de air na água? Clique aqui e vá direto no Flickr ver mais fotos!

Para que não se percam mais Turings

Hoje aconteceu a Parada Gay aqui em Berlin, mais conhecida como Christopher-Street Day. O nome vem de uma rua de New York, onde, em 28 de junho de 1969, num bar chamado Stonewall, houve a primeira manifestação pública contra a homofobia. Com o tempo, vários países da Europa adotaram o final de junho para fazer a festa (o Brasil também).

Nesse ano, mais um motivo chama atenção para o fato: hoje é também o aniversário do nascimento de Alan Turing, precursor da informática e um dos maiores gênios matemáticos que a Inglaterra já produziu. Todo mundo que trabalha com informática já ouviu falar da Máquina de Turing, um protótipo de um dos primeiros computadores. Alan inventou o conceito de algoritmo e, além disso, era filósofo. Durante a Segunda Guerra Mundial ajudou os militares a decifrar os códigos criptografados dos nazistas com a máquina criada por ele chamada Enigma.

Carnaval das culturas

Pois é, já tinha contado aqui que em fevereiro não rola carnaval de rua como a gente conhece no Brasil (no auge do inverno, não tem nem como pensar numa coisa dessas). Mas isso não quer dizer que o povo não festeje. Em Berlin, toda primavera acontece o Karneval der Kulturen, uma festa gigante que dura 4 dias.

O evento é organizado no bairro de Kreuzberg, tradicionalmente reduto de imigrantes de várias partes do mundo. A ideia é juntar todas as culturas numa festa de rua, com direito a comidas típicas, muita música, manifestações artísticas e gente bonita e animada. Boa parte do bairro é tomada pela manifestação; há barraquinhas, danças, teatro de rua e muitos palcos.

Escolha sua planta

Hoje fomos conhecer o Botanischer Garten (realmente não dá para dizer que essa cidade não tem o que fazer). O lugar é lindo e florido, como era de se esperar, e o conjunto de estufas é enorme. Eles também apresentam concertos no local, o que só faz tudo ficar muito mais interessante.

Mas a brincadeira da vez é o nome científico das plantas; olha, não conheço nenhum botânico, mas eles parecem ser sujeitos muito bem humorados. Obviamente, os mais engraçadinhos são os brasileiros, como não podia deixar de ser (os nomes que eles escolhem são ótimos!).

Sopinha de letras para amantes da tipografia

Hoje fiz uma coisa que estava na minha lista (que só faz crescer) há tempos: fui visitar o Buchstabenmuseum, ou, em bom português, o Museu das Letras. A ideia surgiu em 2005, quando duas apaixonadas por tipografia, Barbara Dechant e Anja Schulze, resolveram montar uma organização sem fins lucrativos para expor a incipiente coleção de letreiros e pesquisar mais sobre essa fascinante arte de escrever e sinalizar em letras grandes e tridimensionais. Em 2008 elas inauguraram o espaço, que já trocou de endereço duas vezes. As moças estão se organizando para conseguir um lugar maior e mostrar o acervo cada vez mais rico e variado.

Comida estampadinha

Sou admiradora declarada de comida e de fotografia de comida (veja aqui o ótimo blog do Michel Téo Sin, meu fotógrafo preferido), mas a fotógrafa americana Sandy Skoglund matou a pau com esse trabalho. Ela usa alimentos, pratos e toalhas de mesa para criar texturas e padronagens incríveis; nossa, fiquei encantada com os olhos dessa mulher, que além de historiadora de arte, estudou cinema, gravura e arte multimídia em 1969, olha só!

Calçada fashion

Uma das coisas mais pitorescas aqui em Berlin é o fascínio que esse povo tem por coisas usadas; as pessoas não são desesperadamente consumistas e valorizam bastante os objetos que têm histórias para contar.

Bom, está certo que as calçadas largas são tudo na vida de uma cidade que respira arte e hoje o dia estava particularmente ensolarado e inspirador. Mas vê se não dá vontade de ter uma lojinha assim no seu bairro…