Alguém me explica?

Quando eu fazia engenharia, o único curso do centro tecnológico onde as mulheres dominavam o pedaço era a arquitetura. Então, queridas, alguma de vocês pode me explicar por que é que em todos os edifícios de uso comum, sejam escritórios, academias, cinemas, escolas, teatros, museus, restaurantes, bibliotecas, aeroportos, rodoviárias, enfim, todos os lugares em que se possa pensar, o projeto é sempre feito de maneira que o número de banheiros masculinos seja exatamente igual ao de banheiros femininos?

Nem todos os edifícios são simétricos, então não vale essa desculpa (que é bem fraquinha, vamos combinar).

Sinceramente, não dá para entender mesmo. Se fossem os homens que fizessem os projetos (desde que eles não tivessem esposas, namoradas, amigas e nem irmãs para esperar na porta), ainda seria mais ou menos compreensível.

Mas qualquer mulher, arquiteta ou não, sabe muito bem, por métodos científicos ou empíricos, que mulher vai muito mais ao banheiro e quando vai demora mais também. O resultado é que a qualquer hora do dia ou da noite, sempre tem uma fila enorme de meninas apertadinhas esperando a vez.

Deixo aqui a pergunta: por que você não fazem nada, moças da arquitetura?

Ilustração: Roberto Longo

Retroreciclagem: um novo tipo de arte?

O leitor Marcelo Alves mandou uma sugestão de post bem bacana. Eu já tinha visto em um blog gringo (que agora não me lembro mais qual é) e achei muito interessante, mas na correria em que estou, acabei não postando nada. Aí vem o moço chamando atenção para o mesmo tema; agora vai, porque vale a pena mesmo.

Estou falando do trabalho do publicitário Bruno Honda Leite. Ele pega qualquer embalagem de qualquer produto e transforma o negócio em arte usando só canetinhas de escrever em CDs (antigamente se escrevia em transparências para retroprojetores). Por causa disso, Bruno deu o nome da arte que ele inventou de retroreciclagem (retro, no caso, é o tipo da caneta que ele usa).

Agora vai

Eu sempre amei bibliotecas. Aliás, biblioteca para mim é um lugar sagrado; toda vez que entro numa fico pensando em quantas vidas foram dedicadas a produzir todo aquele conhecimento. Minha concentração aumenta bastante e fico muito mais produtiva (ainda mais se não tiver internet na mesa). Pois fui procurar as bibliotecas em Berlin e escolhi a da Universidade Alexander von Humboldt (não ia deixar por menos, né?).

Para se ter uma ideia do naipe dos professores e alunos, Einstein dava aulas lá, Marx Plank estudou e mais uma meia dúzia de Prêmios Nobel frequentou e pesquisou. Mais inspiração do que isso, impossível.

E por falar em kitsch…

Está chegando o natal e, mais uma vez, o que se vê por todo o lado é uma overdose de kitsch.

Beleza, mas o que vem a ser esse tal de kitsch mesmo?

Vamos lá: alguns livros sugerem que a palavra kitsch nasceu, vejam só, em Munique, Alemanha, para designar trabalhos artísticos apressados e mal feitos, próprios da cultura de massa. Outras fontes, porém, defendem que o termo veio da Áustria, onde as pessoas (as chiques, é claro) usavam-no como uma gíria para designar objetos de mau gosto. O fato é que a expressão data da revolução industrial, entre os séculos XIX e XX, onde os bens de consumo começaram a ser fabricados em escala industrial (e, obviamente, mal feitos, a julgar pela tecnologia disponível naquele tempo).

É que foi somente nessa época que plebeus puderam ter acesso a coisinhas que antes só os nobres e burgueses ricos podiam colecionar. É claro que a qualidade e o acabamento dos mimos eram discutíveis, mas, para quem antes não tinha nada, foi uma festa. Data daí o início do consumismo desenfreado, um furor que culminou no que hoje se observa em lojinhas de R$ 1,99 (não, por acaso, verdadeiros templos do kitsch).

Natal com keks e bolas de verdade

Nossa, a cidade está completamente coalhada de mercadinhos de natal. São feiras bem organizadas e cheias de coisas bonitas e gostosas. O visual é bem kitsch, mas combina perfeitamente com natal (natal é uma coisa kitsch por definição, né?).

O que eu mais gostei foi de descobrir que eles têm mais de 10 tipos de quentão (que aqui se chama Glühwein, que, não por acaso, quer dizer vinho quente). É sempre um vinho, claro (tem branco também) com mais alguma coisa, que pode ser uma fruta, rum ou licor. O clássico é como o nosso, com gengibre e cravo, bem parecido mesmo (delícia!), mas ontem experimentei um com vinho branco e licor de ovos que estava divino. Já andei olhando um com amaretto que também parece tentador; minha meta é experimentar todos antes do natal sem cair na rua e nem virar alcoólatra…eheheh… sério, o negócio esquenta que é uma beleza para esses dias mais geladinhos. De resto, muita salsicha (wurst) e comidinhas com cogumelos e batatas (adoro).

Benchmarking de aeroporto

Pois é, preciso confessar que sou uma mulher que viaja às custas das milhas do marido (claro que tinha que ter um truque né? Ou vocês achavam que eu era rica para poder ficar indo e voltando de Berlin na maior moleza? Eeheheh..).

Pois é, dessa vez as milhas disponíveis eram da Air France e a passagem que consegui era uma operação conjunta com a Alitalia. Então entrei na Europa por Roma, depois fui a Amsterdam e só depois para Berlin. Graças às minhas fervorosas preces à Nossa Senhora das Bagagens Extraviadas, minha mala chegou junto comigo, contra todas as expectativas.

São uns artistas

Já foi dada a largada para a maratona da volta, e vim para casa só para trocar as malas. Amanhã vou a Joinville , depois São Paulo e finalmente, na quinta, volto a Berlin. Por isso, pode ser que esse canto fique um pouquinho abandonado por esses dias.

Mas gente, vê se não é para a pessoa ficar com o coração na mão de deixar esses verdadeiros artistas cuidando da casa. O que vale é que os avós, que estão morrendo de saudades, vão mimar bastante esses fofinhos até março, quando volto para mais um mês de bastante trabalho.

Por ora, fiquem na luxuosa companhia desses charmosos rapazes…

Festival das luzes

Todo ano, no mês de outubro, entre os dias 12 e 23, tem o Festival das Luzes em Berlin. Como volto ao Brasil amanhã (vou ficar um mês trabalhando), peguei só o comecinho, mas vai rolar um monte de coisas até o dia 23, quando acaba.

Durante esse período, vários pontos da cidade (mais de 80), recebem uma iluminação especial e Berlin, já naturalmente bela à noite, fica ainda mais bonita. Tem umas instalações interessantes, como uns bancos de praça fluorescentes que são bem legais. O tema desse ano é “Faces de Berlin” e eles montaram, na Potsdamer Platz, uma máscara gigante de gesso branco, onde foram projetadas várias faces na abertura e ficou show mesmo.